Por Paulo Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:
Mino Carta escreveu, em seu editorial na última edição da CartaCapital, que o governo deveria tratar a mídia como um partido de oposição.
O mesmo ponto fora defendido, dias antes, pelo escritor Emir Sader.
Não sei exatamente o que isto significaria na vida prática. Um corte substancial no bilionário Mensalão da publicidade oficial posta nas grandes empresas jornalísticas, provavelmente.
Um olhar mais rigoroso para empréstimos a juros maternos do BNDES para essas mesmas companhias, também.
Considere.
Em 2011, o BNDES liberou um empréstimo de pouco menos de 30 milhões de reais para que a Abril reformasse sua TI no departamento de Assinaturas.
Faz sentido?
Quando se lê, hoje, que os Civitas despejaram 450 milhões de reais na Abril para mantê-la de pé fica claro que não.
A família tinha e tem recursos para não recorrer ao dinheiro público de um banco mantido pelos contribuintes.
Isso foi no governo Dilma.
Na era FHC, o BNDES financiou a nova – e pateticamente inútil – gráfica da Globo. (A Globo não enxergou a internet.)
De novo: fazia sentido?
Veja a riqueza pessoal dos Marinhos para chegar a uma rápida resposta. Não, não e ainda não.
Um parêntese. Em editoriais vigorosos, jornais e revistas reclamam sempre cortes de gastos do governo. Alguém já viu um único editorial condenando as despesas bilionárias com propaganda?
O mesmo vale para o BNDES. São denunciados com frequência brutal empréstimos que teriam propósitos mais políticos do que qualquer outra coisa.
Mas e os empréstimos para empresas de jornalísticos cujos donos estão entre as pessoas mais ricas do país? Por que eles não investem seu próprio dinheiro em novos empreendimentos?
Isto é capitalismo: arriscar. A Globo apostou obtusamente no aumento das circulações quando a internet já se avizinhava. Mas quem pagou o preço do erro não foi a empresa. Fomos nós, o povo.
É coisa do Brasil.
Cerca de 25 anos atrás, Murdoch enxergou uma oportunidade da tevê por satélite. Era um investimento altíssimo, e ele teve que recorrer a empréstimos – mas de bancos particulares.
Quase quebrou, porque foi uma aposta fora de hora. Para que sua companhia não entrasse em colapso, Murdoch foi obrigado, sob pressão dos credores, a se associar a um rival na tevê por satélites. Só há pouco tempo, muitos anos depois, ele teve recursos suficientes para comprar a parte que teve que vender.
A isso se dá o nome de capitalismo. De verdade. Não o capitalismo de araque que existe no Brasil e do qual desfrutam, esplendidamente, as empresas de jornalismo.
Eu acrescentaria o seguinte: rever a publicidade oficial e os empréstimos (doações) de bancos públicos deveria ter sido prioridade no governo PT. Em nome da decência, da transparência e, por que não, até de um capitalismo moderno.
Meu ponto é: o governo não precisa tratar a imprensa como um partido de oposição, embora ela se comporte como tal.
Basta tratá-la sem os privilégios vergonhosos, sem as mamatas abjetas que parece impossível derrubar.
Mino Carta escreveu, em seu editorial na última edição da CartaCapital, que o governo deveria tratar a mídia como um partido de oposição.
O mesmo ponto fora defendido, dias antes, pelo escritor Emir Sader.
Não sei exatamente o que isto significaria na vida prática. Um corte substancial no bilionário Mensalão da publicidade oficial posta nas grandes empresas jornalísticas, provavelmente.
Um olhar mais rigoroso para empréstimos a juros maternos do BNDES para essas mesmas companhias, também.
Considere.
Em 2011, o BNDES liberou um empréstimo de pouco menos de 30 milhões de reais para que a Abril reformasse sua TI no departamento de Assinaturas.
Faz sentido?
Quando se lê, hoje, que os Civitas despejaram 450 milhões de reais na Abril para mantê-la de pé fica claro que não.
A família tinha e tem recursos para não recorrer ao dinheiro público de um banco mantido pelos contribuintes.
Isso foi no governo Dilma.
Na era FHC, o BNDES financiou a nova – e pateticamente inútil – gráfica da Globo. (A Globo não enxergou a internet.)
De novo: fazia sentido?
Veja a riqueza pessoal dos Marinhos para chegar a uma rápida resposta. Não, não e ainda não.
Um parêntese. Em editoriais vigorosos, jornais e revistas reclamam sempre cortes de gastos do governo. Alguém já viu um único editorial condenando as despesas bilionárias com propaganda?
O mesmo vale para o BNDES. São denunciados com frequência brutal empréstimos que teriam propósitos mais políticos do que qualquer outra coisa.
Mas e os empréstimos para empresas de jornalísticos cujos donos estão entre as pessoas mais ricas do país? Por que eles não investem seu próprio dinheiro em novos empreendimentos?
Isto é capitalismo: arriscar. A Globo apostou obtusamente no aumento das circulações quando a internet já se avizinhava. Mas quem pagou o preço do erro não foi a empresa. Fomos nós, o povo.
É coisa do Brasil.
Cerca de 25 anos atrás, Murdoch enxergou uma oportunidade da tevê por satélite. Era um investimento altíssimo, e ele teve que recorrer a empréstimos – mas de bancos particulares.
Quase quebrou, porque foi uma aposta fora de hora. Para que sua companhia não entrasse em colapso, Murdoch foi obrigado, sob pressão dos credores, a se associar a um rival na tevê por satélites. Só há pouco tempo, muitos anos depois, ele teve recursos suficientes para comprar a parte que teve que vender.
A isso se dá o nome de capitalismo. De verdade. Não o capitalismo de araque que existe no Brasil e do qual desfrutam, esplendidamente, as empresas de jornalismo.
Eu acrescentaria o seguinte: rever a publicidade oficial e os empréstimos (doações) de bancos públicos deveria ter sido prioridade no governo PT. Em nome da decência, da transparência e, por que não, até de um capitalismo moderno.
Meu ponto é: o governo não precisa tratar a imprensa como um partido de oposição, embora ela se comporte como tal.
Basta tratá-la sem os privilégios vergonhosos, sem as mamatas abjetas que parece impossível derrubar.
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