Por Rodrigo Vianna, no blog Escrevinhador:
Todo brasileiro medianamente informado sabe que a Lava-Jato (além de atuar só de um lado, poupando sempre o PSDB) é um festival de vazamentos. Vazam depoimentos, vazam delações e documentos sigilosos… Em geral, vazam para as mãos de aliados dos tucanos na mídia: Veja, Estadão, Globo, Folha.
Quando um documento sigiloso chega à imprensa, ressalte-se, o crime não é do jornalista que o divulga, mas da autoridade que vaza. E o Ministério Público e a Polícia Federal jamais se preocuparam com isso.
Um advogado, que atua em Curitiba e vê os direitos serem solapados pela turma de Moro semana após semana, disse a este blogueiro, sob garantia de anonimato:
“O vazamento é uma patologia usada de forma deslavada (sem trocadilhos) pelo povo de Curitiba; só no Ministério da Justiça existe uma dezena de representações contra delegados e promotores sobre vazamentos; um procurador chegou a dizer que os vazamentos seriam parte estratégica fundamental de sua atuação, mas negou ter responsabilidade direta, para logo afirmar – ‘se a assessoria do MPF faz isso, eu não posso dizer'”.
Na nova fase da Lava-Jato, um show midiático concebido para sequestrar Lula e ajudar o PSDB, os procuradores pela primeira vez passaram a dar destaque para o fato de que dados sobre a operação teriam vazado e que, por isso, documentos e provas teriam sido destruídos.
Isso não é apenas uma desculpa para justificar porque se encontrará quase nada contra Lula nas buscas. Há bem mais que isso em jogo.
Reparem:
- na sexta-feira, com a operação ilegal ainda em curso (clique aqui e veja o que um jurista da PUC e um ministro do STF disseram sobre a ação inconstitucional de Moro contra Lula), um dos responsáveis pela Lava-Jato deu entrevista coletiva e, engenhosamente, falou várias vezes sobre os tais “vazamentos”;
- instantes depois, a GloboNews já entrevistava ao vivo advogados para falar se os responsáveis por vazamentos poderiam ser punidos;
- sábado pela manhã, o jornal golpista O Globo trazia uma reportagem “repercutindo” esse fato, e apontando o blogueiro Eduardo Guimarães como autor de um texto que teria alertado Lula e outros investigados sobre a Operação;
- sábado à noite, o telejornal JN levava ao ar uma reportagem sobre a Lava-Jato; e o tema central era justamente os tais vazamentos;
- alguns instantes depois, o mesmo tema já era manchete principal do site Globo.com. Com a informação importante: na última quarta (dois dias antes da Operação contra Lula) a PF já abrira investigação para tratar desse caso.
Está claro o que temos aqui: uma tabelinha, mais uma, entre Globo e os procuradores/delegados da Lava-Jato (muitos dos quais fizeram campanha aberta por Aécio Neves na eleição de 2014).
Recapitulemos: o procurador fala na coletiva, a Globo repercute, a Polícia Federal abre inquérito. E assim cria-se uma narrativa.
Qual narrativa?
Eduardo Guimarães, um blogueiro tratado pela Globo como parceiro de Lula, como se isso fosse em si suspeito (a Veja pode ser parceira de Aécio? e a Globo pode ser parceira do golpe?), teria cometido o “crime” de vazar dados sobre a Operação.
Ora, o que Eduardo Guimarães fez foi denunciar a existência de uma operação da PF para atacar Lula. E mais grave: segundo a fonte que ofereceu a informação ao blogueiro, essa operação seria de conhecimento prévio dos grupos de mídia ligados ao PSDB. Eduardo teve a informação, e publicou – clique aqui para saber mais.
Aqui no Escrevinhador, preferi não publicar a informação, porque não conhecia detalhes da apuração e temi que pudesse ser uma armadilha. Mas escrevi um e-mail ao Eduardo, dizendo que seria importante denunciar o caso para instâncias superiores do Ministério Público (CNMP), e que parlamentares do PT poderiam ajudar a encaminhar a denúncia.
Afinal, confirmada a informação, tratava-se de saber por que a mídia ligada aos tucanos teria acesso previamente a ações da Lava-Jato contra o PT. Mas, numa completa inversão dos fatos, vejam o que diz agora o procurador Carlos Fernando de Lima para os sites Globo.com e G1, ambos ligados ao PSDB:
“Esses vazamentos prejudicam, provas são destruídas e todos aqueles que tiverem atividade de obstrução à Justiça serão presos e processados.”
Reparem só: “presos e processados”. Nessa ordem.
Não estranhem, portanto, se nos próximos dias o japonês da federal mostrar as garras contra blogueiros e, de novo, contra assessores de Lula no Instituto.
Qual seriam os objetivos dessa nova ação?
1. A Lava-Jato prenderia alguém bem próximo a Lula, acusado de destruir provas (quais provas? Sabe-se lá… Moro não dá bola para isso); 2. tiraria o foco da ação ilegal de Moro na última sexta; 3. abriria, de quebra, uma linha específica para investigar blogueiros sob a vara de Moro.
Os blogueiros que incomodam a família Marinho, que investigam a mansão de Paraty, e que desde 2006 oferecem contraponto informativo ao império global… esses blogueiros poderiam ser investigados pela Operação que, hoje, é uma ameaça real à Democracia e à paz social no Brasil.
Eduardo Guimarães, que não é jornalista formado mas atua de fato como jornalista em seu blog (até porque o STF decidiu acabar com a regulamentação da profissão), seria acusado agora de “vazar informação”?
No país dos vazamentos seletivos, Eduardo seria a vítima da vez na campanha midiática para estrangular a esquerda? Sim, essa é a narrativa que a Globo pretende criar…
Ora, mas e o rapaz da revista Época, Diego Escosteguy, que algumas horas antes da operação já publicava tuítes comemorando a ação da PF contra Lula? E a turma da Folha e da Globo que chegou antes da PF aos locais das diligências? E os jornalistas da Istoé, Veja, Época que toda semana vazam informação sigilosa?
Esses não serão incomodados. E nem deveriam, porque não cometeram de fato crime. Escosteguy, aparentemente, é apenas um boçal, não um criminoso.
Quem cometeu crime foram operadores da Lava-Jato que quebraram o sigilo de dezenas de operações, quase sempre com intuito político, rasgando direitos de investigados para favorecer sabe-se lá que interesses no Brasil e fora do Brasil.
A Lava-Jato prepara-se agora para abrir guerra contra os blogueiros.
Se isso se confirmar (e todos os indícios são de que Eduardo Guimarães, no mínimo, será intimidado pelos gigantes da Globo, com aval do MPF e de Moro), a polícia política de Moro avançaria mais alguns graus.
Sou repórter. Já investiguei tucanos, malufistas, peemedebistas e também petistas – mesmo tendo votado no PT a maior parte das vezes, desde 1988. Só não investiguei também o Serra em 2006 porque fui impedido pela ação de Ali Kamel – chefe na Globo que bloqueou qualquer investigação contra os tucanos na reta final da eleição.
Jornalista há 27 anos, denuncio: a Globo e a Lava-Jato unem-se para atacar aqueles que oferecem uma voz de comunicação alternativa, nesse país dominado por uma máfia midiática.
Ou a Justiça brasileira investiga as empresas de fachada associadas à família Marinho, investiga Aécio e FHC, ou então não tem moral para investigar só um dos lados!
Ou o Supremo barra os excessos de Curitiba, ou entraremos no terreno do imponderável!
Moro, Aécio e os Marinho da Globo são os responsáveis pelo clima de ódio que ameaça se espalhar pelo país.
O ato da próxima segunda-feira, em São Paulo, convocado para denunciar a tentativa da Globo de calar blogueiros, deve-se transformar em algo maior: na denúncia de uma tabelinha da Globo com a Justiça, com objetivo de calar as vozes dissonantes.
Está claro que Moro e os procuradores/delegados da Lava-Jato devem ser tratados como líderes de um partido conservador, e que age muitas vezes de forma ilegal e arbitrária, colocando a democracia em risco.
Vamos resistir!
Nas ruas e nas redes, com todas as ferramentas e armas ao nosso alcance.
Todo brasileiro medianamente informado sabe que a Lava-Jato (além de atuar só de um lado, poupando sempre o PSDB) é um festival de vazamentos. Vazam depoimentos, vazam delações e documentos sigilosos… Em geral, vazam para as mãos de aliados dos tucanos na mídia: Veja, Estadão, Globo, Folha.
Quando um documento sigiloso chega à imprensa, ressalte-se, o crime não é do jornalista que o divulga, mas da autoridade que vaza. E o Ministério Público e a Polícia Federal jamais se preocuparam com isso.
Um advogado, que atua em Curitiba e vê os direitos serem solapados pela turma de Moro semana após semana, disse a este blogueiro, sob garantia de anonimato:
“O vazamento é uma patologia usada de forma deslavada (sem trocadilhos) pelo povo de Curitiba; só no Ministério da Justiça existe uma dezena de representações contra delegados e promotores sobre vazamentos; um procurador chegou a dizer que os vazamentos seriam parte estratégica fundamental de sua atuação, mas negou ter responsabilidade direta, para logo afirmar – ‘se a assessoria do MPF faz isso, eu não posso dizer'”.
Na nova fase da Lava-Jato, um show midiático concebido para sequestrar Lula e ajudar o PSDB, os procuradores pela primeira vez passaram a dar destaque para o fato de que dados sobre a operação teriam vazado e que, por isso, documentos e provas teriam sido destruídos.
Isso não é apenas uma desculpa para justificar porque se encontrará quase nada contra Lula nas buscas. Há bem mais que isso em jogo.
Reparem:
- na sexta-feira, com a operação ilegal ainda em curso (clique aqui e veja o que um jurista da PUC e um ministro do STF disseram sobre a ação inconstitucional de Moro contra Lula), um dos responsáveis pela Lava-Jato deu entrevista coletiva e, engenhosamente, falou várias vezes sobre os tais “vazamentos”;
- instantes depois, a GloboNews já entrevistava ao vivo advogados para falar se os responsáveis por vazamentos poderiam ser punidos;
- sábado pela manhã, o jornal golpista O Globo trazia uma reportagem “repercutindo” esse fato, e apontando o blogueiro Eduardo Guimarães como autor de um texto que teria alertado Lula e outros investigados sobre a Operação;
- sábado à noite, o telejornal JN levava ao ar uma reportagem sobre a Lava-Jato; e o tema central era justamente os tais vazamentos;
- alguns instantes depois, o mesmo tema já era manchete principal do site Globo.com. Com a informação importante: na última quarta (dois dias antes da Operação contra Lula) a PF já abrira investigação para tratar desse caso.
Está claro o que temos aqui: uma tabelinha, mais uma, entre Globo e os procuradores/delegados da Lava-Jato (muitos dos quais fizeram campanha aberta por Aécio Neves na eleição de 2014).
Recapitulemos: o procurador fala na coletiva, a Globo repercute, a Polícia Federal abre inquérito. E assim cria-se uma narrativa.
Qual narrativa?
Eduardo Guimarães, um blogueiro tratado pela Globo como parceiro de Lula, como se isso fosse em si suspeito (a Veja pode ser parceira de Aécio? e a Globo pode ser parceira do golpe?), teria cometido o “crime” de vazar dados sobre a Operação.
Ora, o que Eduardo Guimarães fez foi denunciar a existência de uma operação da PF para atacar Lula. E mais grave: segundo a fonte que ofereceu a informação ao blogueiro, essa operação seria de conhecimento prévio dos grupos de mídia ligados ao PSDB. Eduardo teve a informação, e publicou – clique aqui para saber mais.
Aqui no Escrevinhador, preferi não publicar a informação, porque não conhecia detalhes da apuração e temi que pudesse ser uma armadilha. Mas escrevi um e-mail ao Eduardo, dizendo que seria importante denunciar o caso para instâncias superiores do Ministério Público (CNMP), e que parlamentares do PT poderiam ajudar a encaminhar a denúncia.
Afinal, confirmada a informação, tratava-se de saber por que a mídia ligada aos tucanos teria acesso previamente a ações da Lava-Jato contra o PT. Mas, numa completa inversão dos fatos, vejam o que diz agora o procurador Carlos Fernando de Lima para os sites Globo.com e G1, ambos ligados ao PSDB:
“Esses vazamentos prejudicam, provas são destruídas e todos aqueles que tiverem atividade de obstrução à Justiça serão presos e processados.”
Reparem só: “presos e processados”. Nessa ordem.
Não estranhem, portanto, se nos próximos dias o japonês da federal mostrar as garras contra blogueiros e, de novo, contra assessores de Lula no Instituto.
Qual seriam os objetivos dessa nova ação?
1. A Lava-Jato prenderia alguém bem próximo a Lula, acusado de destruir provas (quais provas? Sabe-se lá… Moro não dá bola para isso); 2. tiraria o foco da ação ilegal de Moro na última sexta; 3. abriria, de quebra, uma linha específica para investigar blogueiros sob a vara de Moro.
Os blogueiros que incomodam a família Marinho, que investigam a mansão de Paraty, e que desde 2006 oferecem contraponto informativo ao império global… esses blogueiros poderiam ser investigados pela Operação que, hoje, é uma ameaça real à Democracia e à paz social no Brasil.
Eduardo Guimarães, que não é jornalista formado mas atua de fato como jornalista em seu blog (até porque o STF decidiu acabar com a regulamentação da profissão), seria acusado agora de “vazar informação”?
No país dos vazamentos seletivos, Eduardo seria a vítima da vez na campanha midiática para estrangular a esquerda? Sim, essa é a narrativa que a Globo pretende criar…
Ora, mas e o rapaz da revista Época, Diego Escosteguy, que algumas horas antes da operação já publicava tuítes comemorando a ação da PF contra Lula? E a turma da Folha e da Globo que chegou antes da PF aos locais das diligências? E os jornalistas da Istoé, Veja, Época que toda semana vazam informação sigilosa?
Esses não serão incomodados. E nem deveriam, porque não cometeram de fato crime. Escosteguy, aparentemente, é apenas um boçal, não um criminoso.
Quem cometeu crime foram operadores da Lava-Jato que quebraram o sigilo de dezenas de operações, quase sempre com intuito político, rasgando direitos de investigados para favorecer sabe-se lá que interesses no Brasil e fora do Brasil.
A Lava-Jato prepara-se agora para abrir guerra contra os blogueiros.
Se isso se confirmar (e todos os indícios são de que Eduardo Guimarães, no mínimo, será intimidado pelos gigantes da Globo, com aval do MPF e de Moro), a polícia política de Moro avançaria mais alguns graus.
Sou repórter. Já investiguei tucanos, malufistas, peemedebistas e também petistas – mesmo tendo votado no PT a maior parte das vezes, desde 1988. Só não investiguei também o Serra em 2006 porque fui impedido pela ação de Ali Kamel – chefe na Globo que bloqueou qualquer investigação contra os tucanos na reta final da eleição.
Jornalista há 27 anos, denuncio: a Globo e a Lava-Jato unem-se para atacar aqueles que oferecem uma voz de comunicação alternativa, nesse país dominado por uma máfia midiática.
Ou a Justiça brasileira investiga as empresas de fachada associadas à família Marinho, investiga Aécio e FHC, ou então não tem moral para investigar só um dos lados!
Ou o Supremo barra os excessos de Curitiba, ou entraremos no terreno do imponderável!
Moro, Aécio e os Marinho da Globo são os responsáveis pelo clima de ódio que ameaça se espalhar pelo país.
O ato da próxima segunda-feira, em São Paulo, convocado para denunciar a tentativa da Globo de calar blogueiros, deve-se transformar em algo maior: na denúncia de uma tabelinha da Globo com a Justiça, com objetivo de calar as vozes dissonantes.
Está claro que Moro e os procuradores/delegados da Lava-Jato devem ser tratados como líderes de um partido conservador, e que age muitas vezes de forma ilegal e arbitrária, colocando a democracia em risco.
Vamos resistir!
Nas ruas e nas redes, com todas as ferramentas e armas ao nosso alcance.
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