Foto: Juca Varella/Agência Brasil |
A presença de público surpreendeu. Lá estavam sindicalistas, petistas de carteirinha mas também eleitores que não votam necessariamente no PT mas já perceberam que há algo de errado com a campanha difamatória a que o ex-presidente Lula foi submetido nos últimos meses.
Havia jovens, muitos jovens, representantes de uma grande variedade de movimentos sociais e gente simplesmente preocupada com a ascensão da extrema-direita no Brasil.
Por um dia que seja, a coalizão que levou Dilma ao segundo mandato parecia energizada na avenida Paulista.
Houve música em vários palcos, cartazes desenhados à mão e apenas um incidente: provocadores da direita estavam abrigados no prédio da FIESP, fortemente protegido por um aparato policial da PM paulista.
De uma marquise, equipes de televisão filmavam.
Depois de gritar palavras de ordem contra a entidade empresarial e a Rede Globo, alguns manifestantes se envolveram numa escaramuça, dispersada com o uso de gás pimenta.
Pareceu arapuca armada para gerar imagens de violência. Depois de alguns momentos de tensão, a estação de metrô diante da Federação das Indústrias foi aberta para que a dúzia de direitistas em pânico batesse em retirada.
O ponto alto da manifestação foi o discurso de Lula. Acreditando que tomaria posse no cargo de ministro da Casa Civil na próxima terça-feira, o ex-presidente disse que tinha voltado a ser o “Lulinha paz e amor”.
Ele focou sua fala no argumento de que os presentes não poderiam e nem deveriam aceitar ser tratados como cidadãos de segunda classe.
Frisou que a multidão tinha se reunido ali sem contar com a ampla publicidade da mídia. Lula não mencionou o juiz Moro, nem a TV Globo, que parecem parte de uma articulação para prendê-lo e incapacitá-lo de disputar eleições.
Porém, na fala que antecedeu a de Lula, o prefeito Fernando Haddad disparou petardos em direção à Justiça, dizendo que a manifestação não era em defesa do PT, nem de Dilma, nem mesmo de Lula: era em defesa da democracia. Haddad condenou a espetacularização das ações judiciais e disse que era inaceitável que alguém que sempre se dispôs a depor tivesse sido arrancado de sua casa às 6 da manhã.
Lula ficou emocionado com a fala de Haddad e contorceu o rosto como se demonstrasse inconformismo com os acontecimentos das últimas semanas.
A fala de Lula acabou sendo a menos “combativa”. Gulherme Boulos, do MTST, ao discursar, prometeu resistência a qualquer saída ilegal para a crise política. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, foi criticado por não ter credibilidade para conduzir o processo de impeachment de Dilma Rousseff.
Quando petistas deixaram a manifestação na Paulista, puderam ouvir a comemoração em bairros adjacentes, especialmente em Higienópolis, quando se anunciou que o ministro do STF Gilmar Mendes tinha decidido suspender a posse de Lula na Casa Civil atendendo a pedido do PPS. O drama continua.
Veja aqui o discurso de Lula de diferentes ângulos.
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