sexta-feira, 25 de março de 2016

Mortes nas enchentes e cinismo de Alckmin

Por Altamiro Borges

A mídia tucana já esqueceu os mortos nas enchentes na região metropolitana de São Paulo e o "picolé de chuchu", governador Geraldo Alckmin, segue impávido fazendo discursos pela "ética na política" e pelo impeachment de Dilma. Logo após a tragédia, que resultou em várias mortes e na devastação de inúmeras cidades, a Folha fez um levantamento que comprovou que o governo paulista teve "gasto zero" em ações para proteger moradores em áreas de risco. De imediato, o Palácio dos Bandeirantes questionou a reportagem e o jornalão simplesmente arquivou a denúncia. O restante da mídia chapa-branca, cevada por anúncios milionários, também silenciou sobre o caso escabroso.

Segundo a reportagem da Folha, assinada pelos jornalistas André Monteiro e Rodrigo Russo, "dos R$ 65 milhões previstos para reassentamento de moradores de áreas de risco e favelas nos últimos cinco anos, nem um centavo foi gasto pela gestão do governador Geraldo Alckmin (PSDB). É o que mostra levantamento feito pela Folha a partir de dados oficiais da execução orçamentária, nesse período, para despesas do governo com prevenção e resposta a problemas como os experimentados pela região metropolitana de São Paulo nesta sexta-feira (11)".

As falsas promessas do tucano

A reportagem comparou os valores inicialmente previstos pelo Orçamento do Estado de 2011 a 2015 com aquilo que foi efetivamente desembolsado para as atividades em cada um dos anos. "Em janeiro de 2011, quando tragédia similar à desta semana afetou a mesma região, o governador Alckmin visitou Franco da Rocha e prometeu construir 300 moradias. Nada foi entregue na cidade até hoje – e, com o desastre atual, a fila para habitação deve crescer ainda mais. Na rubrica orçamentária 'provisão de moradias', que tinha previsão inicial de R$ 215 milhões, R$ 30 milhões foram desembolsados, o que representa 14% do total orçado para os cinco anos que separam as tragédias".

Na mesma visita a Franco da Rocha, o grão-tucano fez outra promessa. "Todo verão a gente sabe que vai chover e aí precisa ter reservação da água, porque infelizmente as várzeas foram ocupadas. Aqui há a previsão de construção de quatro piscinões". Mas somente em dezembro de 2015 o governo do PSDB autorizou o início da licitação para construir o primeiro desses equipamentos, o piscinão do ribeirão Água Vermelha. "O desempenho em todo o Estado nas ações do Departamento de Águas e Energia Elétrica (Daee) relativas a drenagem e combate a enchentes também está distante das estimativas iniciais do órgão. O governo previa investimentos de R$ 2,6 bilhões para o período, mas gastou somente R$ 1,5 bilhão, o que corresponde a 57% do total".

O recuo da mídia chapa-branca

A denúncia da Folha irritou Geraldo Alckmin, que ainda mantém o sonho de disputar a presidência em 2018. De imediato, o Palácio dos Bandeirantes acionou os seus jagunços – inclusive alguns "calunistas" da mídia, como o "historiador" Marco Antonio Villa – para desqualificar a matéria jornalística. Por meio de nota oficial, o tucano fez duras críticas à reportagem – "que esconde do leitor investimentos importantes do Governo do Estado de São Paulo para enchentes e moradores de área de risco" e "erra de maneira inequívoca em seu texto". 

Aparentando imparcialidade, o jornal da famiglia Frias reafirmou as denúncias. "A Folha mantém as informações publicadas". Curiosamente, porém, a tragédia e mortes sumiram do noticiário, talvez seguindo a máxima de que "não vem ao caso" – que tem servido para blindar os tucanos de forma vergonhosa!

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