quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Alckmin esconde até os cadáveres

Por Altamiro Borges

O governador Geraldo Alckmin, que realizou cultos da seita fascista Opus Dei em pleno Palácio dos Bandeirantes, não gosta da transparência pública. Recentemente, descobriu-se que ele havia tornado "ultrassecretos" os documentos sobre as obras do metrô - talvez temendo as apurações do escândalo do "trensalão tucano", que a mídia chapa-branca batizou de "cartel dos trens". Na sequência, soube-se que ele também tornou "sigilosos" os relatórios sobre a falta de água em São Paulo - que a imprensa amiga chama de "crise hídrica". Agora, para espanto até do mais abestalhado midiota, descobre-se que ele oculta inclusive os cadáveres das chacinas executadas pela Polícia Militar.


Até a Folha tucana, que faz de tudo para blindar o provável presidenciável do PSDB em 2018, ficou surpresa com a cena mórbida. Reportagem de Rogério Pagnan e Lucas Ferraz desenterrou os mortos de Geraldo Alckmin. Os jornalistas descobriram que desde abril passado a gestão tucana excluiu das estatísticas oficiais as mortes provocadas por polícias militares em folga que supostamente "agiram em legítima defesa". A manobra "contábil" permitiu que saíssem da lista dos homicídios 102 óbitos. A descoberta abala ainda mais a imagem do governador tucano, que pretendia apresentar sua política de segurança pública como um trunfo para a sucessão presidencial. 

Segundo a reportagem, "os assassinatos cometidos por policiais militares em agosto e setembro deste ano em São Paulo desapareceram das estatísticas oficiais divulgadas pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB). Justamente nesses dois meses ocorreu uma série de mortes atribuídas a policiais militares – na capital e na Grande São Paulo–, entre chacinas e assassinatos de suspeitos já rendidos. Cerca de 30 policiais militares foram presos sob a suspeita de participação em pelo menos 31 mortes no período – entre elas as 23 vítimas das chacinas de Osasco e Barueri, em agosto. Há ainda na lista de excluídos os quatro adolescentes mortos ao lado de uma pizzaria em Carapicuíba, em setembro". 

A reportagem constatou que nenhum desses casos aparece nas estatísticas divulgadas pelo governo no "Diário Oficial" do Estado. A coluna de homicídios praticados por policiais de folga está zerada. Nos últimos meses, com base nesta "pedalada policial", o governador Geraldo Alckmin andou alardeando a queda dos homicídios em São Paulo. A mentira teve ampla repercussão na mídia chapa-branca, que garfa generosas verbas publicitárias e outras benesses do Palácio dos Bandeirantes. Agora, porém, o "picolé de chuchu" foi exposto na sua total falta de transparência, o que confirma o seu autoritarismo. A descoberta deve abalar ainda mais a imagem do grão-tucano e da sua política de segurança pública.

Recente pesquisa do instituto Datafolha já havia comprovado que os paulistanos finalmente passaram a desconfiar das mentiras de Geraldo Alckmin. Ela mostrou que 60% dos entrevistados temem a ação da PM tucana - na sondagem anterior, o índice era de 50%. Quase um terço disse ter tanto medo da polícia quanto dos bandidos. O clima de pânico tem relação com a própria brutalidade e letalidade da PM, principalmente nos bairros da periferia. A pesquisa revela que nem todo paulistano é um midiota que tira selfies com soldados da tropa de choque em marchas golpistas pelo impeachment de Dilma!

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1 comentários:

Blog do Welbi disse...

A matéria da Folha está totalmente errada. Não houve nenhuma alteração na metodologia de contagem de homicídios, desde 2001. Todos os boletins de ocorrência registrados pelo Delegado de Polícia como homicídios sempre foram e continuam sendo contabilizados. Portanto, não há nenhuma manobra. O que mudou foi o critério na análise de dados usados pela Corregedoria da Polícia Militar posterior à contabilidade geral. Mesmo com esses dados errados da Folha, o número de homicídios em São Paulo é o menor do país.