sábado, 6 de agosto de 2016

A festa brasileira e as vaias contra Temer

Por Lúcia Rodrigues, na revista Caros Amigos:

Como era esperado, o presidente interino, Michel Temer, foi vaiado na abertura das Olimpíadas do Rio, na noite desta sexta (5), no Maracanã, confirmando o clima dos protestos de rua que pedem sua saída do cargo. Em sua única aparição oficial, que durou poucos segundos no telão do estádio, Temer provocou revolta na plateia que reagiu com vaias ensurdecedoras que acabaram abafando parte de sua fala.

Ao se posicionar no microfone para abrir oficialmente os Jogos Olímpicos, seu rosto amedrontado não deixava dúvida sobre o pavor do vexame. O temor se confirmou. E a vaia veio avassaladora. Atrás dele, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e convidados ainda tentaram puxar palmas, mas não foram suficientes para ofuscar os apupos. O planeta viu ao vivo e a cores que o ocupante do Palácio do Planalto é rechaçado pela população.

Como os protestos do lado de fora do estádio, ainda à tarde, que denunciavam o golpe e o impacto de despejos e violações de direitos humanos das obras da Olimpíada, as vaias dentro do estádio repercutiram imediatamente na imprensa internacional. Mas na mídia local, comentaristas de TVs abertas tentaram amenizar o protesto contra o interino. Em emissoras de TV a cabo, como a ESPN, foi dito que as vaias superaram os aplausos.

Não são só os brasileiros que veem Temer de esguelha, ele também foi desprezado pelas autoridades internacionais. A Olimpíada do Rio de Janeiro, a primeira a ocorrer na América do Sul, teve a menor presença de chefes de estados dos últimos tempos. Menos da metade das autoridades que compareceram à Olimpíada de Londres, há quatro anos, vieram ao Brasil. Extra oficialmente é dito que esses chefes de Estado não quiseram associar sua imagem ao interino golpista.

Vexame
Temer fez de tudo para evitar o vexame internacional, que repercutiu negativamente no exterior. Colocou a Força Nacional para intimidar torcedores que portavam camisetas, cartazes e faixas contrários a seu governo. Declinou de ter o nome anunciado no estádio. Reduziu drasticamente o tempo de discurso. Mas não teve como se esquivar de abrir oficialmente os Jogos, já que esse é o papel dos chefes de Estado.

Mas mesmo sendo vaiado e de ter ouvido palavras de ordem como "Fora Temer" e "Não Vai Ter Golpe", o interino não foi submetido a um ataque sexista como o que Dilma foi vítima durante a abertura da Copa do Mundo, em 2014, em São Paulo, pela elite brasileira. A plateia do Maracanã não entoou um "Ei, Temer, vai tomar no c..." Fica claro, que ser mulher pesou contra a presidente eleita Dilma Rousseff desde o começo da crise deflagrada pela oposição.

Brasil fez bonito

Tirando a frustração de ter golpistas na tribuna de honra com a empolgação de um funeral, a abertura dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro não deixaram nada a dever às dos países desenvolvidos. O momento alto do evento foi a formação dos arcos olímpicos representando os cinco continentes com folhas de árvore, que pela primeira vez surgiram em uma única cor, simbolizando a Amazônia.

A decolagem do 14 Bis, Santos Dumont, no Maracanã também vai marcar para sempre a história das Olimpíadas no Brasil. Tanto quanto o homem sobre o estádio de Los Angeles, nos Estados Unidos, nos Jogos de 1984.

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