Por Tereza Cruvinel, em seu blog:
É possível que Dilma não tenha virado votos com seu comparecimento ao Senado mas é certo que mexeu com algumas consciências no plenário e com a vastidão do imaginário popular em relação ao processo. O discurso, a firmeza, a disposição para o debate, o preparo intelectual, tudo somou para fazer de sua apresentação um ato de estadista, ainda que seja o último como presidente da República.
É possível que Dilma não tenha virado votos com seu comparecimento ao Senado mas é certo que mexeu com algumas consciências no plenário e com a vastidão do imaginário popular em relação ao processo. O discurso, a firmeza, a disposição para o debate, o preparo intelectual, tudo somou para fazer de sua apresentação um ato de estadista, ainda que seja o último como presidente da República.
A inarredável caracterização do impeachment como golpe parlamentar, sintonizado com a nova realidade da América Latina, que não comporta mais as velhas quarteladas, pode não ter mudado a correlação de forças, mas semeou desconforto entre seus algozes. Eles sabem que, mesmo ganhando a guerra para tirá-la do cargo, perderam a disputa pela narrativa desta tragédia grega.
Se algum dos institutos de pesquisa se dispuserem a perguntar ao povo como vêm o processo, é quase certo que a maioria apontará o impeachment como um golpe aplicado pelos adversários de Dilma, de Lula e do PT. O que ela deixou em seus algozes foi a certeza de que carregarão a marca do que farão. Dilma falou para a História.
Nesta terça-feira, 30/8, começam as horas finais. Prevalecendo o golpe, Temer fará imediatamente um pronunciamento pela TV, apresentando-se como presidente efetivo. E pode ouvir o primeiro panelaço contra seu governo, como já ensaiam fazer alguns movimentos. A pergunta é que vem depois é: o Brasil resistirá à ferida em sua jovem democracia e ao governo que Temer oferece aos brasileiros, com sua agenda de retrocesso e seu baixíssimo capital político? Ou começará o golpe dentro do golpe, ensaiado pelos tucanos e por setores do mercado?
Grande Chico
Chico Buarque de Hollanda também poderia dizer como Dilma. “Eu sou o mesmo que resisti à ditadura com minhas canções e minhas atitudes”. Chico nunca faltou aos encontros com a democracia brasileira. Sua presença no Senado para acompanhar, ao lado de Lula, a auto-defesa de Dilma Rousseff, foi mais um elemento de caracterização do golpe como golpe. E embora ninguém tenha passado recebo, incomodou a maioria que conduz o trator. Sua presença resume o paradoxo dos golpistas. Eles se apresentam como defensores da moralidade, da ética e do republicanismo mas os que, historicamente, têm compromisso com estes valores, e representam a inteligência e a sensibilidade do Brasil, estão contra eles.
Nesta terça-feira, 30/8, começam as horas finais. Prevalecendo o golpe, Temer fará imediatamente um pronunciamento pela TV, apresentando-se como presidente efetivo. E pode ouvir o primeiro panelaço contra seu governo, como já ensaiam fazer alguns movimentos. A pergunta é que vem depois é: o Brasil resistirá à ferida em sua jovem democracia e ao governo que Temer oferece aos brasileiros, com sua agenda de retrocesso e seu baixíssimo capital político? Ou começará o golpe dentro do golpe, ensaiado pelos tucanos e por setores do mercado?
Grande Chico
Chico Buarque de Hollanda também poderia dizer como Dilma. “Eu sou o mesmo que resisti à ditadura com minhas canções e minhas atitudes”. Chico nunca faltou aos encontros com a democracia brasileira. Sua presença no Senado para acompanhar, ao lado de Lula, a auto-defesa de Dilma Rousseff, foi mais um elemento de caracterização do golpe como golpe. E embora ninguém tenha passado recebo, incomodou a maioria que conduz o trator. Sua presença resume o paradoxo dos golpistas. Eles se apresentam como defensores da moralidade, da ética e do republicanismo mas os que, historicamente, têm compromisso com estes valores, e representam a inteligência e a sensibilidade do Brasil, estão contra eles.
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