Foto: Antonio Lacerda/EFE |
Eike Batista estava a caminho do Brasil para ser preso. Uma equipe de reportagem da Rede Globo o acompanhou desde o embarque, no aeroporto JFK, nos EUA, que aconteceu por volta das 21h50 (horário de Brasília), onde fez check-in e, minutos depois, passou pelo controle de passaporte.
A partir dai, num verdadeiro BBB, a reportagem acompanhou cada passo do empresário, fez algumas entrevistas e o mostrou fazendo selfies e ouvindo alguns desaforos, que chegaram a ser comentados por Eike.
Sobre o assédio e as selfies, o empresário disse à reportagem que isso deveria significar que ele teria feito “algo de bom no Brasil”.
Assim que subiu na aeronave – pasmem – a reportagem estava lá colada e fez outra entrevista. Num clima muito amistoso, o repórter fazia perguntas óbvias e genéricas sobre como o empresário estaria se sentindo, o que ele fez para ser preso e recebia sempre como resposta que ele, Eike, estava se disponibilizando para a justiça.
Em momento algum, nem repórter nem entrevistado entraram no mérito da questão de maneira direta. Eike chegou a ser perguntado se cometeu erros e respondeu lacônico “eu acho que não”. Dentro do avião o repórter insistiu se ele teria pagado propina, e ele respondeu que só falava com a justiça. Tudo sempre muito genérico e amistoso, com a clara evidência de que havia ali um acordo entre as partes.
No final das contas, o avião do empresário pousou e ele foi pego pela Polícia Federal na cabeceira da pista, sem chegar nem perto da área de desembarque, onde estavam jornalistas de todas as outras emissoras.
Resta ao espectador uma pergunta muito simples. Que tipo de jornalismo é esse que não esclarece o que interessa, não entra no mérito e, de forma despropositada e injustificada, aparece de maneira privilegiada ao lado de um empresário que está indo para a cadeia como se fosse um amigo, como se estivesse acompanhando a seleção brasileira campeã em seu retorno?
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