Por Marco Aurélio Cabral Pinto, no site Brasil Debate:
Cumpre-se lembrar que brasileiros foram aqueles que aqui se estabeleceram com o objetivo de ordenar a exportação do pau-brasil. Havia ferreiros, marceneiros, açougueiros, assim como brasileiros, aos quais cabia o fornecimento da valiosa madeira. Eram então poucos, mas, a eles, progressivamente, se incorporaram índios Tupi-Guarani, que enxergaram nos portugueses poderosos aliados contra adversários de etnias diversas, conhecidas como Jê.
Portanto, na origem do Brasil se encontra a inserção como elemento subordinado na hierarquia poder-dinheiro internacional. Aos dominadores externos importou, ao longo de toda a formação histórica, que as elites aliadas locais promovessem a ordem social para boa organização da produção.
Este estado de coisas durou até a crise de 1929. O colapso verificado em muitas nas economias de mercados colocou em xeque a “vocação agrícola” brasileira e permitiu, aos mesmos interesses escravagistas paulistas, o “milagre” da industrialização. Entre 1930 e 1980 o Brasil esteve entre os países que mais cresceram economicamente no mundo. Em grande parte este salto foi propelido por políticas que favoreceram a industrialização e a construção civil pesada.
A partir dos anos 1980, contudo, a amplitude da oscilação de poder nos EUA tornou-se progressivamente maior. Interesses financeiros ocuparam o núcleo de poder fazendário entre 1980 e 2000 e entre 2008 e 2016. Já os interesses da indústria (do petróleo) tomaram-no de volta de maneira mais ou menos tempestiva. Assim o foi em 2000, quando houve severas acusações de fraude eleitoral, e em 2016, com a vitória de Mr. Trump.
Com isso, nos últimos 35 anos, não apenas a estratégia norte-americana tem oscilado entre polos divergentes, mas igualmente a estabilidade do sistema-mundo tem sido empurrada para domínios perigosos.
Ao menos desde os anos 1980, o Brasil tem espelhado sincronismo político com os dominadores externos. O restabelecimento da democracia no início dessa década no Brasil conservou no poder amplo grupo oligárquico com interesses sobre porções do território. Prefeitos e governadores passaram a ser eleitos novamente com a bênção dessas oligarquias da terra.
Apenas a partir de meados dos 1990 é que se tornou possível, para os interesses hegemônicos nos EUA, imposição de agenda neoliberal sincronizada com outros países subdesenvolvidos. O “período da globalização” foi atrasado e atenuado no Brasil devido a leniente interferência da oligarquia do PMDB. Desde 1930 as oligarquias brasileiras perceberam vantagens na associação com interesses promotores de emprego e renda no ambiente interno. A razão é a maior facilidade de eleição por “obras realizadas” ou por “bem-estar social”. Já os interesses financeiros introduzem inevitavelmente insatisfação social por defenderem agenda neoliberal, por meio da qual apenas uma minoria próspera é premiada.
De 2003 até 2015 prevaleceram no Brasil novamente os interesses industriais e de construção civil. A Petrobras tornou-se parte do seleto grupo de petroleiras internacionais. O primeiro campo leiloado no pré-sal recebeu o nome de Libra que, na astrologia, significa harmonia nas relações internacionais.
G. W. Bush e Lula tiveram em comum a referência aos gastos públicos como motor do emprego e da renda, com entorpecimento da agenda neoliberal. Já a diferença entre G. W. Bush e D. Trump é que o segundo enfrenta diretamente os interesses financeiros ao explicitar as ligações com a mídia corporativa.
No Brasil, em 2015, o “Golpe dos Corruptos” aproximou a oligarquia brasileira novamente dos interesses financeiros com objetivo de ocupar interinamente a presidência até 2018. Com instrumentos de espionagem da NSA na Polícia Federal, mais de um juiz-político e a luxuosa ajuda da mídia, não foi difícil levar as preconceituosas camadas médias urbanas a apoiarem o golpe.
O que o PMDB não esperava é que os prepostos políticos dos banqueiros se organizassem para golpe dentro do golpe. Uma vez removida a presidente eleita, o objetivo de São Paulo passou a ser eliminar a velha oligarquia fisiológica da sólida posição histórica que ocupa dentro da federação.
A morte de magistrado do Supremo Tribunal Federal parece mostrar que isso não será possível. Aparentemente, a oligarquia brasileira ganhou tempo para negociar, junto aos interesses financeiros, saídas que preservem o ordenamento social e a continuidade da produção e do consumo no país. Estas saídas passam pela completa subordinação dos governadores de Estado, deputados e senadores à agenda de privatização e de ajuste fiscal.
A reviravolta na política norte-americana, contudo, parece vir ao encontro dos interesses industriais até 2015 representados pelo PT. A velha indústria automotiva, que D. Trump elegeu como prioritária (questão do México), teve em Lula afinidade e apoio aqui no Brasil. Aliás, Lula tem trajetória política iniciada no poderoso setor automotivo. Da mesma maneira, a ênfase na construção civil pesada atribuída nos EUA de D. Trump favorecerá inexoravelmente as construtoras brasileiras como interlocutores com interesses convergentes.
Em síntese, o nome que vier a substituir M. Temer deve preparar as eleições de 2018 em ambiente que induz a formação de novo pacto político entre a esquerda do PT e a velha oligarquia federalista brasileira.
Portanto, na origem do Brasil se encontra a inserção como elemento subordinado na hierarquia poder-dinheiro internacional. Aos dominadores externos importou, ao longo de toda a formação histórica, que as elites aliadas locais promovessem a ordem social para boa organização da produção.
Este estado de coisas durou até a crise de 1929. O colapso verificado em muitas nas economias de mercados colocou em xeque a “vocação agrícola” brasileira e permitiu, aos mesmos interesses escravagistas paulistas, o “milagre” da industrialização. Entre 1930 e 1980 o Brasil esteve entre os países que mais cresceram economicamente no mundo. Em grande parte este salto foi propelido por políticas que favoreceram a industrialização e a construção civil pesada.
A partir dos anos 1980, contudo, a amplitude da oscilação de poder nos EUA tornou-se progressivamente maior. Interesses financeiros ocuparam o núcleo de poder fazendário entre 1980 e 2000 e entre 2008 e 2016. Já os interesses da indústria (do petróleo) tomaram-no de volta de maneira mais ou menos tempestiva. Assim o foi em 2000, quando houve severas acusações de fraude eleitoral, e em 2016, com a vitória de Mr. Trump.
Com isso, nos últimos 35 anos, não apenas a estratégia norte-americana tem oscilado entre polos divergentes, mas igualmente a estabilidade do sistema-mundo tem sido empurrada para domínios perigosos.
Ao menos desde os anos 1980, o Brasil tem espelhado sincronismo político com os dominadores externos. O restabelecimento da democracia no início dessa década no Brasil conservou no poder amplo grupo oligárquico com interesses sobre porções do território. Prefeitos e governadores passaram a ser eleitos novamente com a bênção dessas oligarquias da terra.
Apenas a partir de meados dos 1990 é que se tornou possível, para os interesses hegemônicos nos EUA, imposição de agenda neoliberal sincronizada com outros países subdesenvolvidos. O “período da globalização” foi atrasado e atenuado no Brasil devido a leniente interferência da oligarquia do PMDB. Desde 1930 as oligarquias brasileiras perceberam vantagens na associação com interesses promotores de emprego e renda no ambiente interno. A razão é a maior facilidade de eleição por “obras realizadas” ou por “bem-estar social”. Já os interesses financeiros introduzem inevitavelmente insatisfação social por defenderem agenda neoliberal, por meio da qual apenas uma minoria próspera é premiada.
De 2003 até 2015 prevaleceram no Brasil novamente os interesses industriais e de construção civil. A Petrobras tornou-se parte do seleto grupo de petroleiras internacionais. O primeiro campo leiloado no pré-sal recebeu o nome de Libra que, na astrologia, significa harmonia nas relações internacionais.
G. W. Bush e Lula tiveram em comum a referência aos gastos públicos como motor do emprego e da renda, com entorpecimento da agenda neoliberal. Já a diferença entre G. W. Bush e D. Trump é que o segundo enfrenta diretamente os interesses financeiros ao explicitar as ligações com a mídia corporativa.
No Brasil, em 2015, o “Golpe dos Corruptos” aproximou a oligarquia brasileira novamente dos interesses financeiros com objetivo de ocupar interinamente a presidência até 2018. Com instrumentos de espionagem da NSA na Polícia Federal, mais de um juiz-político e a luxuosa ajuda da mídia, não foi difícil levar as preconceituosas camadas médias urbanas a apoiarem o golpe.
O que o PMDB não esperava é que os prepostos políticos dos banqueiros se organizassem para golpe dentro do golpe. Uma vez removida a presidente eleita, o objetivo de São Paulo passou a ser eliminar a velha oligarquia fisiológica da sólida posição histórica que ocupa dentro da federação.
A morte de magistrado do Supremo Tribunal Federal parece mostrar que isso não será possível. Aparentemente, a oligarquia brasileira ganhou tempo para negociar, junto aos interesses financeiros, saídas que preservem o ordenamento social e a continuidade da produção e do consumo no país. Estas saídas passam pela completa subordinação dos governadores de Estado, deputados e senadores à agenda de privatização e de ajuste fiscal.
A reviravolta na política norte-americana, contudo, parece vir ao encontro dos interesses industriais até 2015 representados pelo PT. A velha indústria automotiva, que D. Trump elegeu como prioritária (questão do México), teve em Lula afinidade e apoio aqui no Brasil. Aliás, Lula tem trajetória política iniciada no poderoso setor automotivo. Da mesma maneira, a ênfase na construção civil pesada atribuída nos EUA de D. Trump favorecerá inexoravelmente as construtoras brasileiras como interlocutores com interesses convergentes.
Em síntese, o nome que vier a substituir M. Temer deve preparar as eleições de 2018 em ambiente que induz a formação de novo pacto político entre a esquerda do PT e a velha oligarquia federalista brasileira.
0 comentários:
Postar um comentário