Por Emir Sader, na Rede Brasil Atual:
Então foi para isso que a direita feriu profundamente a democracia e a vontade popular? Para instalar esse governo corrupto, que apenas tenta sobreviver e já nem governa o Brasil? Para transformar o país numa república bananeira? Para que o país volte a ser o mais desigual do continente mais desigual? Para que o Brasil volte ao Mapa da Fome e ao FMI?
A direita estava acostumada a ganhar, pela força – como no golpe de 1964 –, ou pelo apelo ao poder do dinheiro e do mercado – como foi nas eleições de 1990 a 2002. Foi derrotada quatro vezes seguidas, mas nunca abandonou seu objetivo de tirar o PT do governo. Tentou quatro vezes pela via eleitoral e perdeu. Aí apelou para o atalho do golpe, que deu no pântano atual.
Antigamente a direita pretendia encarnar a democracia (liberal) no Brasil, contra o getulismo, que promovia a justiça social mas às expensas dos direitos democráticos, segundo a oligarquia paulista, que chefiava a direita brasileira. Na democratização de 1945 passou a ser derrotada pelo getulismo.
A partir daquele momento a direita, se assumindo elitista e abandonando a própria democracia liberal, passou a defender o voto qualitativo. Como um engenheiro ou um médico poderia ter um voto com igual valor ao de um “marmiteiro” (expressão pejorativa que usavam contra os trabalhadores)? Chegavam a classificar quanto deveria valer o voto de cada um, de um a dez.
Era produto do desespero de se dar conta de que a maioria da população – composta de trabalhadores pobres – estava contra ela, a favor das políticas sociais de Getúlio Vargas. Faziam acompanhar esse argumento com o de que, medidas como o salário mínimo – que Getúlio anunciava o novo valor todo Primeiro de Maio, (dia do trabalhador) em ato no Estádio do Pacaembu, em São Paulo – era uma forma de comprar a consciência e o apoio dos pobres.
Depois da eleição e da frustração com Jânio Quadros, além da derrota da tentativa de golpe em 1961, e de tentar limitar o poder do seu sucessor legal, João Goulart, mediante o parlamentarismo, a direita partiu diretamente para o golpe militar. Impôs o regime mais brutal e cruel que o país já conheceu, para promover a festa da acumulação de capital e da superexploração dos trabalhadores por meio do arrocho salarial.
No retorno à democracia, a direita impediu o povo de votar diretamente pelo primeiro presidente civil do país após a ditadura. Pela via indireta, elegeu-se Tancredo Neves, que morreu sem ocupar o cargo e o país foi governado pelo direitista José Sarney. Com os neoliberais que o sucederam, Collor e FHC, a direita impôs o poder do mercado e, através dele, do sistema financeiro, que desde então passou a deter o poder econômico no país.
Como efeito dos resultados nefastos dessa política para a grande maioria da população, Lula triunfou em 2002, pregando que o problema central do Brasil era a pobreza, colocando em prática o mais amplo programa de redução da desigualdade e de inclusão social. Foi esse programa de governo que levou à sucessão de quatro derrotas sucessivas da direita.
Diante da última dela, em 2014, e da perspectiva de que o candidato seguinte da continuidade desse programa fosse Lula, a direita buscou o atalho do golpe. Forjou suas condições com o apoio da grande mídia monopolista privada, do grande empresariado, para impedir que a Dilma cumprisse o segundo mandato que o povo lhe outorgou democraticamente.
Agora se vê que o atalho conduziu ao pântano em que o Brasil se vê mergulhado. Um Estado de Direito desfeito, uma democracia destruída, um governo que nem consegue governar, apenas sobrevive por algum tempo, um Congresso desmoralizado, um Judiciário que desmoralizou a palavra justiça que deveria encarnar, uma mídia desconcertada, que se divide entre tirar Temer sem conseguir construir alternativa ou ficar com ele baleado de morte.
Em suma, um país à deriva, com o retorno de um brutal processo de concentração de renda, de exclusão social, de recessão e de desemprego, com a liquidação do patrimônio publico da Petrobras, com a imagem mais desmoralizada que o país já teve no mundo. Foi para isso que a direita batalhou tanto, usando todos os metidos ilegais, para voltar ao poder?
A direita estava acostumada a ganhar, pela força – como no golpe de 1964 –, ou pelo apelo ao poder do dinheiro e do mercado – como foi nas eleições de 1990 a 2002. Foi derrotada quatro vezes seguidas, mas nunca abandonou seu objetivo de tirar o PT do governo. Tentou quatro vezes pela via eleitoral e perdeu. Aí apelou para o atalho do golpe, que deu no pântano atual.
Antigamente a direita pretendia encarnar a democracia (liberal) no Brasil, contra o getulismo, que promovia a justiça social mas às expensas dos direitos democráticos, segundo a oligarquia paulista, que chefiava a direita brasileira. Na democratização de 1945 passou a ser derrotada pelo getulismo.
A partir daquele momento a direita, se assumindo elitista e abandonando a própria democracia liberal, passou a defender o voto qualitativo. Como um engenheiro ou um médico poderia ter um voto com igual valor ao de um “marmiteiro” (expressão pejorativa que usavam contra os trabalhadores)? Chegavam a classificar quanto deveria valer o voto de cada um, de um a dez.
Era produto do desespero de se dar conta de que a maioria da população – composta de trabalhadores pobres – estava contra ela, a favor das políticas sociais de Getúlio Vargas. Faziam acompanhar esse argumento com o de que, medidas como o salário mínimo – que Getúlio anunciava o novo valor todo Primeiro de Maio, (dia do trabalhador) em ato no Estádio do Pacaembu, em São Paulo – era uma forma de comprar a consciência e o apoio dos pobres.
Depois da eleição e da frustração com Jânio Quadros, além da derrota da tentativa de golpe em 1961, e de tentar limitar o poder do seu sucessor legal, João Goulart, mediante o parlamentarismo, a direita partiu diretamente para o golpe militar. Impôs o regime mais brutal e cruel que o país já conheceu, para promover a festa da acumulação de capital e da superexploração dos trabalhadores por meio do arrocho salarial.
No retorno à democracia, a direita impediu o povo de votar diretamente pelo primeiro presidente civil do país após a ditadura. Pela via indireta, elegeu-se Tancredo Neves, que morreu sem ocupar o cargo e o país foi governado pelo direitista José Sarney. Com os neoliberais que o sucederam, Collor e FHC, a direita impôs o poder do mercado e, através dele, do sistema financeiro, que desde então passou a deter o poder econômico no país.
Como efeito dos resultados nefastos dessa política para a grande maioria da população, Lula triunfou em 2002, pregando que o problema central do Brasil era a pobreza, colocando em prática o mais amplo programa de redução da desigualdade e de inclusão social. Foi esse programa de governo que levou à sucessão de quatro derrotas sucessivas da direita.
Diante da última dela, em 2014, e da perspectiva de que o candidato seguinte da continuidade desse programa fosse Lula, a direita buscou o atalho do golpe. Forjou suas condições com o apoio da grande mídia monopolista privada, do grande empresariado, para impedir que a Dilma cumprisse o segundo mandato que o povo lhe outorgou democraticamente.
Agora se vê que o atalho conduziu ao pântano em que o Brasil se vê mergulhado. Um Estado de Direito desfeito, uma democracia destruída, um governo que nem consegue governar, apenas sobrevive por algum tempo, um Congresso desmoralizado, um Judiciário que desmoralizou a palavra justiça que deveria encarnar, uma mídia desconcertada, que se divide entre tirar Temer sem conseguir construir alternativa ou ficar com ele baleado de morte.
Em suma, um país à deriva, com o retorno de um brutal processo de concentração de renda, de exclusão social, de recessão e de desemprego, com a liquidação do patrimônio publico da Petrobras, com a imagem mais desmoralizada que o país já teve no mundo. Foi para isso que a direita batalhou tanto, usando todos os metidos ilegais, para voltar ao poder?
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