Por Cynara Menezes, no blog Socialista Morena:
“O PSDB errou”, dizem personagens escolhidos a dedo, com “cara de povo”, no programa de TV do partido que foi ao ar na quinta-feira à noite. Uma mulher e um adolescente negros, um coroa nordestino e um rapaz mestiço são os narradores. Ao contrário de todos os programas eleitorais tucanos de todos os tempos, nenhum típico paulistano branco de classe média aparece na tela. Os próprios caciques do partido tipicamente paulistanos e brancos ficaram de fora da peça publicitária. De fato, ninguém diria se tratar de um programa do PSDB.
O vídeo foi feito sob comando direto do presidente interino do partido, Tasso Jereissati, e teve o aval do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que inclusive cunhou o termo “presidencialismo de cooptação” utilizado no programa como crítica basilar ao sistema de governo adotado no Brasil. Tecnicamente falando, o programa é impecável e busca atingir a classe média e parte da chamada “nova classe média” que foram às ruas pedir a saída de Dilma Rousseff após a vitória na eleição em 2014. Daí o jovem negro, que aparenta ter sido pinçado da turma de Kim Kataguiri e Fernando Holiday, do MBL (Movimento Brasil Livre), ocupar a maior parte dos 10 minutos de duração do programa, tanto na parte do “erramos” quanto na defesa do parlamentarismo.
A adesão incondicional ao parlamentarismo, aliás, é a aposta mais arriscada que o programa de TV tucano faz, já que o público a que se destina sempre esteve mais interessado em imitar os Estados Unidos do que a Europa. Se os EUA “deram certo”, na visão desses setores, por que seriam convencidos a adotar um sistema que funcionou em países que não acompanham tão de perto?
Os erros que o PSDB cometeu, segundo seu programa eleitoral: basicamente se render ao fisiologismo, ao toma-lá-dá-cá. “Acabamos aceitando como natural o fisiologismo, que é a troca de favores individuais e vantagens pessoais em detrimento da verdadeira necessidade do cidadão brasileiro”, diz o texto, sem se referir às inúmeras denúncias de corrupção envolvendo o partido, que segue inimputável, a despeito das gravações em que seu presidente afastado Aécio Neves pede grana a Joesley Batista, da JBS. Os protestos da esquerda no parlamento contra as reformas macabras de Temer são pintadas como “histeria”, “mau exemplo”, “falta de civilidade”, bem ao gosto da classe média paneleira.
Olhando de fora, o programa tinha tudo para agradar. O acanhado “mea culpa” e as pontuais críticas a Temer, porém, foram suficientes para causar um deus-nos acuda no partido, sobretudo no tucanato aboletado em cargos no governo e que não quer largar o osso de jeito nenhum.
O primeiro a sair em defesa do PSDB, afirmando que o partido não cometeu erro algum, foi o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira. Em sua conta no Facebook, Aloysio descascou o programa e defendeu o governo ardorosamente. “Alto lá!”, escreveu, indignado. “Os governos tucanos que apoiei ou dos quais participei não se reconhecem nessa caricatura. Tenho 30 anos de vida parlamentar e nunca recebi dinheiro ou pedi vantagens para apoiar as agendas em que acredito.”
Principal alvo das bicadas, o publicitário Einhart Jacome da Paz, autor do programa, trabalha com Tasso Jereissati desde 1986, atuou na campanha de Fernando Henrique Cardoso e fez a campanha de Ciro Gomes à presidência em 2002 –tem relação pessoal com Ciro, pois foi casado durante mais de 20 anos com sua irmã, Lia. Na manhã de sexta-feira, Einhart se mostrava não muito surpreso com as reações furiosas, mas estava orgulhoso do vídeo que criou.
“Eu não acredito em pirotecnia e acho que o povo entende as coisas, sim, ao contrário do que dizem. Tem que ter mais conteúdo político-ideológico no programa eleitoral. Nos últimos tempos só teve pirotecnia. E o que a gente propõe? Claramente voltar ao manifesto de criação do partido, em 1988. Resgatar as bandeiras sociais, que o PSDB tinha e não tem mais. Passamos um recado simples e claro, sem ser simplório”, diz. “E quando foi a última vez que o programa do PSDB teve tanta repercussão? Ontem teve 8 minutos de comentários na Globonews, está em todos os jornais. O partido tem uma chance enorme de se recriar.”
A questão é: o PSDB quer se recriar? Nos bastidores, já se fala o oposto, que o programa de TV causará a destituição de Tasso e a volta de Aécio ao comando da legenda.
O vídeo foi feito sob comando direto do presidente interino do partido, Tasso Jereissati, e teve o aval do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que inclusive cunhou o termo “presidencialismo de cooptação” utilizado no programa como crítica basilar ao sistema de governo adotado no Brasil. Tecnicamente falando, o programa é impecável e busca atingir a classe média e parte da chamada “nova classe média” que foram às ruas pedir a saída de Dilma Rousseff após a vitória na eleição em 2014. Daí o jovem negro, que aparenta ter sido pinçado da turma de Kim Kataguiri e Fernando Holiday, do MBL (Movimento Brasil Livre), ocupar a maior parte dos 10 minutos de duração do programa, tanto na parte do “erramos” quanto na defesa do parlamentarismo.
A adesão incondicional ao parlamentarismo, aliás, é a aposta mais arriscada que o programa de TV tucano faz, já que o público a que se destina sempre esteve mais interessado em imitar os Estados Unidos do que a Europa. Se os EUA “deram certo”, na visão desses setores, por que seriam convencidos a adotar um sistema que funcionou em países que não acompanham tão de perto?
Os erros que o PSDB cometeu, segundo seu programa eleitoral: basicamente se render ao fisiologismo, ao toma-lá-dá-cá. “Acabamos aceitando como natural o fisiologismo, que é a troca de favores individuais e vantagens pessoais em detrimento da verdadeira necessidade do cidadão brasileiro”, diz o texto, sem se referir às inúmeras denúncias de corrupção envolvendo o partido, que segue inimputável, a despeito das gravações em que seu presidente afastado Aécio Neves pede grana a Joesley Batista, da JBS. Os protestos da esquerda no parlamento contra as reformas macabras de Temer são pintadas como “histeria”, “mau exemplo”, “falta de civilidade”, bem ao gosto da classe média paneleira.
Olhando de fora, o programa tinha tudo para agradar. O acanhado “mea culpa” e as pontuais críticas a Temer, porém, foram suficientes para causar um deus-nos acuda no partido, sobretudo no tucanato aboletado em cargos no governo e que não quer largar o osso de jeito nenhum.
O primeiro a sair em defesa do PSDB, afirmando que o partido não cometeu erro algum, foi o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira. Em sua conta no Facebook, Aloysio descascou o programa e defendeu o governo ardorosamente. “Alto lá!”, escreveu, indignado. “Os governos tucanos que apoiei ou dos quais participei não se reconhecem nessa caricatura. Tenho 30 anos de vida parlamentar e nunca recebi dinheiro ou pedi vantagens para apoiar as agendas em que acredito.”
Principal alvo das bicadas, o publicitário Einhart Jacome da Paz, autor do programa, trabalha com Tasso Jereissati desde 1986, atuou na campanha de Fernando Henrique Cardoso e fez a campanha de Ciro Gomes à presidência em 2002 –tem relação pessoal com Ciro, pois foi casado durante mais de 20 anos com sua irmã, Lia. Na manhã de sexta-feira, Einhart se mostrava não muito surpreso com as reações furiosas, mas estava orgulhoso do vídeo que criou.
“Eu não acredito em pirotecnia e acho que o povo entende as coisas, sim, ao contrário do que dizem. Tem que ter mais conteúdo político-ideológico no programa eleitoral. Nos últimos tempos só teve pirotecnia. E o que a gente propõe? Claramente voltar ao manifesto de criação do partido, em 1988. Resgatar as bandeiras sociais, que o PSDB tinha e não tem mais. Passamos um recado simples e claro, sem ser simplório”, diz. “E quando foi a última vez que o programa do PSDB teve tanta repercussão? Ontem teve 8 minutos de comentários na Globonews, está em todos os jornais. O partido tem uma chance enorme de se recriar.”
A questão é: o PSDB quer se recriar? Nos bastidores, já se fala o oposto, que o programa de TV causará a destituição de Tasso e a volta de Aécio ao comando da legenda.
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