Por Cynara Menezes, no blog Socialista Morena:
Como se fosse um especialista, Bolsonaro vem pregando aos incautos por aí que o nióbio “vale mais que o ouro”, como disse na palestra da Hebraica em que insultou os povos quilombolas. E é esta, aliás, a razão para o insulto: o deputado de extrema-direita está de olho nas terras indígenas e quilombolas para exploração mineral e usa o nióbio para convencer as pessoas de que acabar com as reservas será bom para o país. Na mesma palestra, Bolsonaro disse literalmente que, se eleito presidente, “todo mundo terá uma arma de fogo em casa, não vai ter um centímetro demarcado para reserva indígena ou para quilombola”.
Em setembro do ano passado, o deputado chegou a subir na tribuna da Câmara para prestar homenagem a Enéas e denunciar que estão roubando nosso nióbio.
Acontece que o nióbio não vale mais que o ouro. Pelo contrário, o ouro custa quase 1000 vezes mais que o nióbio (cerca de US$57 mil contra US$62 o quilo). Uma empresa brasileira produz 75% do nióbio consumido no mundo. Outro mito que o “mito” espalha sobre o nióbio é que só o Brasil possui o minério. Não é verdade: o país de fato possui cerca de 90% das reservas mundiais de nióbio, mas existem reservas do metal no Canadá, na Rússia, na Groenlândia, em Angola e no Malaui.
Mesmo que só houvesse nióbio aqui, ele também não é insubstituível. O nióbio é apenas mais resistente e também mais caro. “Existem vários outros elementos como vanádio, molibdênio, cromo, níquel, manganês, que fazem um papel semelhante. Então a indústria siderúrgica vai observar: quanto eu gasto de nióbio para ter essa propriedade e quanto eu gasto dos outros? Então, quando nós vamos buscar negociar preço, é preciso verificar qual o maior preço que eu consigo para que o cliente ainda busque a solução nióbio”, explicou Eduardo Ribeiro, presidente da CBMM (Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração) na audiência da Comissão de Minas e Energia.
O diretor de planejamento e desenvolvimento da mineração do DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral), Wagner Fernandes Ribeiro, inclusive acrescentou que não vale a pena explorar mais porque o preço vai cair. “Quando você começa a explorar demais, o preço cai e fica inviável. Então o nióbio é praticamente usado por tonelada de minério de ferro em 400 gramas. Então você vê que é um trabalho que tem que ser cuidadoso porque se você começa a explorar de uma forma muito ampla, você vai fazer o preço cair e ele fica inviável”, disse.
O físico Rogério Cézar de Cerqueira Leite havia feito o mesmo alerta em artigo publicado há mais de dez anos na Folha de S.Paulo, em 2006, com o título O Nióbio e o Besteirol Nacionalista. “O fato de o Brasil ter posição dominante no mercado mundial e mais que 90% das reservas em exploração é antes um obstáculo, e não uma vantagem, pois nenhum país ou empresa aceita uma dependência exagerada em relação a um único fornecedor”, escreveu o cientista. “Em conseqüência, muitas empresas preferem sucedâneos ao nióbio, cujas produções são dispersas em vários países, mesmo quando os substitutos são mais dispendiosos.”
Segundo o diretor do Departamento de Transformação e Tecnologia Mineral da Secretaria de Geologia do Ministério de Minas e Energia, José Luiz Amarante, a política de exportação das empresas brasileiras e canadenses consegue abastecer o mercado mundial com sobras. No mundo, a produção de aço no ano passado foi 1,6 bilhão de toneladas. No mesmo período, a produção de nióbio alcançou 85 mil toneladas. Menos de meio quilo de nióbio é usado para dar resistência a uma tonelada de minério de ferro.
“O nióbio tem alto valor agregado e ninguém compra o segundo quilo. Você compra o quilo que você precisa comprar. Ninguém vende em condições normais qualquer mercadoria a preço inferior a preço de mercado, isso não existe”, afirmou Amarante.
Se Bolsonaro não se importa de viajar no nióbio para iludir seus eleitores, os brasileiros progressistas precisam ficar de olho no discurso do presidenciável, porque o objetivo dele é convencer as pessoas de que os índios precisam sair de suas terras para dar lugar à incrível corrida do nióbio que não existe.
Mas a mineração em terras indígenas e quilombolas não é a menina dos olhos apenas de Bolsonaro. Três medidas provisórias (MPS 789/17 790/17 e 791/17) que mudam regras no setor foram editadas em julho pelo governo ilegítimo de Temer. Elas alteram 23 pontos no Código de Mineração.
O nióbio não é uma mina de ouro que o Brasil tem nas mãos e não sabe explorar, ao contrário do que prega Jair Bolsonaro (PEN-RJ) inspirado no falecido fundador do PRONA, Enéas Carneiro (aquele do bordão “meu nome é Enéas). Uma audiência pública na Câmara colocou o nióbio em pratas limpas: o Brasil já faz uma exploração racional do minério. O presidenciável direitista, a propósito, não deu as caras na reunião.
Como se fosse um especialista, Bolsonaro vem pregando aos incautos por aí que o nióbio “vale mais que o ouro”, como disse na palestra da Hebraica em que insultou os povos quilombolas. E é esta, aliás, a razão para o insulto: o deputado de extrema-direita está de olho nas terras indígenas e quilombolas para exploração mineral e usa o nióbio para convencer as pessoas de que acabar com as reservas será bom para o país. Na mesma palestra, Bolsonaro disse literalmente que, se eleito presidente, “todo mundo terá uma arma de fogo em casa, não vai ter um centímetro demarcado para reserva indígena ou para quilombola”.
Em setembro do ano passado, o deputado chegou a subir na tribuna da Câmara para prestar homenagem a Enéas e denunciar que estão roubando nosso nióbio.
Acontece que o nióbio não vale mais que o ouro. Pelo contrário, o ouro custa quase 1000 vezes mais que o nióbio (cerca de US$57 mil contra US$62 o quilo). Uma empresa brasileira produz 75% do nióbio consumido no mundo. Outro mito que o “mito” espalha sobre o nióbio é que só o Brasil possui o minério. Não é verdade: o país de fato possui cerca de 90% das reservas mundiais de nióbio, mas existem reservas do metal no Canadá, na Rússia, na Groenlândia, em Angola e no Malaui.
Mesmo que só houvesse nióbio aqui, ele também não é insubstituível. O nióbio é apenas mais resistente e também mais caro. “Existem vários outros elementos como vanádio, molibdênio, cromo, níquel, manganês, que fazem um papel semelhante. Então a indústria siderúrgica vai observar: quanto eu gasto de nióbio para ter essa propriedade e quanto eu gasto dos outros? Então, quando nós vamos buscar negociar preço, é preciso verificar qual o maior preço que eu consigo para que o cliente ainda busque a solução nióbio”, explicou Eduardo Ribeiro, presidente da CBMM (Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração) na audiência da Comissão de Minas e Energia.
O diretor de planejamento e desenvolvimento da mineração do DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral), Wagner Fernandes Ribeiro, inclusive acrescentou que não vale a pena explorar mais porque o preço vai cair. “Quando você começa a explorar demais, o preço cai e fica inviável. Então o nióbio é praticamente usado por tonelada de minério de ferro em 400 gramas. Então você vê que é um trabalho que tem que ser cuidadoso porque se você começa a explorar de uma forma muito ampla, você vai fazer o preço cair e ele fica inviável”, disse.
O físico Rogério Cézar de Cerqueira Leite havia feito o mesmo alerta em artigo publicado há mais de dez anos na Folha de S.Paulo, em 2006, com o título O Nióbio e o Besteirol Nacionalista. “O fato de o Brasil ter posição dominante no mercado mundial e mais que 90% das reservas em exploração é antes um obstáculo, e não uma vantagem, pois nenhum país ou empresa aceita uma dependência exagerada em relação a um único fornecedor”, escreveu o cientista. “Em conseqüência, muitas empresas preferem sucedâneos ao nióbio, cujas produções são dispersas em vários países, mesmo quando os substitutos são mais dispendiosos.”
Segundo o diretor do Departamento de Transformação e Tecnologia Mineral da Secretaria de Geologia do Ministério de Minas e Energia, José Luiz Amarante, a política de exportação das empresas brasileiras e canadenses consegue abastecer o mercado mundial com sobras. No mundo, a produção de aço no ano passado foi 1,6 bilhão de toneladas. No mesmo período, a produção de nióbio alcançou 85 mil toneladas. Menos de meio quilo de nióbio é usado para dar resistência a uma tonelada de minério de ferro.
“O nióbio tem alto valor agregado e ninguém compra o segundo quilo. Você compra o quilo que você precisa comprar. Ninguém vende em condições normais qualquer mercadoria a preço inferior a preço de mercado, isso não existe”, afirmou Amarante.
Se Bolsonaro não se importa de viajar no nióbio para iludir seus eleitores, os brasileiros progressistas precisam ficar de olho no discurso do presidenciável, porque o objetivo dele é convencer as pessoas de que os índios precisam sair de suas terras para dar lugar à incrível corrida do nióbio que não existe.
Mas a mineração em terras indígenas e quilombolas não é a menina dos olhos apenas de Bolsonaro. Três medidas provisórias (MPS 789/17 790/17 e 791/17) que mudam regras no setor foram editadas em julho pelo governo ilegítimo de Temer. Elas alteram 23 pontos no Código de Mineração.
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