Por Tereza Cruvinel, em seu blog:
A ameaça de golpe militar pode ter uma serventia, afora a lamentável demonstração de que a tentação autoritária pulsa viva nos quartéis. Talvez sirva para sacudir a maioria governista na Câmara, onde aportará hoje a nova denúncia contra Michel Temer, agora por obstrução da Justiça e comando de organização criminosa, fazendo com que a ficha caia: a insustentável situação de Temer chegou ao limite. Afogado em denúncias de corrupção, aprovado por apenas 3,4% dos brasileiros, e incapaz de reverter a deterioração social e econômica do país, Temer é um presidente que justifica eventual intervenção das Forças Armadas, liquidando com o que ainda resta de democracia no país. Se suas excelências não entenderem o que se passa, e novamente absolverem Temer, poderão ser os primeiros a chorar as pitangas.
Pouco sabemos do que se passa nos quarteis. A chamada imprensa grande ignorou ou tratou lateralmente as falas militares. Temer calou-se aproveitando a distância, estando em Nova York. Do STF, só se viu a manifestação preocupada do ministro Marco Aurélio. Na Câmara houve alguns discursos, enquanto o plenário sepultava a reforma político-eleitoral e, no Senado, uma comissão aprovou a convocação do general Mourão. Mas tudo isso em segundo plano, pois a colmeia agitou-se mesmo foi com a decisão do STF de enviar à Câmara a segunda denúncia. Para eles ela é a oportunidade para deixar Temer mais ajoelhado, mais enfraquecido, dele arrancando concessões, emendas e favores.
Ele agora já está no Brasil e não tem mais desculpa para ignorar os sinais preocupantes que vieram da área militar. Em verdade, nada sabemos do que se passa nas quarteis. Mas bastaram as declarações do general Mourão, a indulgência de seu chefe, o comandante do Exército, general Vilas-Boas, e a solidariedade do general Augusto Heleno para entendermos que agora a crise ganhou um elemento novo, a questão militar.
Na noite de ontem, o ministro da Defesa, Raul Jungmann, saiu do recolhimento para anunciar que não será atendido o pedido do governo do Rio para que o Exército o socorra na crise de segurança do estado. Por que a negativa agora, se no final de julho Jungmann anunciou a presença das Forças Armadas no Rio com o espalhafato de um candidato, chegando a sobrevoar de avião as áreas patrulhadas pelos militares? O Decreto que autorizou as operações previu que poderiam acontecer até 31 de dezembro deste ano, podendo haver prorrogação para 2018. Mas depois, faltou dinheiro e os militares ficaram com o quepe na mão. Que as Forças Armadas não devem fazer papel de polícia, como justificou Jungmann, todos sabemos. Mas fizeram, e foi prometido que continuariam fazendo. Diante da ameaça de golpe, o recuo. É arriscado demais ter tropas espalhadas por centros urbanos quando a situação chega a este ponto.
Mas é a Câmara, são os deputados, e especialmente os aliados de Temer, que precisam entender o que se passa. Com a ameaça de golpe militar no ar, e a segunda denúncia contra Temer a caminho, eles têm agora uma nova chance de resolverem, pela política, a crise gerada pela aventura do golpe parlamentar do ano passado. Foi o Congresso que, derrubando Dilma, rompeu com o pacto democrático da transição e da Constituição de 1988. É o Congresso que precisa encontrar a saída, antes que ela venha pelas força bruta. Sempre se disse que a crise teria que piorar bastante antes de começar a dissipar-se. Pior, a situação não pode ficar.
A ameaça de golpe militar pode ter uma serventia, afora a lamentável demonstração de que a tentação autoritária pulsa viva nos quartéis. Talvez sirva para sacudir a maioria governista na Câmara, onde aportará hoje a nova denúncia contra Michel Temer, agora por obstrução da Justiça e comando de organização criminosa, fazendo com que a ficha caia: a insustentável situação de Temer chegou ao limite. Afogado em denúncias de corrupção, aprovado por apenas 3,4% dos brasileiros, e incapaz de reverter a deterioração social e econômica do país, Temer é um presidente que justifica eventual intervenção das Forças Armadas, liquidando com o que ainda resta de democracia no país. Se suas excelências não entenderem o que se passa, e novamente absolverem Temer, poderão ser os primeiros a chorar as pitangas.
Pouco sabemos do que se passa nos quarteis. A chamada imprensa grande ignorou ou tratou lateralmente as falas militares. Temer calou-se aproveitando a distância, estando em Nova York. Do STF, só se viu a manifestação preocupada do ministro Marco Aurélio. Na Câmara houve alguns discursos, enquanto o plenário sepultava a reforma político-eleitoral e, no Senado, uma comissão aprovou a convocação do general Mourão. Mas tudo isso em segundo plano, pois a colmeia agitou-se mesmo foi com a decisão do STF de enviar à Câmara a segunda denúncia. Para eles ela é a oportunidade para deixar Temer mais ajoelhado, mais enfraquecido, dele arrancando concessões, emendas e favores.
Ele agora já está no Brasil e não tem mais desculpa para ignorar os sinais preocupantes que vieram da área militar. Em verdade, nada sabemos do que se passa nas quarteis. Mas bastaram as declarações do general Mourão, a indulgência de seu chefe, o comandante do Exército, general Vilas-Boas, e a solidariedade do general Augusto Heleno para entendermos que agora a crise ganhou um elemento novo, a questão militar.
Na noite de ontem, o ministro da Defesa, Raul Jungmann, saiu do recolhimento para anunciar que não será atendido o pedido do governo do Rio para que o Exército o socorra na crise de segurança do estado. Por que a negativa agora, se no final de julho Jungmann anunciou a presença das Forças Armadas no Rio com o espalhafato de um candidato, chegando a sobrevoar de avião as áreas patrulhadas pelos militares? O Decreto que autorizou as operações previu que poderiam acontecer até 31 de dezembro deste ano, podendo haver prorrogação para 2018. Mas depois, faltou dinheiro e os militares ficaram com o quepe na mão. Que as Forças Armadas não devem fazer papel de polícia, como justificou Jungmann, todos sabemos. Mas fizeram, e foi prometido que continuariam fazendo. Diante da ameaça de golpe, o recuo. É arriscado demais ter tropas espalhadas por centros urbanos quando a situação chega a este ponto.
Mas é a Câmara, são os deputados, e especialmente os aliados de Temer, que precisam entender o que se passa. Com a ameaça de golpe militar no ar, e a segunda denúncia contra Temer a caminho, eles têm agora uma nova chance de resolverem, pela política, a crise gerada pela aventura do golpe parlamentar do ano passado. Foi o Congresso que, derrubando Dilma, rompeu com o pacto democrático da transição e da Constituição de 1988. É o Congresso que precisa encontrar a saída, antes que ela venha pelas força bruta. Sempre se disse que a crise teria que piorar bastante antes de começar a dissipar-se. Pior, a situação não pode ficar.
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