Por Mariana Serafini, no site da UJS:
Diferente dos versos da canção de Belchior, sobre o “rapaz latino-americano sem dinheiro no banco, sem parentes importantes e vindo do interior”, Che pertencia à uma família de posses e circulou nos ambientes aristocráticos da Argentina. No entanto, escolheu “descer degraus” de sua classe social para conhecer a realidade da América Latina e mais que isso, transformá-la.
Como muitos rapazes e moças latino-americanos, Che sonhou em transformar o mundo e não poupou esforços para fazê-lo. Mas além das ganas revolucionárias, o jovem argentino teve a estrutura necessária não só para estudar e se desenvolver intelectualmente, como para custear suas aventuras – mesmo que de forma precária – continente adentro.
Foi a Guerra Civil Espanhola (1936 – 1939) que despertou o interesse político do pequeno Ernesto Guevara de La Serna. À época com pouco mais de dez anos, ele ouvia as histórias dos vizinhos espanhóis refugiados no Sul do mundo devido à perseguição franquista. Além disso, teve um tio jornalista que trabalhou na cobertura da guerra e ao voltar para a casa da família Guevara y Lynch encantou a criança com as histórias sobre aquela epopeia contra a ditadura de Francisco Franco.
O começo da militância política de Che também se parece com o de muitos jovens latino-americanos. Foi no movimento estudantil que ele teve contato com organizações e movimentos sociais. No entanto, apesar da pouca idade, deu mostras do espírito guerrilheiro quando se recusou a participar de uma marcha de secundaristas por acreditar que se não lhe dessem um revólver, a manifestação seria inútil.
Na faculdade de Medicina, Che passa a atuar de forma mais orgânica dos movimentos políticos, mas ainda não é um militante disciplinado, nem ocupa cargos de destaque. Só se reconheceria comunista mais tarde, durante sua passagem pela Guatemala em meados da década de 50.
La Poderosa I e II
É impossível pensar em Che Guevara e não lembrar de sua viagem ao lado do amigo Alberto Granado, quando os dois futuros médicos entraram em contato com outra América Latina, bem diferente daquela abastada que conheciam. Mas antes disso, o guerrilheiro já cultivava o espírito nômade que o levou de Rosário (onde nasceu) para o mundo.
Quando estava no terceiro ano da faculdade, Che fez sua primeira – de muitas – viagem solitária. Com uma bicicleta batizada de La Poderosa, percorreu o norte da Argentina. O objetivo era estacionar em Córdoba, onde o amigo Alberto já trabalhava em um hospital, porém continuou com o pé na estrada e só foi parar em Jujuy, a região de montanhas coloridas no extremo norte argentino.
Apenas dois anos depois, prestes a se formar, Che e Alberto caem no mundo novamente. É quando entra em cena a La Poderosa II, uma velha motocicleta Norton 500cc que só os levou até Santiago, no Chile. Depois seguiram viagem de carona e percorreram a América hispânica. Neste caminho conheceram todo tipo de mazela. Foi então que Che não teve dúvidas sobre qual seria seu papel na história: transformar a realidade do continente esquecido.
No entanto, mesmo depois de colocar abaixo uma ditadura, ao lado de Fidel e Raúl Castro, Camilo Cienfuegos, Célia Sanchez e outros guerrilheiros cubanos, o espírito nômade não abandonou o guerrilheiro. Pouco tempo depois do triunfo da revolução, o médico, jornalista, fotógrafo, ministro e pai de cinco filhos, partiu novamente para novas investidas contra o imperialismo no mundo. Passou pelo Congo, e depois seguiu para a Bolívia, onde foi capturado e morto no dia 9 de outubro de 1967.
As ganas de conhecer, amar e mudar as coisas não deixaram que Che se prendesse à “burocracia do Estado”, como ele mesmo disse antes de partir novamente. Mas fosse de bicicleta, moto, carona, barco ou avião, um detalhe era fundamental para o revolucionário, ele nunca abriu mão de usar botas seguras e confortáveis. Para ele, os sapatos eram um componente importante de um guerrilheiro e os relatos dão conta de que quando foi capturado, estava descalço. Os assassinos de Che cortaram suas mãos para dificultar o reconhecimento do cadáver, sem saber que eram os pés a identidade da lenda.
Diferente dos versos da canção de Belchior, sobre o “rapaz latino-americano sem dinheiro no banco, sem parentes importantes e vindo do interior”, Che pertencia à uma família de posses e circulou nos ambientes aristocráticos da Argentina. No entanto, escolheu “descer degraus” de sua classe social para conhecer a realidade da América Latina e mais que isso, transformá-la.
Como muitos rapazes e moças latino-americanos, Che sonhou em transformar o mundo e não poupou esforços para fazê-lo. Mas além das ganas revolucionárias, o jovem argentino teve a estrutura necessária não só para estudar e se desenvolver intelectualmente, como para custear suas aventuras – mesmo que de forma precária – continente adentro.
Foi a Guerra Civil Espanhola (1936 – 1939) que despertou o interesse político do pequeno Ernesto Guevara de La Serna. À época com pouco mais de dez anos, ele ouvia as histórias dos vizinhos espanhóis refugiados no Sul do mundo devido à perseguição franquista. Além disso, teve um tio jornalista que trabalhou na cobertura da guerra e ao voltar para a casa da família Guevara y Lynch encantou a criança com as histórias sobre aquela epopeia contra a ditadura de Francisco Franco.
O começo da militância política de Che também se parece com o de muitos jovens latino-americanos. Foi no movimento estudantil que ele teve contato com organizações e movimentos sociais. No entanto, apesar da pouca idade, deu mostras do espírito guerrilheiro quando se recusou a participar de uma marcha de secundaristas por acreditar que se não lhe dessem um revólver, a manifestação seria inútil.
Na faculdade de Medicina, Che passa a atuar de forma mais orgânica dos movimentos políticos, mas ainda não é um militante disciplinado, nem ocupa cargos de destaque. Só se reconheceria comunista mais tarde, durante sua passagem pela Guatemala em meados da década de 50.
La Poderosa I e II
É impossível pensar em Che Guevara e não lembrar de sua viagem ao lado do amigo Alberto Granado, quando os dois futuros médicos entraram em contato com outra América Latina, bem diferente daquela abastada que conheciam. Mas antes disso, o guerrilheiro já cultivava o espírito nômade que o levou de Rosário (onde nasceu) para o mundo.
Quando estava no terceiro ano da faculdade, Che fez sua primeira – de muitas – viagem solitária. Com uma bicicleta batizada de La Poderosa, percorreu o norte da Argentina. O objetivo era estacionar em Córdoba, onde o amigo Alberto já trabalhava em um hospital, porém continuou com o pé na estrada e só foi parar em Jujuy, a região de montanhas coloridas no extremo norte argentino.
Apenas dois anos depois, prestes a se formar, Che e Alberto caem no mundo novamente. É quando entra em cena a La Poderosa II, uma velha motocicleta Norton 500cc que só os levou até Santiago, no Chile. Depois seguiram viagem de carona e percorreram a América hispânica. Neste caminho conheceram todo tipo de mazela. Foi então que Che não teve dúvidas sobre qual seria seu papel na história: transformar a realidade do continente esquecido.
No entanto, mesmo depois de colocar abaixo uma ditadura, ao lado de Fidel e Raúl Castro, Camilo Cienfuegos, Célia Sanchez e outros guerrilheiros cubanos, o espírito nômade não abandonou o guerrilheiro. Pouco tempo depois do triunfo da revolução, o médico, jornalista, fotógrafo, ministro e pai de cinco filhos, partiu novamente para novas investidas contra o imperialismo no mundo. Passou pelo Congo, e depois seguiu para a Bolívia, onde foi capturado e morto no dia 9 de outubro de 1967.
As ganas de conhecer, amar e mudar as coisas não deixaram que Che se prendesse à “burocracia do Estado”, como ele mesmo disse antes de partir novamente. Mas fosse de bicicleta, moto, carona, barco ou avião, um detalhe era fundamental para o revolucionário, ele nunca abriu mão de usar botas seguras e confortáveis. Para ele, os sapatos eram um componente importante de um guerrilheiro e os relatos dão conta de que quando foi capturado, estava descalço. Os assassinos de Che cortaram suas mãos para dificultar o reconhecimento do cadáver, sem saber que eram os pés a identidade da lenda.
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