Por Jandira Feghali
Os constantes protestos em exposições artísticas no Brasil não passam de uma mirabolante e bem pensada cortina de fumaça. Grupos neofascistas, os mesmos que foram às ruas pedir o impeachment sem crime de Dilma e hoje apoiadores do presidente Temer, criaram um rendez-vous na tentativa de fazer os olhos da sociedade se distanciarem dos crimes do mandatário ilegítimo. Com a segunda denúncia batendo às portas do plenário da Câmara dos Deputados, os 14 milhões de desempregados e cortes brutais no orçamento de políticas sociais, o país todo se envolve numa discussão sobre censura.
Os que atacam a liberdade artística o fazem com argumentos distorcidos, moralistas e atrasados. Ao mesmo tempo em que defendem fervorosamente a moral e os bons costumes e chamam exposições de verdadeiros cultos à pedofilia, projetam líderes oportunistas e abraçam às escondidas o presidente mais rejeitado do Brasil. Chegam a compartilhar das ideias preconceituosas de um ex-ator pornô, que se gabou em plena rede aberta de televisão de violentar sexualmente uma mãe-de-santo. As contradições do bonde da insensatez não têm fim pois o oportunismo reina entre os paladinos da Justiça.
É cada vez mais comum ouvir pedidos de censura artística daqueles que se insurgem contra essas exposições. Na ótica desta minoria política míope, artistas que construíram novas óticas e reflexões sobre o mundo, não mais teriam lugar nos espaços culturais. Nus, imagens distorcidas e até a retratação fiel de uma realidade violenta não cabem na mentalidade daqueles que só enxergam o que lhes interessa politicamente.
Lutar em prol dos direitos das crianças, adolescentes e mulheres nada tem a ver com o que tem sido feito por estes grupos. A dignidade é reafirmada na liberdade. A pluralidade de valores da humanidade e da sua cultura precisam da liberdade de criação, da liberdade artística. Até porque defender a liberdade tem a ver com a defesa da educação crítica, de um mundo em que as crianças podem debater e discutir o que está a sua volta, sem tabus ou preconceitos. É desta forma que se constrói uma sociedade mais forte e potencialmente inovadora.
Daqui a pouco, a persistirem os brados inconsequentes, veremos uma turba raivosa queimar livros em praça pública, assistiremos teatros e palcos invadidos, artistas impedidos de se apresentarem, e até mesmo cinemas queimados, por colocarem em cartaz filmes que tratem de temas polêmicos e não condizentes com o Brasil submisso e alienado que pretendem alcançar. Em que momento nosso país, que já celebrou sua diversidade e riqueza cultural, se transformou em terra do preconceito e da hipocrisia? A resposta vem fácil. A onda de intolerância ganhou força a partir do momento em que nossa democracia foi ferida de morte. Vivemos mais uma etapa nefasta do golpe que parece não ter fim.
É hora de termos consciência dos efeitos do golpe e de como eles atingem de forma dramática o desenvolvimento pleno de toda uma geração. Crianças e adolescentes sem acesso à cultura e à educação. Um Brasil congelado e condenado a reviver um passado que nunca esperávamos ver ressuscitado. O horizonte só se abrirá e devolverá essas ideias ao esquecimento que merecem a partir do fortalecimento da democracia. E isso só acontecerá com a luta diária de todos nós para devolver ao povo o direito de escolher seu governante maior. Atravessemos, com coragem, a cortina de fumaça e expurguemos do poder, unidos, o ilegítimo grupo que lá está. Sem armadilhas e sem máscaras moralistas, o Brasil precisa avançar na defesa de sua liberdade.
* Jandira Feghali é médica, deputada federal (PCdoB/RJ) e vice-líder da Oposição.
Os constantes protestos em exposições artísticas no Brasil não passam de uma mirabolante e bem pensada cortina de fumaça. Grupos neofascistas, os mesmos que foram às ruas pedir o impeachment sem crime de Dilma e hoje apoiadores do presidente Temer, criaram um rendez-vous na tentativa de fazer os olhos da sociedade se distanciarem dos crimes do mandatário ilegítimo. Com a segunda denúncia batendo às portas do plenário da Câmara dos Deputados, os 14 milhões de desempregados e cortes brutais no orçamento de políticas sociais, o país todo se envolve numa discussão sobre censura.
Os que atacam a liberdade artística o fazem com argumentos distorcidos, moralistas e atrasados. Ao mesmo tempo em que defendem fervorosamente a moral e os bons costumes e chamam exposições de verdadeiros cultos à pedofilia, projetam líderes oportunistas e abraçam às escondidas o presidente mais rejeitado do Brasil. Chegam a compartilhar das ideias preconceituosas de um ex-ator pornô, que se gabou em plena rede aberta de televisão de violentar sexualmente uma mãe-de-santo. As contradições do bonde da insensatez não têm fim pois o oportunismo reina entre os paladinos da Justiça.
É cada vez mais comum ouvir pedidos de censura artística daqueles que se insurgem contra essas exposições. Na ótica desta minoria política míope, artistas que construíram novas óticas e reflexões sobre o mundo, não mais teriam lugar nos espaços culturais. Nus, imagens distorcidas e até a retratação fiel de uma realidade violenta não cabem na mentalidade daqueles que só enxergam o que lhes interessa politicamente.
Lutar em prol dos direitos das crianças, adolescentes e mulheres nada tem a ver com o que tem sido feito por estes grupos. A dignidade é reafirmada na liberdade. A pluralidade de valores da humanidade e da sua cultura precisam da liberdade de criação, da liberdade artística. Até porque defender a liberdade tem a ver com a defesa da educação crítica, de um mundo em que as crianças podem debater e discutir o que está a sua volta, sem tabus ou preconceitos. É desta forma que se constrói uma sociedade mais forte e potencialmente inovadora.
Daqui a pouco, a persistirem os brados inconsequentes, veremos uma turba raivosa queimar livros em praça pública, assistiremos teatros e palcos invadidos, artistas impedidos de se apresentarem, e até mesmo cinemas queimados, por colocarem em cartaz filmes que tratem de temas polêmicos e não condizentes com o Brasil submisso e alienado que pretendem alcançar. Em que momento nosso país, que já celebrou sua diversidade e riqueza cultural, se transformou em terra do preconceito e da hipocrisia? A resposta vem fácil. A onda de intolerância ganhou força a partir do momento em que nossa democracia foi ferida de morte. Vivemos mais uma etapa nefasta do golpe que parece não ter fim.
É hora de termos consciência dos efeitos do golpe e de como eles atingem de forma dramática o desenvolvimento pleno de toda uma geração. Crianças e adolescentes sem acesso à cultura e à educação. Um Brasil congelado e condenado a reviver um passado que nunca esperávamos ver ressuscitado. O horizonte só se abrirá e devolverá essas ideias ao esquecimento que merecem a partir do fortalecimento da democracia. E isso só acontecerá com a luta diária de todos nós para devolver ao povo o direito de escolher seu governante maior. Atravessemos, com coragem, a cortina de fumaça e expurguemos do poder, unidos, o ilegítimo grupo que lá está. Sem armadilhas e sem máscaras moralistas, o Brasil precisa avançar na defesa de sua liberdade.
* Jandira Feghali é médica, deputada federal (PCdoB/RJ) e vice-líder da Oposição.
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