Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:
Pesquisas e estudos recentes dão conta de que o eleitor médio do extremista de direita Jair Bolsonaro é mais rico, usa mais as redes sociais para defender suas, vá lá, “ideias” políticas, mas, também, é um tipo de eleitor basicamente IDIOTA.
Por que não me surpreendo?
O ano eleitoral de 2018 começa com uma notícia revelada pelo Datafolha que, se não tinha comprovação, ao menos era intuída por quem atua ou meramente se informa politicamente na internet: na rede, a extrema-direita é muito mais forte que a esquerda.
Deslindar esse mistério é o primeiro passo que a esquerda deve dar neste ano porque a eleição que ocorrerá no segundo semestre será A eleição da internet após a proibição das doações eleitorais de empresas, proibição que irá baratear como nunca o processo eleitoral.
Sem recursos para grandes campanhas de rua, as redes sociais, os blogs e os aplicativos de mensagens instantâneas como o What’s App concentrarão o debate político do país como jamais aconteceu.
É nesse contexto que surge pesquisa Datafolha que dá conta de que o eleitorado do extremista de direita Jair Bolsonaro é o mais ativo nas redes.
Segundo o Datafolha, os brasileiros que declaram voto em Bolsonaro são, proporcionalmente, os que mais compartilham notícias sobre política e eleições no Facebook e no WhatsApp, segundo pesquisa realizada no fim de novembro pelo Datafolha.
O Blog da Cidadania tem feito um trabalho em profundidade em outra rede social importante e na qual é possível perceber a grande força da extrema-direita na internet. Segundo o site norte-americano especializado em estatísticas, o Statista.com, o YouTube é a segunda maior rede social do mundo.
No YouTube, a preponderância da extrema-direita sobre a esquerda é ainda maior que no Facebook, por exemplo, que aparece nessa pesquisa Datafolha como a rede social mais dominada pelos ditos “bolsomínions”.
Qualquer busca sobre política no YouTube revelará uma avalanche de youtubers de direita com um público gigantesco. Quem lidera o debate político de direita nessa rede social é o músico Nando Moura, um sujeito obtuso, extremamente homofóbico, fundamentalista religioso e ridiculamente moralista, mas que tem quase dois milhões de inscritos em seu canal.
Entre os eleitores do deputado federal pelo PSC fluminense com acesso à internet, 87% têm conta no Facebook e 40% dizem compartilhar noticiário político-eleitoral na plataforma; 93% têm conta no WhatsApp, e 43% declaram disseminar o conteúdo.
Segundo analistas como o historiador britânico Niall Ferguson, a exemplo do que aconteceu na eleição de Donald Trump nos EUA, também no Brasil o candidato que compreender melhor como usar mídia social terá mais chance de vencer.
Para o consultor Flávio Ferrari, que dirigiu os institutos Ipsos e Ibope, “as redes sociais ganham importância eleitoral na medida em que não são sujeitas às restrições das demais mídias” e poderão “contribuir significativamente para o desempenho de um candidato”.
Entre os eleitores do ex-presidente Lula (PT), que lidera na intenção de voto, 74% têm conta no Facebook, e 31% compartilham noticiário político-eleitoral; 79% têm conta no WhatsApp, e 30% disseminam o conteúdo.
Os de Marina Silva (Rede) têm números próximos aos de Bolsonaro quanto ao alcance (86% no Facebook, 91% no WhatsApp), mas inferiores quanto ao engajamento (28% e 27%, respectivamente).
A pesquisa sobre os meios de informação política foi realizada nos dias 29 e 30 de novembro, com 2.765 entrevistas presenciais em 192 cidades. A margem de erro é de dois pontos percentuais.
Alguns tenta explicar com o seguinte fato a razão de o eleitorado de Lula compartilhar menos notícias a favor de seu candidato e de esse eleitorado se envolver menos na disputa política nas redes: o eleitorado de Bolsonaro e o de Marina (centro-direita) são os mais ricos e escolarizados e, portanto, têm mais acesso à internet.
Segundo outra pesquisa Datafolha, Bolsonaro consegue seu melhor desempenho entre os mais ricos e com maior escolaridade. Chega a liderar as simulações entre os que completaram o ensino superior e entre os que informam renda familiar maior que cinco salários mínimos, enquanto que, nos estratos sociais mais baixos, perde feio de Lula.
Porém, essa explicação para o empenho maior da extrema-direita na internet não satisfaz porque até 2013 o eleitorado petista era, de longe, o mais ativo na rede. O mesmo processo que, a partir daquele ano, enfraqueceu a esquerda e vitaminou a direita politicamente, teve o mesmo efeito no engajamento esquerdista nas redes sociais.
O que ocorre é que, enquanto o eleitorado de Bolsonaro está eufórico com o protagonismo que seu político preferido alcançou, o eleitorado petista e o esquerdista em geral ficou deprimido com os revezes que o PT e a esquerda como um todo sofreram a partir de junho de 2013 no Brasil.
Mas há outra questão sobre essa preferência dos mais ricos e escolarizados por Bolsonaro: para esse setor da sociedade, para os mais ricos manterem sua hegemonia os pobres não podem melhorar de vida, pois poderão até se igualar aos mais ricos.
Mas e a escolaridade? A preferência dos mais escolarizados por um energúmeno como Bolsonaro não destoa do fato de essas pessoas, em tese, serem mais esclarecidas?
Tudo tem a ver com a renda. Os mais ricos são mais escolarizados porque quem é mais rico pode se dedicar mais aos estudos por não precisar começar a trabalhar cedo, enquanto que os mais pobres têm que conciliar trabalho e estudo.
Mas a preferência dos mais ricos e escolarizados por Bolsonaro mostra que dinheiro e escolaridade não tornam ninguém mais inteligente. Uma terceira pesquisa revela que esse eleitorado “de elite” é infantilizado e nem sabe direito por que vota no extremista de direita.
O jornal Valor Econômico encomendou uma pesquisa à empresa de marketing político Ideia Big Data que mostra que o eleitor médio de Bolsonaro não leva suas opiniões ao pé da letra.
Reunidos em torno de uma mesa para debater política, eleitores que declaram intenção de votar em Bolsonaro para presidente foram submetidos a um teste sugerido pela reportagem do Valor. Os participantes foram provocados a dizer o que fariam se algum dia flagrassem um filho fumando maconha.
Nenhum deles fora avisado de que, anos atrás, o parlamentar disse que submeteria o próprio filho à tortura numa situação como essa.
O mediador do estudo, conduzido pela empresa Ideia Big Data ofereceu quatro opções aos oito eleitores do experimento:
a) deixaria o filho fumando numa boa e apenas explicaria que aquilo poderia fazer mal;
b) conversaria com o rapaz e tentaria convencê-lo a parar;
c) denunciaria o menino à polícia;
d) partiria para a tortura.
Quando o mediador leu a terceira opção, alguns já começaram a reagir com estranhamento. “Quem vai entregar um filho pra polícia?”, disse uma mulher. Quando leu a quarta alternativa, caíram na risada. Ninguém cogitou a hipótese de torturar um filho, que é o que Bolsonaro prega.
No grupo, todos concordaram que o melhor caminho é o da conversa.
Talvez para surpresa ainda maior do próprio Bolsonaro, contumaz defensor de “punição ao vagabundo” quando o assunto é usuário de drogas, seus simpatizantes foram além. Com o debate instalado, a conversa evoluiu para uma concordância geral a favor da legalização da maconha.
“Eu acho que é a mesma coisa do cigarro, da bebida”, disse um. “Geraria muito imposto com a venda liberada”, argumentou outro. “Se fosse liberado, seria feito por um farmacêutico e não teria tanta porcaria junto.”
Ou seja, o eleitor médio de Bolsonaro não é só mais rico, é mais idiota do que a média, pois apoia um candidato sem conhecer suas ideias só porque ele é antipetista, contrário a políticas sociais e à homossexualidade. E odeia pobres.
Eis por que o eleitor de Bolsonaro é perigoso, porque quer eleger uma pessoa desequilibrada, despreparada, truculenta, preconceituosa e ignorante contanto que não permita distribuição de renda e evolução dos costumes.
No ano que se inicia, portanto, a primeira missão da esquerda é se organizar na internet e parar com essa história de “desânimo”. Além disso, o eleitorado progressista precisa focar no fato de que sem compartilhar textos, vídeos, memes e notícias que favoreçam sua ideologia política, o Brasil corre o risco de ter um governo infinitamente pior em 2019.
***
Assista a reportagem em vídeo e, em seguida, peço que leia mensagem do Blog aos leitores [aqui].
Pesquisas e estudos recentes dão conta de que o eleitor médio do extremista de direita Jair Bolsonaro é mais rico, usa mais as redes sociais para defender suas, vá lá, “ideias” políticas, mas, também, é um tipo de eleitor basicamente IDIOTA.
Por que não me surpreendo?
O ano eleitoral de 2018 começa com uma notícia revelada pelo Datafolha que, se não tinha comprovação, ao menos era intuída por quem atua ou meramente se informa politicamente na internet: na rede, a extrema-direita é muito mais forte que a esquerda.
Deslindar esse mistério é o primeiro passo que a esquerda deve dar neste ano porque a eleição que ocorrerá no segundo semestre será A eleição da internet após a proibição das doações eleitorais de empresas, proibição que irá baratear como nunca o processo eleitoral.
Sem recursos para grandes campanhas de rua, as redes sociais, os blogs e os aplicativos de mensagens instantâneas como o What’s App concentrarão o debate político do país como jamais aconteceu.
É nesse contexto que surge pesquisa Datafolha que dá conta de que o eleitorado do extremista de direita Jair Bolsonaro é o mais ativo nas redes.
Segundo o Datafolha, os brasileiros que declaram voto em Bolsonaro são, proporcionalmente, os que mais compartilham notícias sobre política e eleições no Facebook e no WhatsApp, segundo pesquisa realizada no fim de novembro pelo Datafolha.
O Blog da Cidadania tem feito um trabalho em profundidade em outra rede social importante e na qual é possível perceber a grande força da extrema-direita na internet. Segundo o site norte-americano especializado em estatísticas, o Statista.com, o YouTube é a segunda maior rede social do mundo.
No YouTube, a preponderância da extrema-direita sobre a esquerda é ainda maior que no Facebook, por exemplo, que aparece nessa pesquisa Datafolha como a rede social mais dominada pelos ditos “bolsomínions”.
Qualquer busca sobre política no YouTube revelará uma avalanche de youtubers de direita com um público gigantesco. Quem lidera o debate político de direita nessa rede social é o músico Nando Moura, um sujeito obtuso, extremamente homofóbico, fundamentalista religioso e ridiculamente moralista, mas que tem quase dois milhões de inscritos em seu canal.
Entre os eleitores do deputado federal pelo PSC fluminense com acesso à internet, 87% têm conta no Facebook e 40% dizem compartilhar noticiário político-eleitoral na plataforma; 93% têm conta no WhatsApp, e 43% declaram disseminar o conteúdo.
Segundo analistas como o historiador britânico Niall Ferguson, a exemplo do que aconteceu na eleição de Donald Trump nos EUA, também no Brasil o candidato que compreender melhor como usar mídia social terá mais chance de vencer.
Para o consultor Flávio Ferrari, que dirigiu os institutos Ipsos e Ibope, “as redes sociais ganham importância eleitoral na medida em que não são sujeitas às restrições das demais mídias” e poderão “contribuir significativamente para o desempenho de um candidato”.
Entre os eleitores do ex-presidente Lula (PT), que lidera na intenção de voto, 74% têm conta no Facebook, e 31% compartilham noticiário político-eleitoral; 79% têm conta no WhatsApp, e 30% disseminam o conteúdo.
Os de Marina Silva (Rede) têm números próximos aos de Bolsonaro quanto ao alcance (86% no Facebook, 91% no WhatsApp), mas inferiores quanto ao engajamento (28% e 27%, respectivamente).
A pesquisa sobre os meios de informação política foi realizada nos dias 29 e 30 de novembro, com 2.765 entrevistas presenciais em 192 cidades. A margem de erro é de dois pontos percentuais.
Alguns tenta explicar com o seguinte fato a razão de o eleitorado de Lula compartilhar menos notícias a favor de seu candidato e de esse eleitorado se envolver menos na disputa política nas redes: o eleitorado de Bolsonaro e o de Marina (centro-direita) são os mais ricos e escolarizados e, portanto, têm mais acesso à internet.
Segundo outra pesquisa Datafolha, Bolsonaro consegue seu melhor desempenho entre os mais ricos e com maior escolaridade. Chega a liderar as simulações entre os que completaram o ensino superior e entre os que informam renda familiar maior que cinco salários mínimos, enquanto que, nos estratos sociais mais baixos, perde feio de Lula.
Porém, essa explicação para o empenho maior da extrema-direita na internet não satisfaz porque até 2013 o eleitorado petista era, de longe, o mais ativo na rede. O mesmo processo que, a partir daquele ano, enfraqueceu a esquerda e vitaminou a direita politicamente, teve o mesmo efeito no engajamento esquerdista nas redes sociais.
O que ocorre é que, enquanto o eleitorado de Bolsonaro está eufórico com o protagonismo que seu político preferido alcançou, o eleitorado petista e o esquerdista em geral ficou deprimido com os revezes que o PT e a esquerda como um todo sofreram a partir de junho de 2013 no Brasil.
Mas há outra questão sobre essa preferência dos mais ricos e escolarizados por Bolsonaro: para esse setor da sociedade, para os mais ricos manterem sua hegemonia os pobres não podem melhorar de vida, pois poderão até se igualar aos mais ricos.
Mas e a escolaridade? A preferência dos mais escolarizados por um energúmeno como Bolsonaro não destoa do fato de essas pessoas, em tese, serem mais esclarecidas?
Tudo tem a ver com a renda. Os mais ricos são mais escolarizados porque quem é mais rico pode se dedicar mais aos estudos por não precisar começar a trabalhar cedo, enquanto que os mais pobres têm que conciliar trabalho e estudo.
Mas a preferência dos mais ricos e escolarizados por Bolsonaro mostra que dinheiro e escolaridade não tornam ninguém mais inteligente. Uma terceira pesquisa revela que esse eleitorado “de elite” é infantilizado e nem sabe direito por que vota no extremista de direita.
O jornal Valor Econômico encomendou uma pesquisa à empresa de marketing político Ideia Big Data que mostra que o eleitor médio de Bolsonaro não leva suas opiniões ao pé da letra.
Reunidos em torno de uma mesa para debater política, eleitores que declaram intenção de votar em Bolsonaro para presidente foram submetidos a um teste sugerido pela reportagem do Valor. Os participantes foram provocados a dizer o que fariam se algum dia flagrassem um filho fumando maconha.
Nenhum deles fora avisado de que, anos atrás, o parlamentar disse que submeteria o próprio filho à tortura numa situação como essa.
O mediador do estudo, conduzido pela empresa Ideia Big Data ofereceu quatro opções aos oito eleitores do experimento:
a) deixaria o filho fumando numa boa e apenas explicaria que aquilo poderia fazer mal;
b) conversaria com o rapaz e tentaria convencê-lo a parar;
c) denunciaria o menino à polícia;
d) partiria para a tortura.
Quando o mediador leu a terceira opção, alguns já começaram a reagir com estranhamento. “Quem vai entregar um filho pra polícia?”, disse uma mulher. Quando leu a quarta alternativa, caíram na risada. Ninguém cogitou a hipótese de torturar um filho, que é o que Bolsonaro prega.
No grupo, todos concordaram que o melhor caminho é o da conversa.
Talvez para surpresa ainda maior do próprio Bolsonaro, contumaz defensor de “punição ao vagabundo” quando o assunto é usuário de drogas, seus simpatizantes foram além. Com o debate instalado, a conversa evoluiu para uma concordância geral a favor da legalização da maconha.
“Eu acho que é a mesma coisa do cigarro, da bebida”, disse um. “Geraria muito imposto com a venda liberada”, argumentou outro. “Se fosse liberado, seria feito por um farmacêutico e não teria tanta porcaria junto.”
Ou seja, o eleitor médio de Bolsonaro não é só mais rico, é mais idiota do que a média, pois apoia um candidato sem conhecer suas ideias só porque ele é antipetista, contrário a políticas sociais e à homossexualidade. E odeia pobres.
Eis por que o eleitor de Bolsonaro é perigoso, porque quer eleger uma pessoa desequilibrada, despreparada, truculenta, preconceituosa e ignorante contanto que não permita distribuição de renda e evolução dos costumes.
No ano que se inicia, portanto, a primeira missão da esquerda é se organizar na internet e parar com essa história de “desânimo”. Além disso, o eleitorado progressista precisa focar no fato de que sem compartilhar textos, vídeos, memes e notícias que favoreçam sua ideologia política, o Brasil corre o risco de ter um governo infinitamente pior em 2019.
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Assista a reportagem em vídeo e, em seguida, peço que leia mensagem do Blog aos leitores [aqui].
1 comentários:
Mais alguém esta lendo este texto após o primeiro turno? hahaha
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