Por Ricardo Kotscho, em seu blog:
A semana começou com uma única preocupação em Brasília: o julgamento de Lula em Porto Alegre, que pode definir os rumos da eleição presidencial.
Ainda faltam nove dias, mas não se fala em outro assunto na mídia e nos principais gabinetes da República.
Preocupado com o que pode acontecer, o presidente do TRF-4, palco do julgamento do século, Thompson Flores fez uma romaria pela cidade na segunda-feira para pedir proteção aos seus desembargadores.
Thompson começou pela presidente do STF, Carmen Lúcia, e chegou ao Palácio do Planalto, onde foi recebido pelo general Sergio Etchegoyen, chefe do gabinete de Segurança Institucional (GSI, antigo SNI), depois de se encontrar com a procuradora geral da República, Raquel Dodge e do diretor geral da Polícia Federal, Fernando Segóvia.
Por que eles têm tanto medo de Lula, o ex-presidente que deixou o Palácio do Planalto com 87% de aprovação popular em 2010?
É exatamente por isso: o medo não é de Lula, um ser absolutamente inofensivo, que não tem nada de extremista, mas do que ele representa - os milhões de brasileiros que melhoraram de vida em seus oito anos de governo.
É o contraste entre o período de Lula e o atual, em que o presidente Michel Temer e tudo o que ele representa têm 90% de rejeição à frente e um governo que tira direitos dos trabalhadores e governa para o mercado.
É a liderança de Lula em todas as pesquisas, com o dobro de intenções de voto do segundo colocado, o capitão Bolsonaro, enquanto os candidatos do governo não conseguem passar de um dígito.
Lula governou para os pobres sem perseguir os ricos, que nunca ganharam tanto dinheiro na vida (um grande banqueiro pensou até em erigir uma estátua para o ex-presidente, como me contou seu filho).
Em seus oito anos de governo, reinou a paz social, a inflação e os juros ficaram sob controle, as agências de risco aumentaram a nota do Brasil, foi zerada a dívida com o FMI e 40 milhões de brasileiros saíram da miséria, para onde já estão voltando.
Respeitado pelos principais líderes mundiais, falando de igual para igual com Barack Obama, que o chamou de “o cara”, Lula resgatou a auto estima e o orgulho de ser brasileiro.
Em menos de dois anos do “governo das reformas”, o Brasil voltou a fazer o papel de gandula no cenário mundial, está liquidando seu patrimônio na bacia das almas e reajustou o salário mínimo e as aposentadorias abaixo do índice da inflação.
O que estará em julgamento no tribunal de Porto Alegre são estes dois Brasis tão opostos.
Vem daí o medo que eles têm de Lula e do que poderá acontecer daqui até as eleições de outubro.
Vida que segue.
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