Por André Barrocal, na revista CartaCapital:
Michel Temer quer a reeleição, para defender o legado de seu governo, como tem dito por aí o ministro do Esporte, Leonardo Picciani. “Legado”, e isso ele não falou, são aqueles dois processos criminais do escândalo Friboi que só esperam o presidente largar a faixa para correrem na Justiça. Teria a intervenção federal decretada no Rio de Picciani algo a ver com os planos de Temer?
Para o deputado Celso Pansera, eleito pelo PMDB do Rio e hoje prestes a deixar o partido devido ao neoliberalismo de Temer, tem. “É uma tentativa do governo de demonstrar força”, diz. “A bandeira eleitoral da segurança pública irá para quem tiver protagonismo, e o governo vai ter.”
Segurança pública é uma das principais preocupações dos brasileiros segundo algumas pesquisas, ao lado de corrupção e saúde. O assunto tinha tudo para ser dominado na campanha presidencial pelo reacionário deputado Jair Bolsonaro, que é eleito pelo Rio.
Com a intervenção, abre-se espaço para algum candidato do governismo, talvez o próprio Temer, rivalizar com Bolsonaro, o nome a ser batido pela direita governista para chegar ao segundo turno com o postulante progressista, qualquer que seja este.
Com a segurança em cena, a economia talvez não tenha o mesmo peso eleitoral, o que é bom para o governismo, sem muita coisa positiva a dizer, vide o desemprego. Idem sobre o tema da corrupção, onde o presidente denunciado por corrupção, quadrilha e lavagem de dinheiro tem menos ainda a dizer.
Com segurança pública, Temer possui certa familiaridade. Foi secretário da área no estado de São Paulo duas vezes, um nos anos 1980, outra nos 1990.
Líder do PSOL na Câmara, Glauber Braga, outro do Rio, não tem dúvida de que a intervenção se prestará à exploração eleitoral: “Propostas como essa tentam desfocar a impopularidade do governo via aumento do Estado punitivista”. Nem sobre quem vai tirar proveito: “A candidatura que orbitar ao redor da máquina presidencial”.
A violência no Rio está crítica não é de hoje, uma intervenção foi cogitada no início do governo Temer. Às vésperas da Olimpíada de 2016 na cidade, o presidente liberou quase 3 bilhões de reais ao estado, uma forma de contornar uma intervenção de cunho financeiro. O que mudou?
“O governo precisava de uma saída honrosa para não votar a reforma da Previdência, para a qual não tem votos”, diz o deputado carioca Alessandro Molon, ex-líder da Rede na Câmara. Visão igual à de Pansera. “O governo tirou a reforma do colo, deu uma acalmada na sua base no Congresso.”
Aprovar a reforma em um ano eleitoral era um delírio de Temer, não havia hipótese de deputados e senadores dificultarem o acesso dos trabalhadores à aposentadoria e depois irem pedir votos aos eleitores em outubro. Mas Temer insistia, de olho no apoio do dito “mercado”.
Pela legislação, não é possível mexer na Constituição quando há algum estado sob intervenção. A reforma é uma mudança constitucional.
Com o tema “Previdência” fora da mesa, embora haja quem diga ser possível manter o debate no Congresso, o governo tira um fator de tensão na relação com seus aliados parlamentares. Uma tropa de essência conservadora que tem tudo para se esbaldar com a intervenção.
Para o deputado Celso Pansera, eleito pelo PMDB do Rio e hoje prestes a deixar o partido devido ao neoliberalismo de Temer, tem. “É uma tentativa do governo de demonstrar força”, diz. “A bandeira eleitoral da segurança pública irá para quem tiver protagonismo, e o governo vai ter.”
Segurança pública é uma das principais preocupações dos brasileiros segundo algumas pesquisas, ao lado de corrupção e saúde. O assunto tinha tudo para ser dominado na campanha presidencial pelo reacionário deputado Jair Bolsonaro, que é eleito pelo Rio.
Com a intervenção, abre-se espaço para algum candidato do governismo, talvez o próprio Temer, rivalizar com Bolsonaro, o nome a ser batido pela direita governista para chegar ao segundo turno com o postulante progressista, qualquer que seja este.
Com a segurança em cena, a economia talvez não tenha o mesmo peso eleitoral, o que é bom para o governismo, sem muita coisa positiva a dizer, vide o desemprego. Idem sobre o tema da corrupção, onde o presidente denunciado por corrupção, quadrilha e lavagem de dinheiro tem menos ainda a dizer.
Com segurança pública, Temer possui certa familiaridade. Foi secretário da área no estado de São Paulo duas vezes, um nos anos 1980, outra nos 1990.
Líder do PSOL na Câmara, Glauber Braga, outro do Rio, não tem dúvida de que a intervenção se prestará à exploração eleitoral: “Propostas como essa tentam desfocar a impopularidade do governo via aumento do Estado punitivista”. Nem sobre quem vai tirar proveito: “A candidatura que orbitar ao redor da máquina presidencial”.
A violência no Rio está crítica não é de hoje, uma intervenção foi cogitada no início do governo Temer. Às vésperas da Olimpíada de 2016 na cidade, o presidente liberou quase 3 bilhões de reais ao estado, uma forma de contornar uma intervenção de cunho financeiro. O que mudou?
“O governo precisava de uma saída honrosa para não votar a reforma da Previdência, para a qual não tem votos”, diz o deputado carioca Alessandro Molon, ex-líder da Rede na Câmara. Visão igual à de Pansera. “O governo tirou a reforma do colo, deu uma acalmada na sua base no Congresso.”
Aprovar a reforma em um ano eleitoral era um delírio de Temer, não havia hipótese de deputados e senadores dificultarem o acesso dos trabalhadores à aposentadoria e depois irem pedir votos aos eleitores em outubro. Mas Temer insistia, de olho no apoio do dito “mercado”.
Pela legislação, não é possível mexer na Constituição quando há algum estado sob intervenção. A reforma é uma mudança constitucional.
Com o tema “Previdência” fora da mesa, embora haja quem diga ser possível manter o debate no Congresso, o governo tira um fator de tensão na relação com seus aliados parlamentares. Uma tropa de essência conservadora que tem tudo para se esbaldar com a intervenção.
0 comentários:
Postar um comentário