Por Tereza Cruvinel, no Jornal do Brasil:
Maio começou mal para o presidente Michel Temer. No ano passado, neste mesmo mês, estourou o caso JBS, mas ele ainda tinha capital político. Torrou-o aliciando votos para enterrar as duas denúncias de Rodrigo Janot. Agora, seu governo enfrenta uma espécie de velório antecipado, que se prolongará por oito meses, se não acontecer antes a morte súbita, por conta de uma terceira denúncia. Ele encerrou uma semana espinhosa discutindo com seu advogado o rumo do inquérito em que é investigado no STF e admitindo desistir de sua inconvincente candidatura à reeleição.
Em entrevista à EBC, que rebaixou à condição de agência de comunicação governamental, ele admitiu a desistência: “Eu posso não ir para a reeleição na medida que eu comece a perceber que se tem muitos candidatos.” Será que ele ainda não começou a perceber a dispersão de candidatos entre as forças que o colocaram no cargo com o impeachment? Entende-se: precisou fazer um contorcionismo verbal para não admitir que a desistência será imposta pela inviabilidade eleitoral, conhecida até pelos peixes da Lagoa do Jaburu. Mas o pior ainda pode vir.
Horas depois de anunciar um aumento para o Bolsa Família, buscando alguma boa vontade popular, Temer viveu cenas deploráveis para um presidente ao aventurar-se numa visita ao prédio da União que se incendiou e ruiu em São Paulo. Ouviu gritos de “ladrão”, “vagabundo” e “golpista”, objetos voaram em sua direção, um grupo ameaçou cerca-lo. A segurança providenciou uma retirada rápida mas o carro ainda teve a lataria socada. Antes, conseguiu dizer algumas frases aos jornalistas, prometendo socorro do governo às vitimas do descaso de todos os poderes – municipal, estadual e federal.
Na economia, ficaram mais eloquentes os sinais de que a propalada recuperação foi uma aragem passageira. O dólar deu um pulo e os dados sobre o desemprego foram desanimadores. Ninguém vai achar que a vida melhorou daqui até outubro, ao ponto de votar em Temer ou em seu candidato.
Na quinta-feira, a filha dele, Maristela, prestou depoimento e parece que se enrolou, ao declarar que a mulher do coronel Lima, suposto coletor de propinas para o pai, pagou contas da reforma de sua casa por amizade, por conhecê-la desde menina. A Polícia Federal acha que houve lavagem de dinheiro. Ontem a Procuradora-Geral da República, Raquel Dodge, concordou com a prorrogação do inquérito por mais 60 dias: muitos dados originários da quebra de sigilos ainda precisam ser analisados.
Quando o inquérito for concluído, no início de julho, Dodge decidirá pelo arquivamento ou pela apresentação de uma terceira denúncia. Chance zero, disse Temer ontem. Ela pode ser desencorajada, mas não pelos autos, e sim por estarem faltando menos de seis meses para o fim do governo.
Se vier a denúncia, será pautada, garantiu o presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Se isso acontecer, será no segundo semestre, na reta quente da campanha. Não haverá santo que convença os deputados a colocar a reeleição em risco para salvar uns meses de mandato para Temer. Depois, com seu eventual afastamento, Rodrigo Maia assumiria a Presidência e poderia disputar a reeleição no cargo. Hoje tem apenas 2% nas pesquisas mas, montado na máquina, talvez conseguisse unir a centro-direita.
Ainda que não venha a terceira denúncia, o governo parece destinado a enfrentar o longo velório. E, o que é pior para o país, com a eleição do sucessor absolutamente indefinida.
O troco do Congresso
Rodrigo Maia deve colocar para andar a PEC que acaba com o foro privilegiado para todos os cargos, exceto os presidentes da República, da Câmara, do Senado e do STF, além do PGR. A intervenção no Rio impede a aprovação de emendas mas não a tramitação. A ideia é deixá-la prontinha para ser votada quando a intervenção acabar. Será o troco ao STF pela restrição discriminatória do foro, apenas para parlamentares.
Em entrevista à EBC, que rebaixou à condição de agência de comunicação governamental, ele admitiu a desistência: “Eu posso não ir para a reeleição na medida que eu comece a perceber que se tem muitos candidatos.” Será que ele ainda não começou a perceber a dispersão de candidatos entre as forças que o colocaram no cargo com o impeachment? Entende-se: precisou fazer um contorcionismo verbal para não admitir que a desistência será imposta pela inviabilidade eleitoral, conhecida até pelos peixes da Lagoa do Jaburu. Mas o pior ainda pode vir.
Horas depois de anunciar um aumento para o Bolsa Família, buscando alguma boa vontade popular, Temer viveu cenas deploráveis para um presidente ao aventurar-se numa visita ao prédio da União que se incendiou e ruiu em São Paulo. Ouviu gritos de “ladrão”, “vagabundo” e “golpista”, objetos voaram em sua direção, um grupo ameaçou cerca-lo. A segurança providenciou uma retirada rápida mas o carro ainda teve a lataria socada. Antes, conseguiu dizer algumas frases aos jornalistas, prometendo socorro do governo às vitimas do descaso de todos os poderes – municipal, estadual e federal.
Na economia, ficaram mais eloquentes os sinais de que a propalada recuperação foi uma aragem passageira. O dólar deu um pulo e os dados sobre o desemprego foram desanimadores. Ninguém vai achar que a vida melhorou daqui até outubro, ao ponto de votar em Temer ou em seu candidato.
Na quinta-feira, a filha dele, Maristela, prestou depoimento e parece que se enrolou, ao declarar que a mulher do coronel Lima, suposto coletor de propinas para o pai, pagou contas da reforma de sua casa por amizade, por conhecê-la desde menina. A Polícia Federal acha que houve lavagem de dinheiro. Ontem a Procuradora-Geral da República, Raquel Dodge, concordou com a prorrogação do inquérito por mais 60 dias: muitos dados originários da quebra de sigilos ainda precisam ser analisados.
Quando o inquérito for concluído, no início de julho, Dodge decidirá pelo arquivamento ou pela apresentação de uma terceira denúncia. Chance zero, disse Temer ontem. Ela pode ser desencorajada, mas não pelos autos, e sim por estarem faltando menos de seis meses para o fim do governo.
Se vier a denúncia, será pautada, garantiu o presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Se isso acontecer, será no segundo semestre, na reta quente da campanha. Não haverá santo que convença os deputados a colocar a reeleição em risco para salvar uns meses de mandato para Temer. Depois, com seu eventual afastamento, Rodrigo Maia assumiria a Presidência e poderia disputar a reeleição no cargo. Hoje tem apenas 2% nas pesquisas mas, montado na máquina, talvez conseguisse unir a centro-direita.
Ainda que não venha a terceira denúncia, o governo parece destinado a enfrentar o longo velório. E, o que é pior para o país, com a eleição do sucessor absolutamente indefinida.
O troco do Congresso
Rodrigo Maia deve colocar para andar a PEC que acaba com o foro privilegiado para todos os cargos, exceto os presidentes da República, da Câmara, do Senado e do STF, além do PGR. A intervenção no Rio impede a aprovação de emendas mas não a tramitação. A ideia é deixá-la prontinha para ser votada quando a intervenção acabar. Será o troco ao STF pela restrição discriminatória do foro, apenas para parlamentares.
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