Por Cynara Menezes, no blog Socialista Morena:
Apenas 29 meses depois de Mauricio Macri assumir como presidente, a Argentina vive mais uma vez um pesadelo dentro de seu próprio pesadelo econômico: voltamos a bater às portas do tristemente célebre Fundo Monetário Internacional.
Quando, em dezembro de 2005, o ex-presidente Néstor Kirchner liquidou antecipadamente a dívida com o FMI de 9,8 milhões de dólares, muitos dos argentinos não souberam valorizar aquele momento histórico, o que apresentava saldar uma dívida de 50 anos e se livrar dos juros sobre os juros. Neste dia, pelo qual nunca iremos agradecer ao “flaco”, como era chamado Kirchner, recuperamos não só a independência econômica como nossa dignidade como povo.
Vale recordar que, dois antes de a Argentina liquidar sua dívida, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva fazia o mesmo no Brasil. Os dois países mais importantes da América do Sul, desendividados e independentes. Quem poderia imaginar isso 20 anos antes?
Lula hoje está preso. Escrever “Lula preso” me gera muita tristeza, a injustiça sempre dói. Não perdoam Lula por ter tirado 30 milhões da pobreza. Por isso hoje nos governa Macri. Por isso hoje Temer governa o Brasil.
Não é difícil enxergar o futuro da Argentina. As receitas do FMI sempre foram as mesmas. Por acaso há algum país que tenha sido “salvo” pelo FMI? Veja o caso recente da Grécia, com seu salva-vidas de chumbo. Portugal só retomou o caminho depois de se livrar da tal “austeridade” imposta pelos burocratas do Fundo.
Nesta terça-feira, o discurso de Macri, que já não é alguém que se destaca nem por seu léxico e muito menos pela retórica, foi extremamente curto no anúncio desagradável que foi logo comparado ao desastroso presidente Fernando de la Rúa no idêntico anúncio em 2000, decisão que levou a Argentina à bancarrota.
Pior ainda foi a entrevista coletiva que concedeu o ministro da Fazenda, Nicolás Dujovne, assegurando que o FMI de hoje é diferente do FMI do passado. “É um Fundo Monetário Internacional muito diferente ao dos anos 1990. O FMI aprendeu com as lições do passado”, disse o ministro, ignorando as fracassadas experiências de “austeridade” na Europa.
Curiosamente, é o mesmo ministro que repudiava o organismo, qualificando-o de “vergonhoso”, e que, para tirar onda da oposição liderada por Cristina Kirchner, foi capaz de segurar um cartaz em 2016 dizendo: “Não voltemos ao Fundo”.
Dujovne chegou a comparecer a um programa de televisão com o cartaz na mão dizendo que era “terrorismo” dos kirchneristas que isto iria acontecer, tal como fizeram os tucanos no Brasil todos estes anos em relação aos direitos trabalhistas e a privatização da Petrobras.
Em março de 2017, afirmou, com todas as letras: “Não não temos nem teremos vamos um programa com o Fundo Monetário Internacional. Ministro, até Pinóquio ficaria vermelho de vergonha. Por último, o orçamento projetado para os próximos quatro anos não podia ser mais disparatado. Na projeção para o dólar do ano 2021, vemos que o dólar está a 21,90 pesos, sendo que hoje a moeda norte-americana já está em 22,98 pesos e subindo. Nos adiantamos três anos nas mentiras.A metade do povo argentino que votou iludida em Macri se parece à metade do povo brasileiro que saiu às ruas pedindo a saída de Dilma. Não sei o que estamos esperando para nos unir, já que estamos completamente dominados
Nesta quarta-feira, o chefe de gabinete do presidente, Marcos Peña, foi ainda mais longe na cara de pau: “Não é verdade que a história se repete e que estejamos condenados a repetir os acontecimentos”, disse, tentando fugir ao vaticínio de Marx de que a história se repete, a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa.
Sem querer ser pessimista, a realidade e o futuro são sombrios para a Argentina e o Brasil. Como diria Borges, “não nos une o amor, mas o espanto”. A metade do povo argentino que votou iludida em Macri se parece à metade do povo brasileiro que saiu às ruas pedindo a saída de Dilma. O poder midiático, sem dúvida alguma, fez estragos em nossas sociedades. A falta de empatia, de solidariedade e principalmente o egoísmo de setores da classe média foram cúmplices dessa trama, deste plano.
Nos anos 1950 perguntaram a Juan Domingo Perón como imaginava a América do Sul no ano 2000, e ele respondeu: “O ano 2000 nos encontrará unidos ou dominados”. Não sei o que estamos esperando para nos unir, porque dominados já estamos.
Apenas 29 meses depois de Mauricio Macri assumir como presidente, a Argentina vive mais uma vez um pesadelo dentro de seu próprio pesadelo econômico: voltamos a bater às portas do tristemente célebre Fundo Monetário Internacional.
Quando, em dezembro de 2005, o ex-presidente Néstor Kirchner liquidou antecipadamente a dívida com o FMI de 9,8 milhões de dólares, muitos dos argentinos não souberam valorizar aquele momento histórico, o que apresentava saldar uma dívida de 50 anos e se livrar dos juros sobre os juros. Neste dia, pelo qual nunca iremos agradecer ao “flaco”, como era chamado Kirchner, recuperamos não só a independência econômica como nossa dignidade como povo.
Vale recordar que, dois antes de a Argentina liquidar sua dívida, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva fazia o mesmo no Brasil. Os dois países mais importantes da América do Sul, desendividados e independentes. Quem poderia imaginar isso 20 anos antes?
Lula hoje está preso. Escrever “Lula preso” me gera muita tristeza, a injustiça sempre dói. Não perdoam Lula por ter tirado 30 milhões da pobreza. Por isso hoje nos governa Macri. Por isso hoje Temer governa o Brasil.
Não é difícil enxergar o futuro da Argentina. As receitas do FMI sempre foram as mesmas. Por acaso há algum país que tenha sido “salvo” pelo FMI? Veja o caso recente da Grécia, com seu salva-vidas de chumbo. Portugal só retomou o caminho depois de se livrar da tal “austeridade” imposta pelos burocratas do Fundo.
Nesta terça-feira, o discurso de Macri, que já não é alguém que se destaca nem por seu léxico e muito menos pela retórica, foi extremamente curto no anúncio desagradável que foi logo comparado ao desastroso presidente Fernando de la Rúa no idêntico anúncio em 2000, decisão que levou a Argentina à bancarrota.
Pior ainda foi a entrevista coletiva que concedeu o ministro da Fazenda, Nicolás Dujovne, assegurando que o FMI de hoje é diferente do FMI do passado. “É um Fundo Monetário Internacional muito diferente ao dos anos 1990. O FMI aprendeu com as lições do passado”, disse o ministro, ignorando as fracassadas experiências de “austeridade” na Europa.
Curiosamente, é o mesmo ministro que repudiava o organismo, qualificando-o de “vergonhoso”, e que, para tirar onda da oposição liderada por Cristina Kirchner, foi capaz de segurar um cartaz em 2016 dizendo: “Não voltemos ao Fundo”.
Dujovne chegou a comparecer a um programa de televisão com o cartaz na mão dizendo que era “terrorismo” dos kirchneristas que isto iria acontecer, tal como fizeram os tucanos no Brasil todos estes anos em relação aos direitos trabalhistas e a privatização da Petrobras.
Em março de 2017, afirmou, com todas as letras: “Não não temos nem teremos vamos um programa com o Fundo Monetário Internacional. Ministro, até Pinóquio ficaria vermelho de vergonha. Por último, o orçamento projetado para os próximos quatro anos não podia ser mais disparatado. Na projeção para o dólar do ano 2021, vemos que o dólar está a 21,90 pesos, sendo que hoje a moeda norte-americana já está em 22,98 pesos e subindo. Nos adiantamos três anos nas mentiras.A metade do povo argentino que votou iludida em Macri se parece à metade do povo brasileiro que saiu às ruas pedindo a saída de Dilma. Não sei o que estamos esperando para nos unir, já que estamos completamente dominados
Nesta quarta-feira, o chefe de gabinete do presidente, Marcos Peña, foi ainda mais longe na cara de pau: “Não é verdade que a história se repete e que estejamos condenados a repetir os acontecimentos”, disse, tentando fugir ao vaticínio de Marx de que a história se repete, a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa.
Sem querer ser pessimista, a realidade e o futuro são sombrios para a Argentina e o Brasil. Como diria Borges, “não nos une o amor, mas o espanto”. A metade do povo argentino que votou iludida em Macri se parece à metade do povo brasileiro que saiu às ruas pedindo a saída de Dilma. O poder midiático, sem dúvida alguma, fez estragos em nossas sociedades. A falta de empatia, de solidariedade e principalmente o egoísmo de setores da classe média foram cúmplices dessa trama, deste plano.
Nos anos 1950 perguntaram a Juan Domingo Perón como imaginava a América do Sul no ano 2000, e ele respondeu: “O ano 2000 nos encontrará unidos ou dominados”. Não sei o que estamos esperando para nos unir, porque dominados já estamos.
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