Por Tereza Cruvinel, no Jornal do Brasil:
Os movimentos do presidente Michel Temer a favor de uma candidatura de unidade da centro-direita coincidem com o avanço das investigações sobre ilícitos de que é acusado. Procuradores já falam em medida cautelares contra ele, tão logo deixe o cargo, o que pode significar até uma prisão preventiva. A nomeação para um cargo que lhe garanta o foro especial, por um sucessor eleito com seu apoio, é sua chance de escapar do cerco judicial. Para os candidatos, a aliança com Temer pode representar um beijo da morte mas o tucano Geraldo Alckmin, ao lhe telefonar, indicou que admite correr o risco.
Temer parece ter pressa em fechar o acordo, já tendo admitido duas vezes, de sexta-feira para cá, desistir de tentar a reeleição em busca da unidade conservadora. Já o PSDB mais cauteloso, investindo numa articulação mais ampla, que resultará no lançamento do manifesto “Por um polo reformista e democrático”, que pode ser encabeçado pelo ex-presidente FHC e será apresentado a todos os presidenciáveis da coalizão vitoriosa no impeachment que removeu o PT do governo.
Redigido pelo deputado Marcus Pestana, secretário-geral do PSDB, e pelo senador Cristóvam Buarque, do PPS, o documento é patrocinado também pelo chamado G-8, um grupo suprapartidário de deputados veteranos. O texto lista compromissos de ordem política e econômica, bem como de reformas, que seriam assumidos por todos os candidatos deste campo. Ninguém desistiria agora, só mais adiante, em favor do melhor posicionado, mas com uma plataforma de governo pré-definida.
Segundo Pestana, são precipitadas as conclusões de que, por conta de um telefonema, Alckmin e Temer estejam negociando um acordo entre PSDB e PMDB. “Foi aberto um diálogo e isso é necessário na política, mas não é possível falar em acordo com o PMDB enquanto não ficar claro o que o PMDB de fato quer. O que estamos tentando costurar é uma convergência das forças democráticas e reformistas, não alinhadas com o populismo de esquerda ou de direita. E para isso vamos conversar com todos. Com Flávio Rocha, Rodrigo Maia, Meirelles, Marina Silva, Amoedo e Álvaro Dias”, diz Pestana.
Um dos integrantes do G-8, o deputado Benito Gama, confirma: “Estamos tentando costurar uma coisa maior, um afunilamento destas candidaturas que não acontecerá agora e sim mais adiante, mais perto da data das convenções que escolherão os candidatos”. As convenções acontecerão entre 15 de julho e 5 de agosto. Amanhã, o PSDB faz uma reunião da Executiva, com a participação do próprio Alckmin, do marqueteiro Lula Vieira e do coordenador do programa de governo, Pérsio Arida. O manifesto deve ser discutido e aprovado, num sinal de que o PDSB quer ir mais devagar com o andor, nesta arriscada aproximação com Temer.
Dilema do outro lado
A busca da unidade agita também a esquerda. A declaração da presidente do PT, Gleisi Hoff man, de que apoio a Ciro Gomes “não passa no PT nem com reza brava” foi criticada até mesmo por petistas que, embora defendam a manutenção da candidatura de Lula até o limite, acham que é preciso deixar as portas abertas para um acordo no segundo turno e preservar as alianças estaduais. Vanderley Guilherme dos Santos, decano dos cientistas políticos brasileiros, em artigo publicado no final de semana desancou a “tese kamikaze de ou Lula ou nada”. Ou se trata de ganhar a eleição, diz ele, ou “a idade das trevas se prolongará”.
Mas o PT não enfrentará este dilema agora, seja para não desarmar Lula, seja por achar mesmo que seu substituto tem que ser um petista. E até nutria ontem esperança de que, no julgamento virtual em curso, a Segunda Turma do STF mandasse soltá-lo, por não terem ainda se esgotado os recursos junto ao TRF-4. Com o voto contrário de Dias Toffoli, revelado no início da noite, as chances se reduziram muito. Celso de Mello, Lewandowski e Gilmar Mendes podem votar até quinta-feira.
Os movimentos do presidente Michel Temer a favor de uma candidatura de unidade da centro-direita coincidem com o avanço das investigações sobre ilícitos de que é acusado. Procuradores já falam em medida cautelares contra ele, tão logo deixe o cargo, o que pode significar até uma prisão preventiva. A nomeação para um cargo que lhe garanta o foro especial, por um sucessor eleito com seu apoio, é sua chance de escapar do cerco judicial. Para os candidatos, a aliança com Temer pode representar um beijo da morte mas o tucano Geraldo Alckmin, ao lhe telefonar, indicou que admite correr o risco.
Temer parece ter pressa em fechar o acordo, já tendo admitido duas vezes, de sexta-feira para cá, desistir de tentar a reeleição em busca da unidade conservadora. Já o PSDB mais cauteloso, investindo numa articulação mais ampla, que resultará no lançamento do manifesto “Por um polo reformista e democrático”, que pode ser encabeçado pelo ex-presidente FHC e será apresentado a todos os presidenciáveis da coalizão vitoriosa no impeachment que removeu o PT do governo.
Redigido pelo deputado Marcus Pestana, secretário-geral do PSDB, e pelo senador Cristóvam Buarque, do PPS, o documento é patrocinado também pelo chamado G-8, um grupo suprapartidário de deputados veteranos. O texto lista compromissos de ordem política e econômica, bem como de reformas, que seriam assumidos por todos os candidatos deste campo. Ninguém desistiria agora, só mais adiante, em favor do melhor posicionado, mas com uma plataforma de governo pré-definida.
Segundo Pestana, são precipitadas as conclusões de que, por conta de um telefonema, Alckmin e Temer estejam negociando um acordo entre PSDB e PMDB. “Foi aberto um diálogo e isso é necessário na política, mas não é possível falar em acordo com o PMDB enquanto não ficar claro o que o PMDB de fato quer. O que estamos tentando costurar é uma convergência das forças democráticas e reformistas, não alinhadas com o populismo de esquerda ou de direita. E para isso vamos conversar com todos. Com Flávio Rocha, Rodrigo Maia, Meirelles, Marina Silva, Amoedo e Álvaro Dias”, diz Pestana.
Um dos integrantes do G-8, o deputado Benito Gama, confirma: “Estamos tentando costurar uma coisa maior, um afunilamento destas candidaturas que não acontecerá agora e sim mais adiante, mais perto da data das convenções que escolherão os candidatos”. As convenções acontecerão entre 15 de julho e 5 de agosto. Amanhã, o PSDB faz uma reunião da Executiva, com a participação do próprio Alckmin, do marqueteiro Lula Vieira e do coordenador do programa de governo, Pérsio Arida. O manifesto deve ser discutido e aprovado, num sinal de que o PDSB quer ir mais devagar com o andor, nesta arriscada aproximação com Temer.
Dilema do outro lado
A busca da unidade agita também a esquerda. A declaração da presidente do PT, Gleisi Hoff man, de que apoio a Ciro Gomes “não passa no PT nem com reza brava” foi criticada até mesmo por petistas que, embora defendam a manutenção da candidatura de Lula até o limite, acham que é preciso deixar as portas abertas para um acordo no segundo turno e preservar as alianças estaduais. Vanderley Guilherme dos Santos, decano dos cientistas políticos brasileiros, em artigo publicado no final de semana desancou a “tese kamikaze de ou Lula ou nada”. Ou se trata de ganhar a eleição, diz ele, ou “a idade das trevas se prolongará”.
Mas o PT não enfrentará este dilema agora, seja para não desarmar Lula, seja por achar mesmo que seu substituto tem que ser um petista. E até nutria ontem esperança de que, no julgamento virtual em curso, a Segunda Turma do STF mandasse soltá-lo, por não terem ainda se esgotado os recursos junto ao TRF-4. Com o voto contrário de Dias Toffoli, revelado no início da noite, as chances se reduziram muito. Celso de Mello, Lewandowski e Gilmar Mendes podem votar até quinta-feira.
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