Por Isaías Dalle, no site da Fundação Perseu Abramo:
Nos EUA e Inglaterra, canais de TV ou jornais seriam fechados e os donos, mortos, se fizessem contra os governos o que fazem no Brasil e na América Latina, em geral. “Seriam colocados diante de um pelotão de fuzilamento em praça pública”, disse o pensador estadunidense Noam Chomsky, durante encontro com jornalistas realizado no Centro de Estudos de Mídia Alternativa Barão de Itararé, na noite da última segunda-feira.
“Esse comportamento seria inaceitável nesses países”, completou Chomsky, professor do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, referindo-se especificamente ao padrão de tratamento adotado contra os governos de esquerda.
Para dar concretude à opinião, Chomsky citou alguns exemplos. Um ocorreu em 2013: o instituto Gallup, o maior do mundo no setor de pesquisas de opinião, perguntou ao público estadunidense qual país representava a maior ameaça à paz mundial. A resposta majoritária foi: Estados Unidos. “Coreia do Norte e Irã, por exemplo, nem passaram perto” comentou o professor. A pesquisa jamais foi publicada e o Gallup nunca repetiu a pergunta em pesquisas posteriores.
Outro exemplo, mais antigo, é igualmente significativo sobre os mecanismos de censura e transmissão de pensamento nos países ditos “livres”, notadamente EUA e Inglaterra, citados diversas vezes pelo intelectual. Quando George Orwell escreveu A Revolução dos Bichos, conta Chomsky, fez uma introdução que foi banida da primeira edição.
“O livro é uma sátira ao mundo totalitário, mas Orwell escreveu que a Inglaterra não deveria se enaltecer, porque lá ideias podem ser suprimidas sem o uso da força. Orwell aponta duas formas como isso acontece: os meios de comunicação são de propriedade de homens ricos e quem teve uma educação privilegiada em Oxford e Cambridge sabe que certas coisas não devem ser ditas. Isso estava no livro dele, mas foi suprimido da edição, restou apenas nas anotações dele e só apareceram 30 anos depois da publicação”, contou.
“Se a gente olhar para a mídia do mundo ocidental verá que essas considerações de Orwell são muito apropriadas. E que a chamada boa educação doutrina a discernir o que não deve ser dito e há coisas que nem devem passar pela cabeça. Isso era o que Gramsci chamava de senso comum hegemônico internalizado”, completou.
O linguista, que completa 90 anos em dezembro, toma dois exemplos que viveu para destacar que a mídia aplaca a diversidade de pensamento. Nos anos 1970, quando a opinião pública dos Estados Unidos já percebia que a guerra contra o Vietnã não poderia ser vencida, pesquisas de opinião, com perguntas fechadas, indicaram que a maioria da população não considerava o conflito errado e sim, no máximo, “moralmente equivocado” por, segundo Chomsky, considerarem que o custo material e de vidas americanas era alto demais. Ou seja, porque os EUA iriam perder a guerra. “Só quem estava muito fora da curva de influência da imprensa tradicional respondeu que a guerra era errada. Entre estes, estava eu”, contou.
Mais recentemente, durante viagem de trabalho ao Chile, o pensador diz ter ficado chocado com a opinião dominante entre os chilenos de que Hugo Chávez era “um assassino”, entre outras duras críticas. A perplexidade passou quando ele foi ler os jornais. “Eram só críticas duras á Venezuela, só mostravam coisas negativas”, disse.
Chomsky afirmou não concordar com o que Chávez fez em relação ao canal RCTV – a concessão não foi renovada. Porém, frisou, aquele canal teria recebido tratamento ainda mais rigoroso nos EUA e Inglaterra. Na opinião dele, os governos de esquerda da América Latina foram muito compreensivos em relação à mídia.
Chomsky voltou a elogiar Lula e seus dois governos, como já havia feito na sexta-feira anterior, quando participou do seminário Internacional “Ameaças à Democracia e a Ordem Multipolar”, organizado pela Fundação Perseu Abramo. Afirmou que o Brasil havia atingido a melhor perspectiva de futuro entre todos os países do mundo. E vaticinou que o PT pode novamente ganhar a eleição presidencial deste ano.
Nos EUA e Inglaterra, canais de TV ou jornais seriam fechados e os donos, mortos, se fizessem contra os governos o que fazem no Brasil e na América Latina, em geral. “Seriam colocados diante de um pelotão de fuzilamento em praça pública”, disse o pensador estadunidense Noam Chomsky, durante encontro com jornalistas realizado no Centro de Estudos de Mídia Alternativa Barão de Itararé, na noite da última segunda-feira.
“Esse comportamento seria inaceitável nesses países”, completou Chomsky, professor do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, referindo-se especificamente ao padrão de tratamento adotado contra os governos de esquerda.
Para dar concretude à opinião, Chomsky citou alguns exemplos. Um ocorreu em 2013: o instituto Gallup, o maior do mundo no setor de pesquisas de opinião, perguntou ao público estadunidense qual país representava a maior ameaça à paz mundial. A resposta majoritária foi: Estados Unidos. “Coreia do Norte e Irã, por exemplo, nem passaram perto” comentou o professor. A pesquisa jamais foi publicada e o Gallup nunca repetiu a pergunta em pesquisas posteriores.
Outro exemplo, mais antigo, é igualmente significativo sobre os mecanismos de censura e transmissão de pensamento nos países ditos “livres”, notadamente EUA e Inglaterra, citados diversas vezes pelo intelectual. Quando George Orwell escreveu A Revolução dos Bichos, conta Chomsky, fez uma introdução que foi banida da primeira edição.
“O livro é uma sátira ao mundo totalitário, mas Orwell escreveu que a Inglaterra não deveria se enaltecer, porque lá ideias podem ser suprimidas sem o uso da força. Orwell aponta duas formas como isso acontece: os meios de comunicação são de propriedade de homens ricos e quem teve uma educação privilegiada em Oxford e Cambridge sabe que certas coisas não devem ser ditas. Isso estava no livro dele, mas foi suprimido da edição, restou apenas nas anotações dele e só apareceram 30 anos depois da publicação”, contou.
“Se a gente olhar para a mídia do mundo ocidental verá que essas considerações de Orwell são muito apropriadas. E que a chamada boa educação doutrina a discernir o que não deve ser dito e há coisas que nem devem passar pela cabeça. Isso era o que Gramsci chamava de senso comum hegemônico internalizado”, completou.
O linguista, que completa 90 anos em dezembro, toma dois exemplos que viveu para destacar que a mídia aplaca a diversidade de pensamento. Nos anos 1970, quando a opinião pública dos Estados Unidos já percebia que a guerra contra o Vietnã não poderia ser vencida, pesquisas de opinião, com perguntas fechadas, indicaram que a maioria da população não considerava o conflito errado e sim, no máximo, “moralmente equivocado” por, segundo Chomsky, considerarem que o custo material e de vidas americanas era alto demais. Ou seja, porque os EUA iriam perder a guerra. “Só quem estava muito fora da curva de influência da imprensa tradicional respondeu que a guerra era errada. Entre estes, estava eu”, contou.
Mais recentemente, durante viagem de trabalho ao Chile, o pensador diz ter ficado chocado com a opinião dominante entre os chilenos de que Hugo Chávez era “um assassino”, entre outras duras críticas. A perplexidade passou quando ele foi ler os jornais. “Eram só críticas duras á Venezuela, só mostravam coisas negativas”, disse.
Chomsky afirmou não concordar com o que Chávez fez em relação ao canal RCTV – a concessão não foi renovada. Porém, frisou, aquele canal teria recebido tratamento ainda mais rigoroso nos EUA e Inglaterra. Na opinião dele, os governos de esquerda da América Latina foram muito compreensivos em relação à mídia.
Chomsky voltou a elogiar Lula e seus dois governos, como já havia feito na sexta-feira anterior, quando participou do seminário Internacional “Ameaças à Democracia e a Ordem Multipolar”, organizado pela Fundação Perseu Abramo. Afirmou que o Brasil havia atingido a melhor perspectiva de futuro entre todos os países do mundo. E vaticinou que o PT pode novamente ganhar a eleição presidencial deste ano.
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