Por Tereza Cruvinel, no Jornal do Brasil:
A pesquisa Datafolha de ontem trouxe Jair Bolsonaro com 16 pontos de vantagem sobre o petista: 58% dos votos válidos a 42%.
Para virar o jogo, Haddad teria que crescer quase um ponto por dia, conquistando diariamente cerca de um milhão de eleitores. Tamanho desafio exigirá do PT, para além de alianças, um esforço monumental para desconstruir Bolsonaro e desmentir as crônicas do antipetismo, discurso que articula os demais pretextos para votar no candidato da extrema direita. E isso devia começar hoje, no horário eleitoral, em que cada um terá cinco minutos diários duas vezes por dia.
Haddad ocupa-se, neste momento, da ampliação de forças para resistir à insurgência reacionária.
Os apoios do PSOL, PSB e PDT foram garantidos, com maior ou menor entusiasmo.
Hoje terá encontro com a cúpula da CNBB, movimento importante para neutralizar o apoio das igrejas evangélicas a Bolsonaro. Nos cultos e nos grupos entre frequentadores da mesma igreja, os pastores determinam aos irmãos o voto contra o “candidato comunista, que é contra a família e a pregação do evangelho”.
A frente é importante mas sem uma vigorosa ofensiva contra o antipetismo, será tudo em vão.
Se o programa eleitoral dedicar-se, como no primeiro turno, a evocar romanticamente os bons tempos dos governos petistas, não conquistará os eleitores disponíveis, entre eles os 20 milhões que não votaram em ninguém no primeiro turno.
Impregnados pelo antipetismo, se não forem confrontados com argumentos fortes e convincentes, não votarão em Haddad, ainda que não se animem também a votar no capitão.
Por ter cometido seus pecados, o PT permitiu que lhe fossem também atribuídos erros e crimes que não cometeu.
Deixou que proliferassem calúnias e mentiras, algumas até ridículas, como a do kit gay que seria distribuído nas escolas.
Cobra-se do PT a autocritica pelos casos de corrupção, que foi seletivamente e gradualmente revelada, de modo a grudar menos nos outros.
Que comece por aí, admitindo que, chegando ao governo, e precisando formar a maioria, errou ao fazer o que os outros sempre fizeram, distribuindo cargos aos aliados para ter votos no Congresso.
E que, tanto quanto eles, também passou a receber recursos ilícitos, ou propinas, para financiar as campanhas e a vida partidária. Que alguns petistas, é verdade, embolsaram parte dos recursos, corromperam-se, como o delator-mor, Antonio Palocci, mas que a raiz do mal é o conluio secular entre o capital e a política, o público e o privado.
Admitindo o erro, nestes termos, o PT pode obter audiência e crédito para rebater as crônicas caluniosas, que vão de seu suposto “comunismo” à acusação de ter quebrado o país.
Poderá lembrar o crescimento nos anos Lula, as obras realizadas, como a transposição do Rio São Francisco e as hidrelétricas, ou o vasto legado social, que vai do Luz para Todos ao Bolsa Família.
Contra a lenda de que destruiu o pais, poderia recordar o pagamento da dívida externa de US$ 40 bilhões, as reservas de mais de US$ 300 bilhões que ainda estão aí, a duplicação da safra agrícola e o boom da economia nacional, que passou do 13º para o sexto lugar no ranking mundial em 2011, no início do governo Dilma.
Devia admitir que houve erros de gestão econômica no governo dela mas denunciando cabalmente a sabotagem do MDB, do PSDB e de Eduardo Cunha, com as pautas bombas que minaram as contas públicas.
E por que não lembrar aos militares que nos governos petistas as Forças Armadas foram reequipadas, com a aquisição dos caças Grippen, dos mísseis Astros, do submarino nuclear e do cargueiro militar KC 390?
Mas são as crônicas mais simplórias as mais deletérias, e a mais em voga agora é a do comunismo.
Fosse o PT comunista, por que não acabou com a propriedade privada em seus governos, quando banco e empresas ganharam tanto dinheiro?
A democracia é bela mas dá muito trabalho, como disse Ciro Gomes quando o Cabo Daciolo falou na suposta Ursal.
A pesquisa Datafolha de ontem trouxe Jair Bolsonaro com 16 pontos de vantagem sobre o petista: 58% dos votos válidos a 42%.
Para virar o jogo, Haddad teria que crescer quase um ponto por dia, conquistando diariamente cerca de um milhão de eleitores. Tamanho desafio exigirá do PT, para além de alianças, um esforço monumental para desconstruir Bolsonaro e desmentir as crônicas do antipetismo, discurso que articula os demais pretextos para votar no candidato da extrema direita. E isso devia começar hoje, no horário eleitoral, em que cada um terá cinco minutos diários duas vezes por dia.
Haddad ocupa-se, neste momento, da ampliação de forças para resistir à insurgência reacionária.
Os apoios do PSOL, PSB e PDT foram garantidos, com maior ou menor entusiasmo.
Hoje terá encontro com a cúpula da CNBB, movimento importante para neutralizar o apoio das igrejas evangélicas a Bolsonaro. Nos cultos e nos grupos entre frequentadores da mesma igreja, os pastores determinam aos irmãos o voto contra o “candidato comunista, que é contra a família e a pregação do evangelho”.
A frente é importante mas sem uma vigorosa ofensiva contra o antipetismo, será tudo em vão.
Se o programa eleitoral dedicar-se, como no primeiro turno, a evocar romanticamente os bons tempos dos governos petistas, não conquistará os eleitores disponíveis, entre eles os 20 milhões que não votaram em ninguém no primeiro turno.
Impregnados pelo antipetismo, se não forem confrontados com argumentos fortes e convincentes, não votarão em Haddad, ainda que não se animem também a votar no capitão.
Por ter cometido seus pecados, o PT permitiu que lhe fossem também atribuídos erros e crimes que não cometeu.
Deixou que proliferassem calúnias e mentiras, algumas até ridículas, como a do kit gay que seria distribuído nas escolas.
Cobra-se do PT a autocritica pelos casos de corrupção, que foi seletivamente e gradualmente revelada, de modo a grudar menos nos outros.
Que comece por aí, admitindo que, chegando ao governo, e precisando formar a maioria, errou ao fazer o que os outros sempre fizeram, distribuindo cargos aos aliados para ter votos no Congresso.
E que, tanto quanto eles, também passou a receber recursos ilícitos, ou propinas, para financiar as campanhas e a vida partidária. Que alguns petistas, é verdade, embolsaram parte dos recursos, corromperam-se, como o delator-mor, Antonio Palocci, mas que a raiz do mal é o conluio secular entre o capital e a política, o público e o privado.
Admitindo o erro, nestes termos, o PT pode obter audiência e crédito para rebater as crônicas caluniosas, que vão de seu suposto “comunismo” à acusação de ter quebrado o país.
Poderá lembrar o crescimento nos anos Lula, as obras realizadas, como a transposição do Rio São Francisco e as hidrelétricas, ou o vasto legado social, que vai do Luz para Todos ao Bolsa Família.
Contra a lenda de que destruiu o pais, poderia recordar o pagamento da dívida externa de US$ 40 bilhões, as reservas de mais de US$ 300 bilhões que ainda estão aí, a duplicação da safra agrícola e o boom da economia nacional, que passou do 13º para o sexto lugar no ranking mundial em 2011, no início do governo Dilma.
Devia admitir que houve erros de gestão econômica no governo dela mas denunciando cabalmente a sabotagem do MDB, do PSDB e de Eduardo Cunha, com as pautas bombas que minaram as contas públicas.
E por que não lembrar aos militares que nos governos petistas as Forças Armadas foram reequipadas, com a aquisição dos caças Grippen, dos mísseis Astros, do submarino nuclear e do cargueiro militar KC 390?
Mas são as crônicas mais simplórias as mais deletérias, e a mais em voga agora é a do comunismo.
Fosse o PT comunista, por que não acabou com a propriedade privada em seus governos, quando banco e empresas ganharam tanto dinheiro?
A democracia é bela mas dá muito trabalho, como disse Ciro Gomes quando o Cabo Daciolo falou na suposta Ursal.
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