Por João Quartim de Moraes, no site Vermelho:
Nas análises que têm sido divulgadas sobre o conteúdo ideológico do voto em Bolsonaro, predominam as que examinam o dos evangélicos. Essa opção prioritária se justifica porque, diferentemente das demais religiões e dos que não aceitam dogmas religiosos, em que o voto se distribuiu sem notáveis diferenças entre os dois candidatos no segundo turno da eleição do presidente, mais de dois terços dos adeptos das igrejas ditas evangélicas votaram no candidato da extrema-direita. Reproduziram aqui o exemplo dos Estados Unidos, onde a chamada “Jesuslândia” constitui o bastião da direita mais brutalmente retrógrada, a que elege os bush e os trump.
Não encontramos análises precisas sobre a conexão do voto evangélico com o fascista, mas as pesquisas e os resultados eleitorais permitem discernir com alguma precisão o voto fascista e o “voto útil” antipetista nos 46% dos sufrágios expressos que Bolsonaro obteve no primeiro turno e nos 55% no segundo.
Assumimos a hipótese razoável de que a dinâmica do “voto útil” só começou efetivamente a operar em meados de setembro, quando ficou claro que a candidatura Alckmin estava com grandes dificuldades para decolar, sofrendo os efeitos do atentado de Juiz de Fora, que blindaram o profeta da bala da exposição em debates que poderiam tê-lo “desidratado”. Com efeito, considerando as pesquisas espontâneas, que refletem melhor do que as induzidas a identificação com o candidato, às vésperas da facada de 6 de setembro, Bolsonaro dispunha de 17% das intenções de voto. Pulou para 23% na semana seguinte. Na pesquisa estimulada, o crescimento foi de quatro pontos porcentuais, de 22% para 26% das intenções de voto. Já então estava crescendo o contingente dos que votariam nele (e não em Alckmin) por achar mais importante derrotar o PT e a esquerda em geral do que qualquer outra consideração, inclusive a dos riscos pesando sobre a própria democracia.
Admitamos, para esquematizar o argumento, que estes pragmáticos de beira de abismo contribuíram com cerca de metade dos em Bolsonaro. Mas é a outra metade, composta dos fiéis incondicionais do facho-bolsonarismo, que constitui ameaça direta às instituições republicanas e aos valores da civilização democrática. Qual o peso deles no conjunto da opinião pública nacional? O corpo eleitoral brasileiro de 2018 compunha-se de 147,3 milhões de eleitores. Destes, 37% (57,8 milhões) votaram em Bolsonaro, 31% em Haddad e 32% não votaram em nenhum dos dois candidatos. Podemos, pois, assumir com razoável plausibilidade que os talibãs do Messias do chumbo grosso representam menos de 20% (37%÷2) do eleitorado. É muito, mas muito menos do que sugerem alguns alarmistas ou desanimados do campo democrático, ao declarar que há mais de 55% de fascistas na “população” (sic).
Acresce que esses dados, além de aproximativos, são dinâmicos. Os institutos Data Folha e Ibope anunciavam, no início da última semana da campanha, 59% dos votos para o candidato da extrema-direita contra 41% para o da frente democrática. A corajosa campanha do “Vira voto” reduziu a diferença de 18 para 10 pontos percentuais, mostrando nossa força quando juntamos espírito unitário e lucidez.
Nas análises que têm sido divulgadas sobre o conteúdo ideológico do voto em Bolsonaro, predominam as que examinam o dos evangélicos. Essa opção prioritária se justifica porque, diferentemente das demais religiões e dos que não aceitam dogmas religiosos, em que o voto se distribuiu sem notáveis diferenças entre os dois candidatos no segundo turno da eleição do presidente, mais de dois terços dos adeptos das igrejas ditas evangélicas votaram no candidato da extrema-direita. Reproduziram aqui o exemplo dos Estados Unidos, onde a chamada “Jesuslândia” constitui o bastião da direita mais brutalmente retrógrada, a que elege os bush e os trump.
Não encontramos análises precisas sobre a conexão do voto evangélico com o fascista, mas as pesquisas e os resultados eleitorais permitem discernir com alguma precisão o voto fascista e o “voto útil” antipetista nos 46% dos sufrágios expressos que Bolsonaro obteve no primeiro turno e nos 55% no segundo.
Assumimos a hipótese razoável de que a dinâmica do “voto útil” só começou efetivamente a operar em meados de setembro, quando ficou claro que a candidatura Alckmin estava com grandes dificuldades para decolar, sofrendo os efeitos do atentado de Juiz de Fora, que blindaram o profeta da bala da exposição em debates que poderiam tê-lo “desidratado”. Com efeito, considerando as pesquisas espontâneas, que refletem melhor do que as induzidas a identificação com o candidato, às vésperas da facada de 6 de setembro, Bolsonaro dispunha de 17% das intenções de voto. Pulou para 23% na semana seguinte. Na pesquisa estimulada, o crescimento foi de quatro pontos porcentuais, de 22% para 26% das intenções de voto. Já então estava crescendo o contingente dos que votariam nele (e não em Alckmin) por achar mais importante derrotar o PT e a esquerda em geral do que qualquer outra consideração, inclusive a dos riscos pesando sobre a própria democracia.
Admitamos, para esquematizar o argumento, que estes pragmáticos de beira de abismo contribuíram com cerca de metade dos em Bolsonaro. Mas é a outra metade, composta dos fiéis incondicionais do facho-bolsonarismo, que constitui ameaça direta às instituições republicanas e aos valores da civilização democrática. Qual o peso deles no conjunto da opinião pública nacional? O corpo eleitoral brasileiro de 2018 compunha-se de 147,3 milhões de eleitores. Destes, 37% (57,8 milhões) votaram em Bolsonaro, 31% em Haddad e 32% não votaram em nenhum dos dois candidatos. Podemos, pois, assumir com razoável plausibilidade que os talibãs do Messias do chumbo grosso representam menos de 20% (37%÷2) do eleitorado. É muito, mas muito menos do que sugerem alguns alarmistas ou desanimados do campo democrático, ao declarar que há mais de 55% de fascistas na “população” (sic).
Acresce que esses dados, além de aproximativos, são dinâmicos. Os institutos Data Folha e Ibope anunciavam, no início da última semana da campanha, 59% dos votos para o candidato da extrema-direita contra 41% para o da frente democrática. A corajosa campanha do “Vira voto” reduziu a diferença de 18 para 10 pontos percentuais, mostrando nossa força quando juntamos espírito unitário e lucidez.
1 comentários:
Felizmente estes extremistas de direita não passam de 17% do eleitorado. Os 63% do eleitorado que não votaram no inexpressivo deputado federal, vamos ter que amargar o seu governo que promete ser desastrosamente irresponsável.
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