Por Carlos Eduardo Silveira, no site Carta Maior:
2018 foi um ano em que aumentou a atenção do mundo com o Brasil. Não foram só as eleições, mas diversos acontecimentos, como a prisão de Lula, um ícone mundial, o assassinato de Marielle e a ascensão de Jair Bolsonaro que traz à lembrança, particularmente dos europeus, do período mais terrível vivido por eles. Mas também a deterioração da experiência democrática do país, duramente conquistada. Os massacres, os assassinatos, não só de Marielle, mas de muitos líderes ambientalistas, indígenas e de movimentos sociais foram notícia ao longo do ano, sem a predominância que outras questões tiveram, à exceção do caso Marielle e a violência generalizada foram sempre noticiados.
2018 foi um ano em que aumentou a atenção do mundo com o Brasil. Não foram só as eleições, mas diversos acontecimentos, como a prisão de Lula, um ícone mundial, o assassinato de Marielle e a ascensão de Jair Bolsonaro que traz à lembrança, particularmente dos europeus, do período mais terrível vivido por eles. Mas também a deterioração da experiência democrática do país, duramente conquistada. Os massacres, os assassinatos, não só de Marielle, mas de muitos líderes ambientalistas, indígenas e de movimentos sociais foram notícia ao longo do ano, sem a predominância que outras questões tiveram, à exceção do caso Marielle e a violência generalizada foram sempre noticiados.
O jornal francês Le Monde escreveu em julho: “Uma organização católica, a Comissão Católica da Terra (CPT), que luta pelos direitos dos trabalhadores rurais mostra que houve aumento da violência no campo desde que Michel Temer chegou ao poder. Disputas rurais no Brasil mataram setenta e uma pessoas em 2017, o maior número em quatorze anos, disse a CPT. Em seu relatório anual, o CPT ressalta que essa violência fez dez mortes a mais do que em 2016”. E o italiano La Repubblica publicou que “É um recorde absoluto de homicídios: mais de 63 mil em 2017. É o nível mais alto de assassinatos já atingido no país. Os ataques aumentaram em 84% para mais de 60 mil casos. O aumento da violência se deve, segundo especialistas, à crise econômica e à expansão das organizações de tráfico de drogas.”
Sob este quadro geral, os destaques de cada mês são apresentados a seguir
Fevereiro
A intervenção militar do Rio teve grande repercussão. Houve destaque para o conteúdo discriminatório das ações. Alguns jornais noticiaram a existência de um védeo que circulou nas redes sociais aconselhando negros a como agir diante de policiais. Bolsonaro começava a preocupar, mas ainda como um tipo exótico que dizia coisas aparentemente absurdas e descoladas do que se pensaria no Brasil. Não passou despercebida sua conexão ao mercado financeiro. O Le Monde francês escreveu: “Em São Paulo, um "Trump tropical" que seduz os mercados financeiros. Pré-candidato de direita nas eleições presidenciais, Jair Bolsonaro é um ultraliberal sem complexo, homofóbico, racista e machista. E ele é o favorito da comunidade empresarial.”
Março
O assassinato da vereadora Marielle Franco do Rio de Janeiro e do motorista Anderson Franco foi o destaque do mês. Foi matéria em quase todos os jornais do mundo, em que se ressaltu vários aspectos de sua militância: sua oposição à intervenção militar na cidade; seu combate às milícias que dominam muitas áreas do Estado e da cidade; sua oposição crítica à violência policial; sua defesa dos direitos humanos e sua filiação a um partido de esquerda, o PSOL. O jornal espanhol La Vanguardia escreveu no dia do assassinato: “A vereadora do Partido Socialista e Liberdade (PSOL, oposição) Marielle Franco, crítica severa da intervenção do Exército na segurança do Rio de Janeiro, foi morta a tiros hoje no centro do Rio de Janeiro. Ela era conhecida ativista de direitos humanos e foi a quinta mais votada nas eleições de 2016 para a Câmara Municipal do Rio de Janeiro. O ataque ocorreu um dia depois que o conselheiro criticou novamente a intervenção na segurança do Rio de Janeiro em uma mensagem nas redes sociais.”
Abril
A prisão de Lula ocupou os jornais por todo o mês. Matérias extensas foram produzidas sobre a decisão judicial do TRF-4, a resistência no Sindicato dos Metalúrgicos, a articulação para a sua apresentação à justiça, as ações pouco republicanas do aparato judicial, o discurso de Lula para os manifestantes que dele se despediram, com muitos querendo resistir que se entregasse às autoridades. Muitos ilustraram esse momento com a foto da multidão carregando Lula tomada do alto. Junto com a prisão a reiteração de sua candidatura, por muitos associada à sua prisão. O jornal argentino Página 12 publicou “que 45 horas após a detenção do líder histórico do PT, o PT ratifica Lula como seu candidato. A indicação de Lula ocorrerá "sob quaisquer circunstâncias", mesmo se ele for privado de sua liberdade. "Não abandonamos uma pessoa inocente, e porque ele é inocente, ele tem o direito de ser candidato, e Lula não é mais apenas o candidato do PT, ele é o candidato de uma parte importante do povo brasileiro que, apesar da perseguição, continua apoiando-o com índices muito alta de preferência ". E o mexicano La Jornada, reproduzia trecho de seu discurso: “Sou uma idéia. E não se prendem as ideias.”
Maio
A greve dos caminhoneiros, a surpresa, o tamanho da mobilicação, as consequências sobre o abastecimento, em especial do combustível e as negociações de uma saída foram destacados na imprensa internacional. Mas também a formalização da candidatura de Lula, mesmo preso, pelo Partido dos Trabalhadores foi largamente noticiada. O norte-americano The Washington Post escreveu sobre a greve: “No Brasil, uma greve de caminhoneiros interrompe a maior economia da América Latina. Os restaurantes do McDonald's ficaram sem pão de hambúrguer, as bombas de gasolina estavam secando e o governo pediu aos brasileiros que limitassem o consumo de água.” Sobre a candidatura Lula, o francês Le Monde deu voz a Lula: “o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva explica porque ele é candidato à reeleição no Brasil: ‘Não cometi nenhum crime e sei que posso fazer com que o país retome o caminho da democracia e do desenvolvimento’”.
Junho
Lula continua a dominar o noticiário vindo do Brasil na imprensa internacional. Sua candidatura a presidente da República e sua liderança nas intenções de voto ganham destaque. Mas já se começa a prestar a atenção em Jair Bolsonaro e a ameaça que represente. O chileno El Mercúrio escreveu: “Preso há dois meses, Lula continua liderando a eleição presidencial no Brasil. A pesquisa, realizada em 6 e 7 de junho, indica que 30% do eleitorado votaria no ex-presidente, que cumpre pena de 12 anos e um mês.”. O jornal português Público já escrevia sobre o futuro presidente num tempo em que a mídia brasileira ainda não o apoiava: “ No colapso da política, surge o militar Bolsonaro. O candidato da extrema-direita militar Bolsonaro não tem o apoio da mídia, mas tem mais de cinco milhões de curtidas no Facebook. Não tem o apoio de nenhum grande partido, mas tem a simpatia crescente de influentes correntes evangélicas brasileiras.”
Julho
A atuação política do sistema judiciário brasileiro no caso de Lula começou a ser destacada na imprensa internacional. A mobilização para impedir que uma decisão de um juiz de libertá-lo fosse cumprida foi mostrada ao mundo. Também houve destaque para os apoios de líderes mundiais a Lula. Já se levantava a preocupação com a ação política dos militares, tanto pelo número de candidatos às eleições, quanto pela presença cada vez mais atuante nas decisões no Executivo e no Judiciário. O norte-americano The New York Times advertia: “Muitos militares reformados estarão disputando as eleições. E, se a urna não funcionar, alguns advertem sobre a possibilidade de um golpe militar”. E o colombiano El Espectador reproduzia o que Lula escreveu em artigo:"Eles querem me silenciar…Parece que não foi suficiente para me aceitar. Eles querem me calar".
Agosto
A ameaça autoritária no Brasil começou a preocupar a imprensa internacional. De um lado, ameaça do crescimento de Bolsonaro, e de outro a desobediência à decisão da Comissão de Direitos Humanos da ONU de que liberasse a participação de Lula nas eleições, levantaram as dúvidas sobre o futuro da democracia no Brasil. Lula publicou artigo no norte-americano The New York Times” com enorme repercussão com o título: ““Há um golpe de direita em andamento no Brasil. Mas a justiça prevalecerá”. O jornal francês Le Figaro escreveu: O Brasil nas garras da tentação autoritária. Diante da corrupção e da violência, a campanha do ex-militar Jair Bolsonaro seduz parte do eleitorado. O capitão de 63 anos, Jair Bolsonaro, nunca brilhou no quartel ou na Câmara dos Deputados, a não ser por suas provocações e discursos. Seus alvos favoritos sempre foram feministas, homossexuais, negros, índios, progressistas, criminosos ...” E o jornal espanhol El Diário ia mais longe, escrevendo:
Sob este quadro geral, os destaques de cada mês são apresentados a seguir
Fevereiro
A intervenção militar do Rio teve grande repercussão. Houve destaque para o conteúdo discriminatório das ações. Alguns jornais noticiaram a existência de um védeo que circulou nas redes sociais aconselhando negros a como agir diante de policiais. Bolsonaro começava a preocupar, mas ainda como um tipo exótico que dizia coisas aparentemente absurdas e descoladas do que se pensaria no Brasil. Não passou despercebida sua conexão ao mercado financeiro. O Le Monde francês escreveu: “Em São Paulo, um "Trump tropical" que seduz os mercados financeiros. Pré-candidato de direita nas eleições presidenciais, Jair Bolsonaro é um ultraliberal sem complexo, homofóbico, racista e machista. E ele é o favorito da comunidade empresarial.”
Março
O assassinato da vereadora Marielle Franco do Rio de Janeiro e do motorista Anderson Franco foi o destaque do mês. Foi matéria em quase todos os jornais do mundo, em que se ressaltu vários aspectos de sua militância: sua oposição à intervenção militar na cidade; seu combate às milícias que dominam muitas áreas do Estado e da cidade; sua oposição crítica à violência policial; sua defesa dos direitos humanos e sua filiação a um partido de esquerda, o PSOL. O jornal espanhol La Vanguardia escreveu no dia do assassinato: “A vereadora do Partido Socialista e Liberdade (PSOL, oposição) Marielle Franco, crítica severa da intervenção do Exército na segurança do Rio de Janeiro, foi morta a tiros hoje no centro do Rio de Janeiro. Ela era conhecida ativista de direitos humanos e foi a quinta mais votada nas eleições de 2016 para a Câmara Municipal do Rio de Janeiro. O ataque ocorreu um dia depois que o conselheiro criticou novamente a intervenção na segurança do Rio de Janeiro em uma mensagem nas redes sociais.”
Abril
A prisão de Lula ocupou os jornais por todo o mês. Matérias extensas foram produzidas sobre a decisão judicial do TRF-4, a resistência no Sindicato dos Metalúrgicos, a articulação para a sua apresentação à justiça, as ações pouco republicanas do aparato judicial, o discurso de Lula para os manifestantes que dele se despediram, com muitos querendo resistir que se entregasse às autoridades. Muitos ilustraram esse momento com a foto da multidão carregando Lula tomada do alto. Junto com a prisão a reiteração de sua candidatura, por muitos associada à sua prisão. O jornal argentino Página 12 publicou “que 45 horas após a detenção do líder histórico do PT, o PT ratifica Lula como seu candidato. A indicação de Lula ocorrerá "sob quaisquer circunstâncias", mesmo se ele for privado de sua liberdade. "Não abandonamos uma pessoa inocente, e porque ele é inocente, ele tem o direito de ser candidato, e Lula não é mais apenas o candidato do PT, ele é o candidato de uma parte importante do povo brasileiro que, apesar da perseguição, continua apoiando-o com índices muito alta de preferência ". E o mexicano La Jornada, reproduzia trecho de seu discurso: “Sou uma idéia. E não se prendem as ideias.”
Maio
A greve dos caminhoneiros, a surpresa, o tamanho da mobilicação, as consequências sobre o abastecimento, em especial do combustível e as negociações de uma saída foram destacados na imprensa internacional. Mas também a formalização da candidatura de Lula, mesmo preso, pelo Partido dos Trabalhadores foi largamente noticiada. O norte-americano The Washington Post escreveu sobre a greve: “No Brasil, uma greve de caminhoneiros interrompe a maior economia da América Latina. Os restaurantes do McDonald's ficaram sem pão de hambúrguer, as bombas de gasolina estavam secando e o governo pediu aos brasileiros que limitassem o consumo de água.” Sobre a candidatura Lula, o francês Le Monde deu voz a Lula: “o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva explica porque ele é candidato à reeleição no Brasil: ‘Não cometi nenhum crime e sei que posso fazer com que o país retome o caminho da democracia e do desenvolvimento’”.
Junho
Lula continua a dominar o noticiário vindo do Brasil na imprensa internacional. Sua candidatura a presidente da República e sua liderança nas intenções de voto ganham destaque. Mas já se começa a prestar a atenção em Jair Bolsonaro e a ameaça que represente. O chileno El Mercúrio escreveu: “Preso há dois meses, Lula continua liderando a eleição presidencial no Brasil. A pesquisa, realizada em 6 e 7 de junho, indica que 30% do eleitorado votaria no ex-presidente, que cumpre pena de 12 anos e um mês.”. O jornal português Público já escrevia sobre o futuro presidente num tempo em que a mídia brasileira ainda não o apoiava: “ No colapso da política, surge o militar Bolsonaro. O candidato da extrema-direita militar Bolsonaro não tem o apoio da mídia, mas tem mais de cinco milhões de curtidas no Facebook. Não tem o apoio de nenhum grande partido, mas tem a simpatia crescente de influentes correntes evangélicas brasileiras.”
Julho
A atuação política do sistema judiciário brasileiro no caso de Lula começou a ser destacada na imprensa internacional. A mobilização para impedir que uma decisão de um juiz de libertá-lo fosse cumprida foi mostrada ao mundo. Também houve destaque para os apoios de líderes mundiais a Lula. Já se levantava a preocupação com a ação política dos militares, tanto pelo número de candidatos às eleições, quanto pela presença cada vez mais atuante nas decisões no Executivo e no Judiciário. O norte-americano The New York Times advertia: “Muitos militares reformados estarão disputando as eleições. E, se a urna não funcionar, alguns advertem sobre a possibilidade de um golpe militar”. E o colombiano El Espectador reproduzia o que Lula escreveu em artigo:"Eles querem me silenciar…Parece que não foi suficiente para me aceitar. Eles querem me calar".
Agosto
A ameaça autoritária no Brasil começou a preocupar a imprensa internacional. De um lado, ameaça do crescimento de Bolsonaro, e de outro a desobediência à decisão da Comissão de Direitos Humanos da ONU de que liberasse a participação de Lula nas eleições, levantaram as dúvidas sobre o futuro da democracia no Brasil. Lula publicou artigo no norte-americano The New York Times” com enorme repercussão com o título: ““Há um golpe de direita em andamento no Brasil. Mas a justiça prevalecerá”. O jornal francês Le Figaro escreveu: O Brasil nas garras da tentação autoritária. Diante da corrupção e da violência, a campanha do ex-militar Jair Bolsonaro seduz parte do eleitorado. O capitão de 63 anos, Jair Bolsonaro, nunca brilhou no quartel ou na Câmara dos Deputados, a não ser por suas provocações e discursos. Seus alvos favoritos sempre foram feministas, homossexuais, negros, índios, progressistas, criminosos ...” E o jornal espanhol El Diário ia mais longe, escrevendo:
“O 'lawfare': a guerra jurídica contra a democracia na América Latina. Desde o fim da Guerra Fria, os Estados Unidos preferiram manter o controle sobre a América Latina por meios democráticos, como o controle do Judiciário. Dilma Rousseff, Fernando Lugo, Cristina Kirchner, Lula, Jesus Santrich, Rafael Correa ... todos eles têm sido objeto dessa estratégia que os imobiliza politicamente. A destituição de Dilma, a prisão de Lula, os processos contra Kirshner, a ordem de prisão contra Rafael Correa são exemplos dessa ação coordenada.”
Setembro
Às vésperas das eleições, o interesse pelo Brasil aumentou. Foram destaque a proibição da candidatura de Lula nas instâncias judiciárias superiores, sua substituição por Fernando Haddad, o crescimento da candidatura de Bolsonaro coincidente com a facada que tomou e sua internação, a crescente intervenção dos militares que verbalizavam suas ameaças, como o general Mourão que viria depois a ser o candidato a vice de Bolsonaro – “"Se eles querem usar a violência, os profissionais da violência somos nós". Na resistência a Bolsonaro as mobilizações conduzidas pelo movimento Ele Não. Também foi destaque o incêndio no Museu Nacional, que se atribuiu em boa parte à “austeridade”, como foi o caso do jornal inglês The Guardian “Culpa-se a “austeridade” pelo incêndio no Museu Nacional do Brasil.”. O jornal francês Le Monde captura em editorial o que estava acontecendo no Brasil: ““Após a agressão ao candidato de extrema-direita Jair Bolsonaro. Um mês antes da eleição presidencial, a tentativa de assassinato na quinta-feira, 6 de setembro, o candidato de direita Jair Bolsonaro representa uma nova ameaça à jovem democracia brasileira. Imediatamente e unanimemente condenado, este assalto cometido por um personagem apresentado como desequilibrado reflete o clima extremamente tenso que prevalece atualmente. Desde a controvertida demissão da presidente Dilma Rousseff em 2016, o país parece ter perdido o controle de seu destino.”
Outubro
As vitórias de Bolsonaro no 1º e 2º turno das eleições foram o grande destaque que gerou enormes preocupações manifestadas pela imprensa mundial, da volta do autoritarismo às questões de meio ambiente passando pelas questões comportamentais. O jornal L’Humanité não poupou palavras: “O pesadelo Bolsonaro. O Brasil acordará a tempo? Agressões, difamação, verbo odioso, recusa do debate ... Bolsonaro e seus apoiadores estão às portas do poder e não se deterão diante de nada. Esses métodos, certamente previsíveis para esses nostálgicos da ditadura militar, prenunciam o pior dos regimes”. Em editorial o norte-americano The New York Times lamenta: “A triste escolha do Brasil. Jair Bolsonaro, o candidato da ultradireita é descrito como o Trump brasileiro e parece estar à frente da corrida presidencial”. Outros destacam a ligação de Bolsonaro com o mais radical neoliberalismo. Escreveu o jornal conservador francês “Bolsonaro promete liberalizar a economia com seu assessor econômico, discípulo do ultraliberalismo da Escola de Chicago.”
Novembro
Em Novembro, Bolsonaro já eleito futuro presidente da República, toma-se conhecimento de suas primeiras indicações e de seus primeiros programas. A repercussão na imprensa internacional é de alarme e preocupação. A nomeação do juiz Moro, algoz de Lula, para ministro da Justiça escancara o caráter político de sua condenação. Moro não é poupado de suspeitas expressadas em matérias de muitos órgãos de imprensa. O português Diário de Notícas em tom cáustico escreveu: “Entre desvios e muitos recuos, Bolsonaro já tem meio governo. Dois generais na Defesa, fã de Trump na Política Externa, suspeito de corrupção na Casa Civil, juiz da Lava-Jato na Justiça, ultraliberal na Economia, líder da bancada do boi na Agricultura, astronauta na Ciência”. Destaca-se muito as primeiras posturas nas relações exteriores: a saída dos médicos cubanos em função da hostilidade do novo presidente; o mal estar europeu com as improvisadas falas sobre o Mercosul; as provocações com a China em consonância à declarada subserviência a Trump, dentre outras. O jornal francês de finanças Les Echos escreveu a respeito: “Declarações precipitadas de Jair Bolsonaro causam problemas no nível diplomático. Ele mostra amadorismo em questões diplomáticas. A nomeação do seu ministro de relações exteriores está muito atrasada”.
Dezembro
Lula e Bolsonaro são os principais destaques na imprensa mundial. Lula é visto cada vez mais como vítima de uma perseguição jurídico-política e o “imbroglio” patrocinado pelo STF em que o Ministro Marco Aurélio concedeu liminar que resultaria em libertação de Lula para ser em poucas horas desautorizada pelo presidente Toffoli do STF. Esse vai e vem repetido destampou o caráter de exceção com que Lula é tratado. O jornal francês tratou o episódio assim: “Os mistérios da lei no Brasil e Lula permanecerá na prisão. Disputa político-judiciária para impedir a libertação do ex-presidente”. O português Público destacou, ácido: “Lula é solto, Lula não é solto: a guerra de juízes está a enervar os brasileiros”. E o colombiano El Espectador, sem rodeio deu como manchete as palavras de Lula: “Lula da Silva diz que não é um prisioneiro, mas um ‘refém’”. Com respeito a Bolsonaro o mau humor da imprensa é flagrante. O El País da Espanha escreveu: “A sombra da corrupção atinge Bolsonaro um mês depois de tomar posse”. E o francês Les Echos, “ecoando” a preocupação dos capitais europeus advertiu: ” Bolsonaro corre o risco de derrubar o acordo União Europeia - Mercosul. Emmanuel Macron e Angela Merkel advertiram o presidente brasileiro de que suas posições sobre o meio ambiente são incompatíveis com o acordo multilateral.”
Setembro
Às vésperas das eleições, o interesse pelo Brasil aumentou. Foram destaque a proibição da candidatura de Lula nas instâncias judiciárias superiores, sua substituição por Fernando Haddad, o crescimento da candidatura de Bolsonaro coincidente com a facada que tomou e sua internação, a crescente intervenção dos militares que verbalizavam suas ameaças, como o general Mourão que viria depois a ser o candidato a vice de Bolsonaro – “"Se eles querem usar a violência, os profissionais da violência somos nós". Na resistência a Bolsonaro as mobilizações conduzidas pelo movimento Ele Não. Também foi destaque o incêndio no Museu Nacional, que se atribuiu em boa parte à “austeridade”, como foi o caso do jornal inglês The Guardian “Culpa-se a “austeridade” pelo incêndio no Museu Nacional do Brasil.”. O jornal francês Le Monde captura em editorial o que estava acontecendo no Brasil: ““Após a agressão ao candidato de extrema-direita Jair Bolsonaro. Um mês antes da eleição presidencial, a tentativa de assassinato na quinta-feira, 6 de setembro, o candidato de direita Jair Bolsonaro representa uma nova ameaça à jovem democracia brasileira. Imediatamente e unanimemente condenado, este assalto cometido por um personagem apresentado como desequilibrado reflete o clima extremamente tenso que prevalece atualmente. Desde a controvertida demissão da presidente Dilma Rousseff em 2016, o país parece ter perdido o controle de seu destino.”
Outubro
As vitórias de Bolsonaro no 1º e 2º turno das eleições foram o grande destaque que gerou enormes preocupações manifestadas pela imprensa mundial, da volta do autoritarismo às questões de meio ambiente passando pelas questões comportamentais. O jornal L’Humanité não poupou palavras: “O pesadelo Bolsonaro. O Brasil acordará a tempo? Agressões, difamação, verbo odioso, recusa do debate ... Bolsonaro e seus apoiadores estão às portas do poder e não se deterão diante de nada. Esses métodos, certamente previsíveis para esses nostálgicos da ditadura militar, prenunciam o pior dos regimes”. Em editorial o norte-americano The New York Times lamenta: “A triste escolha do Brasil. Jair Bolsonaro, o candidato da ultradireita é descrito como o Trump brasileiro e parece estar à frente da corrida presidencial”. Outros destacam a ligação de Bolsonaro com o mais radical neoliberalismo. Escreveu o jornal conservador francês “Bolsonaro promete liberalizar a economia com seu assessor econômico, discípulo do ultraliberalismo da Escola de Chicago.”
Novembro
Em Novembro, Bolsonaro já eleito futuro presidente da República, toma-se conhecimento de suas primeiras indicações e de seus primeiros programas. A repercussão na imprensa internacional é de alarme e preocupação. A nomeação do juiz Moro, algoz de Lula, para ministro da Justiça escancara o caráter político de sua condenação. Moro não é poupado de suspeitas expressadas em matérias de muitos órgãos de imprensa. O português Diário de Notícas em tom cáustico escreveu: “Entre desvios e muitos recuos, Bolsonaro já tem meio governo. Dois generais na Defesa, fã de Trump na Política Externa, suspeito de corrupção na Casa Civil, juiz da Lava-Jato na Justiça, ultraliberal na Economia, líder da bancada do boi na Agricultura, astronauta na Ciência”. Destaca-se muito as primeiras posturas nas relações exteriores: a saída dos médicos cubanos em função da hostilidade do novo presidente; o mal estar europeu com as improvisadas falas sobre o Mercosul; as provocações com a China em consonância à declarada subserviência a Trump, dentre outras. O jornal francês de finanças Les Echos escreveu a respeito: “Declarações precipitadas de Jair Bolsonaro causam problemas no nível diplomático. Ele mostra amadorismo em questões diplomáticas. A nomeação do seu ministro de relações exteriores está muito atrasada”.
Dezembro
Lula e Bolsonaro são os principais destaques na imprensa mundial. Lula é visto cada vez mais como vítima de uma perseguição jurídico-política e o “imbroglio” patrocinado pelo STF em que o Ministro Marco Aurélio concedeu liminar que resultaria em libertação de Lula para ser em poucas horas desautorizada pelo presidente Toffoli do STF. Esse vai e vem repetido destampou o caráter de exceção com que Lula é tratado. O jornal francês tratou o episódio assim: “Os mistérios da lei no Brasil e Lula permanecerá na prisão. Disputa político-judiciária para impedir a libertação do ex-presidente”. O português Público destacou, ácido: “Lula é solto, Lula não é solto: a guerra de juízes está a enervar os brasileiros”. E o colombiano El Espectador, sem rodeio deu como manchete as palavras de Lula: “Lula da Silva diz que não é um prisioneiro, mas um ‘refém’”. Com respeito a Bolsonaro o mau humor da imprensa é flagrante. O El País da Espanha escreveu: “A sombra da corrupção atinge Bolsonaro um mês depois de tomar posse”. E o francês Les Echos, “ecoando” a preocupação dos capitais europeus advertiu: ” Bolsonaro corre o risco de derrubar o acordo União Europeia - Mercosul. Emmanuel Macron e Angela Merkel advertiram o presidente brasileiro de que suas posições sobre o meio ambiente são incompatíveis com o acordo multilateral.”
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