Por Maurício Abdalla, no jornal Le Monde Diplomatique-Brasil:
Dick Cheney (cuja vida foi retratada no excelente filme “Vice”) foi CEO da empresa petrolífera Halliburton. Nos bastidores, a empresa trabalhou para que ele fosse candidato à presidência dos EUA. Devido a uma questão de sua vida pessoal (sua filha era lésbica), ele não concorreu.
Mas acharam um meio de colocá-lo no poder, a fim de que governasse a serviço de sua antiga empresa. Escolheram um candidato estúpido e fraco (George W. Bush) e indicaram Cheney como vice.
Usaram uma estratégia agora bem conhecida por nós, brasileiros: coloca-se um bufão no governo para que as atenções se voltem para sua imbecilidade, enquanto os verdadeiros governantes manipulam os fios invisíveis do poder.
Invadiram o Iraque como reação ao 11 de setembro, sem que houvesse qualquer relação entre o atentado e aquele país, e usaram o pretexto falso da posse de armas de destruição em massa. Nenhum dos pretextos se confirmaram ou tinham quaisquer provas.
Roubaram todo o petróleo iraquiano. Nada disso tinha a ver com Saddam Hussein, democracia, direitos humanos ou com qualquer motivo político.
Após a invasão, a Halliburton, empresa presidida, entre 1995 e 2000, por Dick Cheney, o vice-presidente do país, ganhou contratos bilionários do Governo dos EUA, sem licitação (!), para explorar e comercializar o petróleo do Iraque.
No país de Saddam, lançaram toneladas de bombas explosivas e mortais. Ao mesmo tempo, e como complemento de um ataque sincronizado, despejaram sobre nossas cabeças toneladas de bombas ideológicas, que nos fizeram pensar apenas no “risco Saddam”, na “ausência de democracia” no Iraque e em “direitos humanos”.
Sabendo dessa história tão recente e tão escancarada, como é possível que tudo se repita com a Venezuela e pessoas ainda se iludam, pensado saber o que está acontecendo no país vizinho, dono de uma das maiores reservas de petróleo do mundo?
As bombas ideológicas são tão potentes que idiotizam boa parte da população que, mais uma vez, assim como centrou seu foco em Saddam e esqueceu de olhar para o petróleo, agora centra seu foco em Maduro (que nada tem a ver com Saddam, a propósito) e se faz cega para os interesses das petrolíferas.
O Secretário de Estado de Trump até 2018, um dos mais altos postos da Casa Branca, Rex Wayne Tillerson, foi CEO da gigante petrolífera Exxonmobil…
O falecido dirigente iraquiano não tinha apoio popular. Era um ditador covarde, que ascendeu ao poder pelas mãos dos EUA para guerrear com o Irã.
Maduro, porém, tem uma expressiva base de apoio popular e uma parte significativa da população disposta a defender o governo que ele representa.
Lá a história real não deve se repetir igual a no Iraque, embora tenham em comum a questão do petróleo.
Mas, na ficção ideológica dos meios de comunicação, o processo de idiotização das mentes é o mesmo. Repete-se tal e qual a manipulação de conceitos caros como “democracia”, direitos humanos”, etc., agora apontados para a Venezuela.
Devem rir copiosamente daqueles que, sem ter nada a ver com o caso, se tornam, aqui nos trópicos, os defensores de sua ganância pelo ouro negro.
* Maurício Abdalla é professor de filosofia na Universidade Federal do Espírito Santo.
Mas acharam um meio de colocá-lo no poder, a fim de que governasse a serviço de sua antiga empresa. Escolheram um candidato estúpido e fraco (George W. Bush) e indicaram Cheney como vice.
Usaram uma estratégia agora bem conhecida por nós, brasileiros: coloca-se um bufão no governo para que as atenções se voltem para sua imbecilidade, enquanto os verdadeiros governantes manipulam os fios invisíveis do poder.
Invadiram o Iraque como reação ao 11 de setembro, sem que houvesse qualquer relação entre o atentado e aquele país, e usaram o pretexto falso da posse de armas de destruição em massa. Nenhum dos pretextos se confirmaram ou tinham quaisquer provas.
Roubaram todo o petróleo iraquiano. Nada disso tinha a ver com Saddam Hussein, democracia, direitos humanos ou com qualquer motivo político.
Após a invasão, a Halliburton, empresa presidida, entre 1995 e 2000, por Dick Cheney, o vice-presidente do país, ganhou contratos bilionários do Governo dos EUA, sem licitação (!), para explorar e comercializar o petróleo do Iraque.
No país de Saddam, lançaram toneladas de bombas explosivas e mortais. Ao mesmo tempo, e como complemento de um ataque sincronizado, despejaram sobre nossas cabeças toneladas de bombas ideológicas, que nos fizeram pensar apenas no “risco Saddam”, na “ausência de democracia” no Iraque e em “direitos humanos”.
Sabendo dessa história tão recente e tão escancarada, como é possível que tudo se repita com a Venezuela e pessoas ainda se iludam, pensado saber o que está acontecendo no país vizinho, dono de uma das maiores reservas de petróleo do mundo?
As bombas ideológicas são tão potentes que idiotizam boa parte da população que, mais uma vez, assim como centrou seu foco em Saddam e esqueceu de olhar para o petróleo, agora centra seu foco em Maduro (que nada tem a ver com Saddam, a propósito) e se faz cega para os interesses das petrolíferas.
O Secretário de Estado de Trump até 2018, um dos mais altos postos da Casa Branca, Rex Wayne Tillerson, foi CEO da gigante petrolífera Exxonmobil…
O falecido dirigente iraquiano não tinha apoio popular. Era um ditador covarde, que ascendeu ao poder pelas mãos dos EUA para guerrear com o Irã.
Maduro, porém, tem uma expressiva base de apoio popular e uma parte significativa da população disposta a defender o governo que ele representa.
Lá a história real não deve se repetir igual a no Iraque, embora tenham em comum a questão do petróleo.
Mas, na ficção ideológica dos meios de comunicação, o processo de idiotização das mentes é o mesmo. Repete-se tal e qual a manipulação de conceitos caros como “democracia”, direitos humanos”, etc., agora apontados para a Venezuela.
Devem rir copiosamente daqueles que, sem ter nada a ver com o caso, se tornam, aqui nos trópicos, os defensores de sua ganância pelo ouro negro.
* Maurício Abdalla é professor de filosofia na Universidade Federal do Espírito Santo.
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