Editorial do site Vermelho:
O ministro da Economia, Paulo Guedes, com suas frases feitas, personifica o abismo para onde o Brasil está sendo conduzido. Sua mais recente contribuição ao bestialógico político do governo Bolsonaro foi a explicação para a urgência da “reforma” da Previdência Social. Segundo ele, isso equivaleria a retirar os arpões de uma baleia ferida, arpoada várias vezes, que foi sangrando e parou de se mover. “Precisamos retirar os arpões, consertar o que está equivocado. Não tem direita, nem esquerda. Precisamos consertar a economia brasileira”, vaticinou o ministro.
Não há problema em defender publicamente esse tipo de ideia se utilizando de formulações vulgares como essa. O problema aparece quando ela se esconde em argumentos, além de medíocres, hipócritas. A conclusão de que Guedes mente ao defender a sua “reforma” é um imperativo aritmético. A começar pela promessa de, com a “nova previdência”, fazer o Brasil ostentar juros equivalentes aos norte-americanos, inflação no padrão europeu e crescimento econômico em ritmo chinês.
O ministro, de perfil autoritário e hostil ao debate - bem apropriado para o estilo do governo Bolsonaro -, cultiva o gosto pelo comando com a predileção à manobra. Para entendê-lo, é preciso distinguir ignorância - que pode ser bem-intencionada, e até santificada, como disse certa vez Nelson Rodrigues em um de seus comentários cáusticos - de ideologia. Ignorar é não saber alguma coisa. Ideologia é fazer uma opção sabendo a diferença entre o certo e o errado para uns e outros. As mentiras de Guedes são ideológicas.
O mínimo que se pode cobrar dele é que apresente pelo menos um argumento lógico capaz de explicar os benefícios dessa “reforma”. Sentido estratégico? Não é. Base para o crescimento sustentado? Não é. A brasileira e o brasileiro que não têm acesso às benesses da ciranda financeira internacional são tão beneficiados por essa “reforma” quanto alguém que mora na Sibéria. Tem mais: Guedes vive dizendo que o Brasil não pode abrir mão das "conquistas" da "nova previdência". Que tal, em lugar de vaticínios, ele mostrar com números críveis o que seriam essas "conquistas"? Não mostra porque eles não existem.
O Brasil, para enfrentar os graves efeitos da crise de acumulação financeira internacional, precisa desenvolver estudos de primeira, argumentos sólidos e linhas de raciocínio claras. Algo oposto à panaceia da “reforma” da Previdência Social de Guedes e Bolsonaro. O Brasil, com o seu peso na economia mundial, tem no seu comando, sob esse governo, um piloto e um co-piloto manobrando um avião de grande porte como se fosse um teco-teco. Em outras palavras: se o teclado e o microfone aceitam qualquer tolice para incautos engolir, o mesmo não acontece com a lógica política e econômica do país.
A busca de saída para a crise, portanto, exige, como primeiro passo, uma ação tática que reúna forças amplas e diversificadas, com condições de superar esse processo político. A extensão que a crise adquiriu, com o agravamento das condições sociais, pode transformar-se rapidamente em impasses políticos. Esse quadro requer alternativas realistas, capazes de mobilizar a esperança que levará à mudança de rumo. É, sem dúvida, uma engenharia política de grande envergadura, que exige flexibilidade tática e compreensão de que o dilema do Brasil hoje tem forte inflexão econômica.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, com suas frases feitas, personifica o abismo para onde o Brasil está sendo conduzido. Sua mais recente contribuição ao bestialógico político do governo Bolsonaro foi a explicação para a urgência da “reforma” da Previdência Social. Segundo ele, isso equivaleria a retirar os arpões de uma baleia ferida, arpoada várias vezes, que foi sangrando e parou de se mover. “Precisamos retirar os arpões, consertar o que está equivocado. Não tem direita, nem esquerda. Precisamos consertar a economia brasileira”, vaticinou o ministro.
Não há problema em defender publicamente esse tipo de ideia se utilizando de formulações vulgares como essa. O problema aparece quando ela se esconde em argumentos, além de medíocres, hipócritas. A conclusão de que Guedes mente ao defender a sua “reforma” é um imperativo aritmético. A começar pela promessa de, com a “nova previdência”, fazer o Brasil ostentar juros equivalentes aos norte-americanos, inflação no padrão europeu e crescimento econômico em ritmo chinês.
O ministro, de perfil autoritário e hostil ao debate - bem apropriado para o estilo do governo Bolsonaro -, cultiva o gosto pelo comando com a predileção à manobra. Para entendê-lo, é preciso distinguir ignorância - que pode ser bem-intencionada, e até santificada, como disse certa vez Nelson Rodrigues em um de seus comentários cáusticos - de ideologia. Ignorar é não saber alguma coisa. Ideologia é fazer uma opção sabendo a diferença entre o certo e o errado para uns e outros. As mentiras de Guedes são ideológicas.
O mínimo que se pode cobrar dele é que apresente pelo menos um argumento lógico capaz de explicar os benefícios dessa “reforma”. Sentido estratégico? Não é. Base para o crescimento sustentado? Não é. A brasileira e o brasileiro que não têm acesso às benesses da ciranda financeira internacional são tão beneficiados por essa “reforma” quanto alguém que mora na Sibéria. Tem mais: Guedes vive dizendo que o Brasil não pode abrir mão das "conquistas" da "nova previdência". Que tal, em lugar de vaticínios, ele mostrar com números críveis o que seriam essas "conquistas"? Não mostra porque eles não existem.
O Brasil, para enfrentar os graves efeitos da crise de acumulação financeira internacional, precisa desenvolver estudos de primeira, argumentos sólidos e linhas de raciocínio claras. Algo oposto à panaceia da “reforma” da Previdência Social de Guedes e Bolsonaro. O Brasil, com o seu peso na economia mundial, tem no seu comando, sob esse governo, um piloto e um co-piloto manobrando um avião de grande porte como se fosse um teco-teco. Em outras palavras: se o teclado e o microfone aceitam qualquer tolice para incautos engolir, o mesmo não acontece com a lógica política e econômica do país.
A busca de saída para a crise, portanto, exige, como primeiro passo, uma ação tática que reúna forças amplas e diversificadas, com condições de superar esse processo político. A extensão que a crise adquiriu, com o agravamento das condições sociais, pode transformar-se rapidamente em impasses políticos. Esse quadro requer alternativas realistas, capazes de mobilizar a esperança que levará à mudança de rumo. É, sem dúvida, uma engenharia política de grande envergadura, que exige flexibilidade tática e compreensão de que o dilema do Brasil hoje tem forte inflexão econômica.
0 comentários:
Postar um comentário