Vladimir Netto e Moro no lançamento do livro sobre a Lava Jato |
A relação do jornalista Vladimir Netto, da Globo, com a Lava Jato é um escândalo dentro de um escândalo.
Conflito de interesses é a ponta de um iceberg.
A mulher dele, Giselly Siqueira, assessora especial de comunicação do Ministério da Justiça, de Sergio Moro, pediu demissão, informa Sonia Racy em sua coluna no Estadão.
Os motivos da saída não foram divulgados, mas é de se supor que seja instinto de sobrevivência: vazamento a caminho.
Sergio Moro pediu licença um dia antes para se “reenergizar”. Então tá.
Antes de assessorar Moro, Giselly trabalhou no Conselho Nacional de Justiça, nas gestões de Dias Toffoli e Ricardo Lewandowski, e no TSE quando Gilmar Mendes o presidia.
Vladimir fez uma selfie com o chefe de sua mulher num voo.
Eu já disse algumas vezes que a Globo foi um eficiente órgão de propaganda, enfiando goela abaixo da opinião pública a imagem de deuses infalíveis da República de Curitiba e seus próceres.
O livro mais bem sucedido sobre o assunto é de Vladimir Netto.
“Lava Jato – O juiz Sergio Moro e os bastidores da operação que abalou o Brasil” foi lançado em 2016.
Lotado no Jornal Nacional, diretor da Abraji (Associação Brasileira Jornalismo Investigativo) há trezentos anos, Vladimir ganhou um bom dinheiro divulgando a verdade dos justiceiros.
Mais de 200 mil exemplares foram vendidos.
Serviu de base para a série “O Mecanismo”, de José Padilha, nossa Leni Riefenstahl, a cineasta do nazismo.
Em sua hagiografia, Vladimir escreve que Moro exibe “rigor e coragem”, conduz tudo “com maestria”, “trabalha com afinco em busca de resultados”.
Moro é “um excelente pai. Trocava fraldas, acordava à noite quando a bebê chorava e cuidava do umbigo da menina.”
Etc etc etc.
Vladimir nunca esboçou a menor dúvida sobre as intenções de seus personagens e funcionou, mesmo, como um relações públicas.
Mauro Naves, vamos lembrar, foi demitido da emissora por suas ligações com o advogado da modelo do suposto estupro cometido por Neymar.
Em entrevista à mídia portuguesa em 2018, quando a obra saiu lá, Vladimir declarou que “não há parcialidade de Moro. A Lava Jato procura investigar todos”.
Questionado sobre as ambições políticas de Moro, respondeu que achava que ele não as tinha.
“Surpreendia-me muito se ele se candidatasse”, falou.
Palestrou numa feira de livros ao lado de Deltan Dallagnol, estimulando aquela pregação picareta.
Fez uma foto com outros colegas lavajatistas comemorando a condenação de Lula no TRF-4.
Vladimir, como outros, precisa vir a público explicar como ficou sentado sobre uma montanha de ilegalidades cometidas pelos heróis de suas tramas.
Isso é qualquer coisa, menos jornalismo investigativo.
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