Editorial do site Vermelho:
Existem, basicamente, dois fatores para se explicar a extensão das queimadas nas florestas brasileiras. Um é a sazonalidade, o ciclo da seca que nesta época do ano castiga a região. Outro é a atitude do presidente Jair Bolsonaro de tocar fogo nos instrumentos de preservação do meio ambiente, como a demissão intempestiva do presidente do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Ricardo Galvão, e sua birra com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
No primeiro caso, além de lançar epítetos contra os críticos de suas atitudes sobre o meio ambiente, como foi o caso das organizações não governamentais (ONGs) que estariam promovendo um holocausto ambiental na Amazônia para "chamar atenção" contra o governo brasileiro, Bolsonaro alegou falta de recursos para combater o fogo. Finalmente, ele anunciou a inócua "tendência" de acionar tropas do Exército, o que ocorreria por meio de uma operação de Garantia de Lei e da Ordem (GLO), semelhante ao que foi feito por Michel Temer para tentar combater a violência no Rio de Janeiro.
No segundo caso, Bolsonaro faz ataques ao Ibama desde a campanha eleitoral. Segundo ele, a instituição conduz uma suposta “indústria da multa” e chegou ao detalhe reles de exonerar José Augusto Morelli do cargo de Chefe do Centro de Operações Aéreas da Diretoria de Proteção Ambiental como represália à multa que levou do servidor por pesca ilegal. O presidente já fez diversos ataques ao órgão fiscalizador e ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), e sufocou a atuação dos fiscais com um decreto para inviabilizar multas ambientais.
No terceiro caso, a demissão do presidente do Inpe, Bolsonaro agiu com extrema irresponsabilidade ao destratar uma instituição que desfruta de alto prestígio na comunidade científica. Não é concebível que ele desconheça a seriedade dos dados produzidos pelo Inpe, como o monitoramento das fronteiras agrícolas na Amazônia e no Cerrado e da dinâmica do desmatamento. O Instituto tem prestígio internacional e sua equipe conta com funcionários altamente gabaritados.
Ao mesmo tempo em que faz tudo isso, Bolsonaro se ajoelha perante o seu amo, o presidente norte-americano Donald Trump, prometendo fidelidade canina aos intentos do chefão da Casa Branca de tutelar a dinâmica econômica e política do Brasil de acordo com seus interesses geopolíticos. A consequência, além da carta branca para os incendiários florestais, é o pretexto para oportunistas que se julgam mais capazes do que os brasileiros para cuidar do meio ambiente meterem o bedelho em assuntos internos do país, como acaba de fazer o presidente francês Emmanuel Macron.
Em meio à balbúrdia, Bolsonaro e seu séquito se vestem de “nacionalistas”, brandindo um visto temporário para o mundo do anticolonialismo com o intuito de enganar incautos e fugir da essência do problema. A pantomima soa ridícula, algo parecido com performances de artistas de picadeiro. Essas performances lembram também a tragédia grega, quando o protagonista caminha consciente e célere em direção à própria ruína. Pode também ser comédia, com o protagonista atuando como o néscio de quem todos riem. Ou uma farsa, quando o protagonista é enganado.
Seja o que for, o certo é que a defesa da Amazônia exige seriedade e verdadeiro compromisso com os interesses nacionais. Ainda ressoa pelo país o slogan “A Amazônia é nossa”, um brado que se ergueu com força desde que a ditadura militar impôs sua lógica de que aquela imensidão verde poderia se transformar em uma ocupação desordenada, abrindo caminho para aventureiros de todo tipo – inclusive prepostos de interesses colonialistas. Com o bolsonarismo retomando essa lógica, agora com essas novas roupagens – o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, diz que a solução para a Amazônia é “monetizá-la”, abrindo áreas para o desenvolvimento comercial –, esse brado volta a ser um imperativo nacional.
A floresta amazônica é o segundo maior bioma do mundo e se estende por nove países. Sua importância é inquestionável. No caso do Brasil, há, comprovadamente, a compatibilidade de se fazer a preservação no âmbito de um projeto nacional de desenvolvimento, uma das grandes vantagens locais no ambiente de competição na divisão de espaços da economia mundial. Sua defesa por um amplo conjunto de vozes e movimentos, que se espalha pelo mundo, fortalece a luta por uma Brasil soberano e democrático.
Existem, basicamente, dois fatores para se explicar a extensão das queimadas nas florestas brasileiras. Um é a sazonalidade, o ciclo da seca que nesta época do ano castiga a região. Outro é a atitude do presidente Jair Bolsonaro de tocar fogo nos instrumentos de preservação do meio ambiente, como a demissão intempestiva do presidente do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Ricardo Galvão, e sua birra com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
No primeiro caso, além de lançar epítetos contra os críticos de suas atitudes sobre o meio ambiente, como foi o caso das organizações não governamentais (ONGs) que estariam promovendo um holocausto ambiental na Amazônia para "chamar atenção" contra o governo brasileiro, Bolsonaro alegou falta de recursos para combater o fogo. Finalmente, ele anunciou a inócua "tendência" de acionar tropas do Exército, o que ocorreria por meio de uma operação de Garantia de Lei e da Ordem (GLO), semelhante ao que foi feito por Michel Temer para tentar combater a violência no Rio de Janeiro.
No segundo caso, Bolsonaro faz ataques ao Ibama desde a campanha eleitoral. Segundo ele, a instituição conduz uma suposta “indústria da multa” e chegou ao detalhe reles de exonerar José Augusto Morelli do cargo de Chefe do Centro de Operações Aéreas da Diretoria de Proteção Ambiental como represália à multa que levou do servidor por pesca ilegal. O presidente já fez diversos ataques ao órgão fiscalizador e ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), e sufocou a atuação dos fiscais com um decreto para inviabilizar multas ambientais.
No terceiro caso, a demissão do presidente do Inpe, Bolsonaro agiu com extrema irresponsabilidade ao destratar uma instituição que desfruta de alto prestígio na comunidade científica. Não é concebível que ele desconheça a seriedade dos dados produzidos pelo Inpe, como o monitoramento das fronteiras agrícolas na Amazônia e no Cerrado e da dinâmica do desmatamento. O Instituto tem prestígio internacional e sua equipe conta com funcionários altamente gabaritados.
Ao mesmo tempo em que faz tudo isso, Bolsonaro se ajoelha perante o seu amo, o presidente norte-americano Donald Trump, prometendo fidelidade canina aos intentos do chefão da Casa Branca de tutelar a dinâmica econômica e política do Brasil de acordo com seus interesses geopolíticos. A consequência, além da carta branca para os incendiários florestais, é o pretexto para oportunistas que se julgam mais capazes do que os brasileiros para cuidar do meio ambiente meterem o bedelho em assuntos internos do país, como acaba de fazer o presidente francês Emmanuel Macron.
Em meio à balbúrdia, Bolsonaro e seu séquito se vestem de “nacionalistas”, brandindo um visto temporário para o mundo do anticolonialismo com o intuito de enganar incautos e fugir da essência do problema. A pantomima soa ridícula, algo parecido com performances de artistas de picadeiro. Essas performances lembram também a tragédia grega, quando o protagonista caminha consciente e célere em direção à própria ruína. Pode também ser comédia, com o protagonista atuando como o néscio de quem todos riem. Ou uma farsa, quando o protagonista é enganado.
Seja o que for, o certo é que a defesa da Amazônia exige seriedade e verdadeiro compromisso com os interesses nacionais. Ainda ressoa pelo país o slogan “A Amazônia é nossa”, um brado que se ergueu com força desde que a ditadura militar impôs sua lógica de que aquela imensidão verde poderia se transformar em uma ocupação desordenada, abrindo caminho para aventureiros de todo tipo – inclusive prepostos de interesses colonialistas. Com o bolsonarismo retomando essa lógica, agora com essas novas roupagens – o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, diz que a solução para a Amazônia é “monetizá-la”, abrindo áreas para o desenvolvimento comercial –, esse brado volta a ser um imperativo nacional.
A floresta amazônica é o segundo maior bioma do mundo e se estende por nove países. Sua importância é inquestionável. No caso do Brasil, há, comprovadamente, a compatibilidade de se fazer a preservação no âmbito de um projeto nacional de desenvolvimento, uma das grandes vantagens locais no ambiente de competição na divisão de espaços da economia mundial. Sua defesa por um amplo conjunto de vozes e movimentos, que se espalha pelo mundo, fortalece a luta por uma Brasil soberano e democrático.
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