Por Luís Fernando Vitagliano, no site Brasil Debate:
A decisão de transferir Lula do Paraná para São Paulo foi uma surpresa geral. Como tinha que ser, a estratégia de tomar atitudes inesperadas e rápidas faz parte da lógica do partido da Lava Jato. Certamente tem inspiração nos manuais de procedimentos alocados nas agências de política externa dos EUA para parceiros.
Do ponto de vista estratégico, é claro que esse fato tem claro teor reativo. O Partido da Lava Jato está no seu momento mais frágil. E voltar suas atenções a Lula acirra os nervos dos setores progressistas e nos faz cometer erros.
Em política é importante perceber o tempo. Reparemos que especificamente hoje o site da UOL soltou a reportagem mais corrosiva à Lava Jato. Usou um partido Laranja para atacar Gilmar Mendes e tinha o claro objetivo de perseguir um juiz do Supremo para diminuir a oposição aos seus métodos na corte. Isso pode ter batido como uma martelada na cabeça dos onze juízes do STF para ativar uma reação clara.
Então a Lava Jato reage naquilo que lhe é possível. Atingir Lula e as esquerdas.
Nos primeiros anos da Guerra Fria, os EUA logo perceberam que tinham mais poder e se movimentavam mais rápido que a URSS no cenário internacional. Logo passaram para uma política muito agressiva de contenção do comunismo que basicamente disputava com muito dinheiro e recursos todos os lugares em que houvesse chances de se implementar o socialismo. Mas a União Soviética tinha um trunfo: a Alemanha Oriental. Sempre que as tensões apertavam, Moscou recorria a Berlim e aumentava a tensão no centro da Europa. Então, os EUA freavam sua ofensiva, recuavam ou faziam um acordo para qualquer outra questão, porque todas as outras se tornavam menores que a Alemanha. Sem que a questão alemã tivesse uma solução, não haveria solução também à Guerra Fria.
Guardadas as devidas proporções, a operação Lava Jato faz algo parecido quando se trata de desmontar suas ações políticas. Toda a vez que sofre uma ofensiva, recorre à questão do Lula, porque para os setores das esquerdas todas as outras questões se tornam menores quando ela é colocada na ordem do dia.
Vejamos o tempo dos acontecimentos. Os vazamentos das conversas entre procuradores têm mostrado sistematicamente que a Lava Jato enganou juízes do Supremo, fez acordos escusos e agora mostra que manipulou para investigar, indiciar e tentar afastar um juiz do STF. Ou seja, a tese de que o STF foi manipulado pela operação Lava Jato tem ganhado cada vez mais elementos de sustentação. Porém, interessa à Lava Jato que o PT e as esquerdas continuem numa atitude de animosidade com o STF enquanto mobilizam suas redes para se posicionarem contra qualquer questionamento ou reforma das ações da operação. Se os procuradores da Lava Jato em conluio com a 12ª Vara de Curitiba mexem com o caso de Lula, sabem que a reação imediata é uma cobrança ao STF. Muitos vão dizer: “Cadê o STF?” e soltar bordões de críticas à instituição. Logo colocam um contra o outro. O STF sabe que se tomar atitudes que beneficiem Lula, ainda que legais e dentro da normalidade do processo penal, vai encontrar uma parte raivosa da sociedade vociferando – incluindo setores empresariais, militares e jurídicos. Por isso, há uma lentidão desproporcional nas decisões que, de outro lado, favorecem as críticas e os distanciamentos das esquerdas em relação ao diálogo com a corte.
Ao agir dessa forma, a Lava Jato sabe que só terá benefícios: faz com que as forças progressistas deixem de discutir uma série de temas polêmicos e espinhosos que estão sendo revelados pelas colaborações dos veículos da grande imprensa e o Intercept Brasil para se concentrarem no processo e nos rumos que o caso de Lula vai adquirir; colocam em rota de colisão os representantes jurídicos de Lula e o STF porque de um lado os representantes da corte que são críticos da lava Jato, mas também os que consideram que o PT não respeitou as decisões da Corte; encobre notícias como as do escândalo de Itaipu e dos desvios de conduta de procuradores da Lava Jato.
Enfim, atingir Lula em meio a uma série de denúncias de abusos e violações da legalidade é uma válvula de escape do Partido da Lava Jato. É como aumentar as tensões na Alemanha para que determinadas ações da Guerra Fria sejam neutralizadas. Assim, como nos ensinou a história da Guerra Fria que só encontrou uma resposta quando permitiu a reunificação das Alemanhas, no caso da Lava Jato, ela só vai encontrar limites depois que se aceitar que houve manipulação política no caso de Lula e se restabelecer a democracia.
A decisão de transferir Lula do Paraná para São Paulo foi uma surpresa geral. Como tinha que ser, a estratégia de tomar atitudes inesperadas e rápidas faz parte da lógica do partido da Lava Jato. Certamente tem inspiração nos manuais de procedimentos alocados nas agências de política externa dos EUA para parceiros.
Do ponto de vista estratégico, é claro que esse fato tem claro teor reativo. O Partido da Lava Jato está no seu momento mais frágil. E voltar suas atenções a Lula acirra os nervos dos setores progressistas e nos faz cometer erros.
Em política é importante perceber o tempo. Reparemos que especificamente hoje o site da UOL soltou a reportagem mais corrosiva à Lava Jato. Usou um partido Laranja para atacar Gilmar Mendes e tinha o claro objetivo de perseguir um juiz do Supremo para diminuir a oposição aos seus métodos na corte. Isso pode ter batido como uma martelada na cabeça dos onze juízes do STF para ativar uma reação clara.
Então a Lava Jato reage naquilo que lhe é possível. Atingir Lula e as esquerdas.
Nos primeiros anos da Guerra Fria, os EUA logo perceberam que tinham mais poder e se movimentavam mais rápido que a URSS no cenário internacional. Logo passaram para uma política muito agressiva de contenção do comunismo que basicamente disputava com muito dinheiro e recursos todos os lugares em que houvesse chances de se implementar o socialismo. Mas a União Soviética tinha um trunfo: a Alemanha Oriental. Sempre que as tensões apertavam, Moscou recorria a Berlim e aumentava a tensão no centro da Europa. Então, os EUA freavam sua ofensiva, recuavam ou faziam um acordo para qualquer outra questão, porque todas as outras se tornavam menores que a Alemanha. Sem que a questão alemã tivesse uma solução, não haveria solução também à Guerra Fria.
Guardadas as devidas proporções, a operação Lava Jato faz algo parecido quando se trata de desmontar suas ações políticas. Toda a vez que sofre uma ofensiva, recorre à questão do Lula, porque para os setores das esquerdas todas as outras questões se tornam menores quando ela é colocada na ordem do dia.
Vejamos o tempo dos acontecimentos. Os vazamentos das conversas entre procuradores têm mostrado sistematicamente que a Lava Jato enganou juízes do Supremo, fez acordos escusos e agora mostra que manipulou para investigar, indiciar e tentar afastar um juiz do STF. Ou seja, a tese de que o STF foi manipulado pela operação Lava Jato tem ganhado cada vez mais elementos de sustentação. Porém, interessa à Lava Jato que o PT e as esquerdas continuem numa atitude de animosidade com o STF enquanto mobilizam suas redes para se posicionarem contra qualquer questionamento ou reforma das ações da operação. Se os procuradores da Lava Jato em conluio com a 12ª Vara de Curitiba mexem com o caso de Lula, sabem que a reação imediata é uma cobrança ao STF. Muitos vão dizer: “Cadê o STF?” e soltar bordões de críticas à instituição. Logo colocam um contra o outro. O STF sabe que se tomar atitudes que beneficiem Lula, ainda que legais e dentro da normalidade do processo penal, vai encontrar uma parte raivosa da sociedade vociferando – incluindo setores empresariais, militares e jurídicos. Por isso, há uma lentidão desproporcional nas decisões que, de outro lado, favorecem as críticas e os distanciamentos das esquerdas em relação ao diálogo com a corte.
Ao agir dessa forma, a Lava Jato sabe que só terá benefícios: faz com que as forças progressistas deixem de discutir uma série de temas polêmicos e espinhosos que estão sendo revelados pelas colaborações dos veículos da grande imprensa e o Intercept Brasil para se concentrarem no processo e nos rumos que o caso de Lula vai adquirir; colocam em rota de colisão os representantes jurídicos de Lula e o STF porque de um lado os representantes da corte que são críticos da lava Jato, mas também os que consideram que o PT não respeitou as decisões da Corte; encobre notícias como as do escândalo de Itaipu e dos desvios de conduta de procuradores da Lava Jato.
Enfim, atingir Lula em meio a uma série de denúncias de abusos e violações da legalidade é uma válvula de escape do Partido da Lava Jato. É como aumentar as tensões na Alemanha para que determinadas ações da Guerra Fria sejam neutralizadas. Assim, como nos ensinou a história da Guerra Fria que só encontrou uma resposta quando permitiu a reunificação das Alemanhas, no caso da Lava Jato, ela só vai encontrar limites depois que se aceitar que houve manipulação política no caso de Lula e se restabelecer a democracia.
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