Árvore da vida/Marco De Angelis, Itália |
A crise na Amazônia continua a ter grande repercussão na imprensa estrangeira. As queimadas nas florestas brasileiras ainda são o principal assunto sobre o Brasil na mídia internacional e nos jornais mais influentes do planeta. A percepção da imagem do Brasil e do presidente Jair Bolsonaro é negativa, com prejuízos para as relações do país com parceiros comerciais e diplomáticos. Reuters informa que Bolsonaro, disse nesta quarta-feira que os países da América do Sul se reunirão para determinar uma política comum em defesa da floresta amazônica.
Ele voltou a criticar a França por uma oferta de US$ 20 milhões em ajuda. O texto diz que Bolsonaro, “um conservador de extrema-direita”, está estreitando laços com os países vizinhos. O despacho da Reuters relata que o Brasil aceitou a oferta chilena de quatro aeronaves para ajudar a combater os incêndios que atingem a maior floresta tropical do mundo. O material ainda teve pouco impacto e sua distribuição é lenta, sendo reproduzida em apenas 174 veículos noticiosos.
Em outro despacho, Reuters ressalta o enfraquecimento da agenda ambiental no país, com o texto replicado em 1.570 veículos nos cinco continentes. A agência também amplifica a crise ao relatar que um comitê do Congresso aprovou a agricultura comercial em reservas indígenas. Este texto está em 1,6 mil veículos globais. A matéria faz referência à decisão da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, que aprovou ontem, por 33 votos contra 18, uma proposta de emenda constitucional que permite a exploração agropecuária em terras indígenas.
A Associated Press destaca as críticas de Bolsonaro às reservas indígenas. O diário francês Le Monde traz foto de satélite da Nasa mostrando as queimadas na Amazônia durante a noite. Sob o título “A Amazônia em chamas do céu”, o jornal diz que “os incêndios que assolam a floresta tropical na América do Sul são claramente visíveis do espaço”. Em outra reportagem, o jornal relata que os cientistas estão preocupados com os incêndios na região e que “são maiores e mais frequentes neste ano” e “continuam enfraquecendo um dos ecossistemas mais ricos da Terra”.
As queimadas também estão na capa da revista Weekly, suplemento do jornal britânico The Guardian, a ser distribuída na sexta, 30. Na reportagem, o correspondente Tom Phillips e o editor de meio ambiente, Jonathan Watts, tratam do papel de Bolsonaro nos incêndios na Amazônia e tentam mostrar como as queimadas são perigosas para o futuro do planeta.
Texto da Agência France Presse reporta que o Brasil decidiu aceitar a ajuda internacional para combater os incêndios na Amazônia, desde que possa decidir como usá-la. Segundo a AFP, o porta-voz do presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, disse que o governo está aberto a receber as contribuições, desde que a gestão desses recursos fique sob sua responsabilidade. O material é replicado em veículos como o jornal espanhol El País. Financial Times também relata que Bolsonaro aceita a ajuda estrangeira, desde que Emmanuel Macron retire os insultos que fez ao líder brasileiro. Ele chamou Bolsonaro de mentiroso.
Jornais estrangeiros dão destaque às declarações de Bolsonaro na reunião com os governadores da Amazônia Legal, ocorrida ontem no Palácio do Planalto. Ele ignorou a urgência das queimadas e fez críticas à demarcação de terras indígenas. “Aos que me antecederam, foi uma irresponsabilidade essa política adotada no passado, usando o índio ao inviabilizar os estados”, ressaltou.
O diário americano The New York Times noticia que o governo rejeitou a oferta de US$ 20 milhões feita pelo G7, mas decidiu aceitar a ajuda de 10 milhões de libras do Reino Unido. Sob o título “Irritado, Brasil rejeita milhões em ajuda prometida pelo G7 para a Amazônia, mas aceita ajuda britânica”, o principal jornal dos Estados Unidos informa que Bolsonaro “expressou sua ira” em uma série de posts no Twitter na segunda-feira, ampliando sua rivalidade com o presidente Emmanuel Macron, da França, que anunciou o pacote de ajuda na reunião do G7.
O texto relata que o brasileiro governa “como um populista de extrema direita”, que “alimenta o sentimento nacionalista” e que a repulsa desafiadora da ajuda do G7 agradou a sua base eleitoral. O NYTimes lembra, entretanto, que Bolsonaro enfrenta outros problemas em casa, onde a aprovação de seu governo despencou: 39,5% dos brasileiros avaliam como ruim ou terrível, acima dos 19% em fevereiro, de acordo com uma pesquisa do MDA/CNT, feita entre 22 de agosto e 25 de agosto.
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