Por Mamed Said Maia, no site Vermelho:
Em seu discurso na ONU, na terça-feira (24), Jair Bolsonaro adotou o mesmo espírito agressivo e beligerante com que trata seus adversários políticos no Brasil. Foi uma fala que refletiu sua anacrônica visão de mundo e que isola ainda mais o Brasil no contexto internacional.
Ao invés de se alinhar com as tendências mundiais em prol do multilateralismo e do fim das tensões globais, Bolsonaro falou para aqueles que, descolados da realidade, consideram-se em guerra com um imaginário inimigo comunista que ameaça a família e a soberania nacional.
Utilizando o mesmo tom hostil e desafiador com que trata a imprensa brasileira, o meio cultural e universitário, os ambientalistas, os índios e os movimentos sociais, Bolsonaro parecia falar de um mundo dos anos 60, no qual ele e Donald Trump cumpririam o papel de heróis que resgatam os valores do conservadorismo mais tacanho.
A pretexto de criticar as ideologias, fez um discurso radicalmente ideológico, negando sua responsabilidade no aumento do desmatamento da Amazônia, atacando a mídia e líderes mundiais e aprofundando sua subserviência aos Estados Unidos.
Chegou ao ponto de se contrapor à ONU, jogando por terra todo o protagonismo que a diplomacia brasileira construiu ao longo de décadas – protagonismo esse que é responsável pela tradição de o Brasil ser o país que abre anualmente a Assembleia Geral das Nações Unidas, e que nem mesmo os governos da ditadura foram capazes de destruir.
É triste ver um político despreparado como Bolsonaro ocupando a tribuna da Assembleia Geral da ONU para falar em nome do Brasil. Porque o discurso e as ideias retrógradas que defende representam apenas a pequena parcela de brasileiros que lhe aplaude cegamente. Mas estigmatiza ainda mais o país perante o mundo e aprofunda em nós o sentimento de que regredimos no tempo.
Dará muito trabalho, no futuro próximo, reconstruir os direitos e as conquistas civilizatórias que a visão obtusa de Bolsonaro tem conseguido aniquilar. Mas o radicalismo do presidente brasileiro não terá vida longa. Dentro de alguns anos, Jair Bolsonaro será não mais que uma página triste na história política brasileira. Um radical populista lembrado apenas por gerar discórdia, autoritarismo e retrocesso.
* Por Mamed Said Maia é professor universitário e diretor da Faculdade de Direito da UnB.
Em seu discurso na ONU, na terça-feira (24), Jair Bolsonaro adotou o mesmo espírito agressivo e beligerante com que trata seus adversários políticos no Brasil. Foi uma fala que refletiu sua anacrônica visão de mundo e que isola ainda mais o Brasil no contexto internacional.
Ao invés de se alinhar com as tendências mundiais em prol do multilateralismo e do fim das tensões globais, Bolsonaro falou para aqueles que, descolados da realidade, consideram-se em guerra com um imaginário inimigo comunista que ameaça a família e a soberania nacional.
Utilizando o mesmo tom hostil e desafiador com que trata a imprensa brasileira, o meio cultural e universitário, os ambientalistas, os índios e os movimentos sociais, Bolsonaro parecia falar de um mundo dos anos 60, no qual ele e Donald Trump cumpririam o papel de heróis que resgatam os valores do conservadorismo mais tacanho.
A pretexto de criticar as ideologias, fez um discurso radicalmente ideológico, negando sua responsabilidade no aumento do desmatamento da Amazônia, atacando a mídia e líderes mundiais e aprofundando sua subserviência aos Estados Unidos.
Chegou ao ponto de se contrapor à ONU, jogando por terra todo o protagonismo que a diplomacia brasileira construiu ao longo de décadas – protagonismo esse que é responsável pela tradição de o Brasil ser o país que abre anualmente a Assembleia Geral das Nações Unidas, e que nem mesmo os governos da ditadura foram capazes de destruir.
É triste ver um político despreparado como Bolsonaro ocupando a tribuna da Assembleia Geral da ONU para falar em nome do Brasil. Porque o discurso e as ideias retrógradas que defende representam apenas a pequena parcela de brasileiros que lhe aplaude cegamente. Mas estigmatiza ainda mais o país perante o mundo e aprofunda em nós o sentimento de que regredimos no tempo.
Dará muito trabalho, no futuro próximo, reconstruir os direitos e as conquistas civilizatórias que a visão obtusa de Bolsonaro tem conseguido aniquilar. Mas o radicalismo do presidente brasileiro não terá vida longa. Dentro de alguns anos, Jair Bolsonaro será não mais que uma página triste na história política brasileira. Um radical populista lembrado apenas por gerar discórdia, autoritarismo e retrocesso.
* Por Mamed Said Maia é professor universitário e diretor da Faculdade de Direito da UnB.
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