Por Eric Nepomuceno
Desde a noite do domingo 27 de outubro, quando se anunciou oficialmente a eleição da chapa Alberto Fernández-Cristina Kirchner para presidente e vice-presidenta da Argentina, Jair Bolsonaro não perde um minuto para pensar nas consequências de seus atos tresloucados.
É verdade que desde antes, já na campanha, ele tinha aberto fogo com a grosseria habitual contra a candidatura que no final derrotou Mauricio Macri, seu favorito, de forma contundente.
Só que agora ele não destrata e ofende um candidato: ataca um presidente eleito, deixando pistas de qual será a relação entre seu governo e o que assume no dia 10 de dezembro.
Depois de ter criticado a vitória de Alberto Fernández (“escolheram mal”) e ameaçar suspender a Argentina do Mercosul, Bolsonaro continuou disparando aberrações.
Disse que não irá comparecer à cerimônia de posse do presidente eleito, e não chegou nem a telefonar para cumprimentá-lo, respeitando um protocolo mínimo, elementar.
Até mesmo os meios hegemônicos de comunicação do país, radicalmente alinhados a Macri e ao desastre econômico e social provocado por ele, criticaram as reações do brasileiro.
Na quarta-feira seis de novembro, ao comentar que no dia anterior Fernández, em visita ao presidente mexicano Andrés López Obrador, havia sido informado oficialmente da presença do vice Humberto Mourão na sua posse, o jornal direitista Clarín, o de maior circulação no país, destacou, em tom crítico, que um assessor da presidência brasileira havia ligado para avisar.
Não houve sequer um comunicado formal do Itamaraty, como seria o lógico: a informação partiu de um funcionário de segundo ou terceiro escalão.
Ainda assim, a presença do vice-presidente brasileiro aliviaria, ao menos em parte, a tensão existente.
Pois na mesma quarta-feira soube-se que Bolsonaro, como é rotina em seus desvarios, voltou atrás.
Em vez do general empijamado que defende a ditadura e o torturador Brilhante Ustra, mandará uma das bizarrices espalhadas pelos seus ministérios. Qual, não disse.
Com isso, provocou duras reações na Argentina. Um pouco-caso, um desrespeito estudado que se encaixa perfeitamente numa escalada hostil que deixa os argentinos assombrados.
O que se pergunta no país é se será que não há ninguém, absolutamente ninguém, para advertir a desequilibrada figura sobre as consequências de seus atos irresponsáveis, grosseiros, injustificados?
Pois a isso tudo se somou, na mesma quarta-feira, uma tuitada presidencial que assombrou ainda mais os argentinos.
Nele, um Bolsonaro em estado puro afirmou que a fábrica norte-americana de motores MWM, a francesa de perfumes L.Oreal e a japonesa de automóveis Honda iriam fechar suas instalações na Argentina e transferir tudo para o Brasil.
A mensagem sumiu uma hora depois de ter sido postada, quando as três empresas negaram rotundamente a mentira bolsonariana.
A MWM, aliás, realmente fechou sua fábrica argentina, mas há meses.
Enquanto Bolsonaro prossegue em suas iniciativas desmioladas, Alberto Fernández trata de estreitar laços com o governo mexicano do esquerdista Andrés Manuel López Obrador.
Enquanto o bizarro Eduardo Bolsonaro diz que se acontecer no Brasil o que está acontecendo no Chile será o caso de reativar o AI5, Fernández tem ligado para o presidente chileno Sebastián Piñera.
Numa dessas ligações ofereceu-se para ir ao país tratar de ajudar a encontrar solução para a grave crise enfrentada pelo governo direitista de lá.
Quer dizer: enquanto Bolsonaro distribui coices a esmo, a Argentina se prepara à espera de um presidente que trata de se mostrar sensato, já que herdará um país destroçado pelo Macri que o brasileiro queria ver reeleito.
A imagem do Brasil no mundo, que já com Temer e seu regime cleptômano tinha se esgarçado tanto, com Bolsonaro consolida uma nova posição, a de pária sem remédio.
O sinal talvez mais contundente disso tenha sido o fracasso ao leilão do pré-sal.
Que, com fracasso e tudo, provocará um desastre irremediável para todos nós.
Antes de deixar como herança um país destroçado, a exemplo do que fez seu tão admirado e abominável Mauricio Macri com a Argentina, o insano presidente brasileiro entregará tudo que é nosso para quem quiser.
Quando esse sacripanta ganhou as eleições de 2018 escrevi num artigo publicado no exterior que as urnas brasileiras haviam parido um Pinochet.
Bolsonaro e Paulo Guedes devem ter achado que era um elogio.
E o fantasma de Pinochet, que era uma crítica injusta: afinal, o sanguinário chileno era, em comparação com a dupla, um poço de equilíbrio emocional. Fez o que fez sabendo o que fazia. E Bolsonaro não tem noção de nada, nem do que faz e menos ainda do que não faz.
Desde a noite do domingo 27 de outubro, quando se anunciou oficialmente a eleição da chapa Alberto Fernández-Cristina Kirchner para presidente e vice-presidenta da Argentina, Jair Bolsonaro não perde um minuto para pensar nas consequências de seus atos tresloucados.
É verdade que desde antes, já na campanha, ele tinha aberto fogo com a grosseria habitual contra a candidatura que no final derrotou Mauricio Macri, seu favorito, de forma contundente.
Só que agora ele não destrata e ofende um candidato: ataca um presidente eleito, deixando pistas de qual será a relação entre seu governo e o que assume no dia 10 de dezembro.
Depois de ter criticado a vitória de Alberto Fernández (“escolheram mal”) e ameaçar suspender a Argentina do Mercosul, Bolsonaro continuou disparando aberrações.
Disse que não irá comparecer à cerimônia de posse do presidente eleito, e não chegou nem a telefonar para cumprimentá-lo, respeitando um protocolo mínimo, elementar.
Até mesmo os meios hegemônicos de comunicação do país, radicalmente alinhados a Macri e ao desastre econômico e social provocado por ele, criticaram as reações do brasileiro.
Na quarta-feira seis de novembro, ao comentar que no dia anterior Fernández, em visita ao presidente mexicano Andrés López Obrador, havia sido informado oficialmente da presença do vice Humberto Mourão na sua posse, o jornal direitista Clarín, o de maior circulação no país, destacou, em tom crítico, que um assessor da presidência brasileira havia ligado para avisar.
Não houve sequer um comunicado formal do Itamaraty, como seria o lógico: a informação partiu de um funcionário de segundo ou terceiro escalão.
Ainda assim, a presença do vice-presidente brasileiro aliviaria, ao menos em parte, a tensão existente.
Pois na mesma quarta-feira soube-se que Bolsonaro, como é rotina em seus desvarios, voltou atrás.
Em vez do general empijamado que defende a ditadura e o torturador Brilhante Ustra, mandará uma das bizarrices espalhadas pelos seus ministérios. Qual, não disse.
Com isso, provocou duras reações na Argentina. Um pouco-caso, um desrespeito estudado que se encaixa perfeitamente numa escalada hostil que deixa os argentinos assombrados.
O que se pergunta no país é se será que não há ninguém, absolutamente ninguém, para advertir a desequilibrada figura sobre as consequências de seus atos irresponsáveis, grosseiros, injustificados?
Pois a isso tudo se somou, na mesma quarta-feira, uma tuitada presidencial que assombrou ainda mais os argentinos.
Nele, um Bolsonaro em estado puro afirmou que a fábrica norte-americana de motores MWM, a francesa de perfumes L.Oreal e a japonesa de automóveis Honda iriam fechar suas instalações na Argentina e transferir tudo para o Brasil.
A mensagem sumiu uma hora depois de ter sido postada, quando as três empresas negaram rotundamente a mentira bolsonariana.
A MWM, aliás, realmente fechou sua fábrica argentina, mas há meses.
Enquanto Bolsonaro prossegue em suas iniciativas desmioladas, Alberto Fernández trata de estreitar laços com o governo mexicano do esquerdista Andrés Manuel López Obrador.
Enquanto o bizarro Eduardo Bolsonaro diz que se acontecer no Brasil o que está acontecendo no Chile será o caso de reativar o AI5, Fernández tem ligado para o presidente chileno Sebastián Piñera.
Numa dessas ligações ofereceu-se para ir ao país tratar de ajudar a encontrar solução para a grave crise enfrentada pelo governo direitista de lá.
Quer dizer: enquanto Bolsonaro distribui coices a esmo, a Argentina se prepara à espera de um presidente que trata de se mostrar sensato, já que herdará um país destroçado pelo Macri que o brasileiro queria ver reeleito.
A imagem do Brasil no mundo, que já com Temer e seu regime cleptômano tinha se esgarçado tanto, com Bolsonaro consolida uma nova posição, a de pária sem remédio.
O sinal talvez mais contundente disso tenha sido o fracasso ao leilão do pré-sal.
Que, com fracasso e tudo, provocará um desastre irremediável para todos nós.
Antes de deixar como herança um país destroçado, a exemplo do que fez seu tão admirado e abominável Mauricio Macri com a Argentina, o insano presidente brasileiro entregará tudo que é nosso para quem quiser.
Quando esse sacripanta ganhou as eleições de 2018 escrevi num artigo publicado no exterior que as urnas brasileiras haviam parido um Pinochet.
Bolsonaro e Paulo Guedes devem ter achado que era um elogio.
E o fantasma de Pinochet, que era uma crítica injusta: afinal, o sanguinário chileno era, em comparação com a dupla, um poço de equilíbrio emocional. Fez o que fez sabendo o que fazia. E Bolsonaro não tem noção de nada, nem do que faz e menos ainda do que não faz.
0 comentários:
Postar um comentário