Por Laurindo Lalo Leal Filho, na Rede Brasil Atual:
As Organizações Globo estão assustadas. Nunca antes em sua história foram tão atacadas como neste governo. Não que em outros momentos não tivesse sido tachada de parcial e golpista. A diferença, desta vez, é que os ataques passam da escala verbal para a material. A ameaça do presidente da República, Jair Bolsonaro, de não renovar as concessões dos canais de TV e o apelo aos anunciantes para que deixem de veicular propagandas nos veículos globais têm como alvo a própria sobrevivência da empresa. Para não se falar no fim da exigência da publicação de balanços em jornais impressos e no corte radical das verbas publicitárias oficiais passando a favorecer as concorrentes SBT e Record.
Neste caso os dados são significativos. Em 2017 a Globo recebeu 48,5% do total dos recursos gastos pelo governo com publicidade nas TVs. Em 2018 o percentual caiu para 39,1% e neste ano, segundo dados parciais coletados pelo Tribunal de Contas da União, o índice é de 16,3%.
Por outro lado a Record, que tornou-se praticamente porta-voz do atual governo, viu crescer sua participação nesses recursos públicos. Foi de 26,6% em 2017, passou para 31,1% em 2018 e chega agora a 42,6%. O SBT, espécie de linha auxiliar da Record, seguiu na mesma toada: 24,8%, em 2017; 29,6% no ano passado e 41% neste ano. Um direcionamento político inegável.
Ao mesmo tempo, do outro lado do espectro político e com toda razão, o ex-presidente Lula dedicava suas primeiras palavras depois de 580 dias de cárcere, a criticar duramente as Organizações Globo. Sua prisão e o desmantelamento do Estado brasileiro têm todas as digitais das empresas da família Marinho.
Foram elas, ao longo de vários anos, responsáveis pela negação da política, criminalizando de forma generalizada essa atividade. Ao mesmo tempo endeusavam os pseudos-paladinos da moral e das virtudes divinas, representados pelo juiz Sérgio Moro e seus comandados no Ministério Público em Curitiba.
Não foram apenas o “powerpoint” criminoso do procurador Dellagnol apontando todas a setas para Lula ou as muitas horas de menções negativas ao ex-presidente no Jornal Nacional a distorcer o jogo democrático brasileiro. Foi também a insistência diária de tornar a política algo moralmente nefasto. E não há exemplo melhor do que a imagem de dutos exalando dinheiro a ilustrar horas e horas de noticiário ao lado dos apresentadores do jornal.
Não são necessárias alongadas teorias semióticas para explicar o papel dessas cenas no imaginário popular. Mesmo sem som, em restaurantes, bares ou antessalas de clínicas e laboratórios, essas imagens potencializavam as mazelas nacionais pondo fim a qualquer esperança na formação de uma nação civilizada. Imagens irresponsáveis cuja alternativa sugeria a necessidade de um “salvador da pátria” para por fim a tudo que está aí. Deu no que deu. “Ele” está aí e as Globos são agora suas vítimas.
Diante da parcialidade histórica da emissora em relação à soberania nacional e da hostilidade aos governos populares, soa risível a nota oficial da empresa repudiando a fala do ex-presidente Lula em São Bernardo do Campo, em que diz fazer um “jornalismo sério de qualidade”. Se seriedade houvesse, as Organizações Globo estariam, com certeza, sendo defendidas por todos que prezam a democracia contra os ataques concretos da extrema-direita.
Um jornalismo sério e de qualidade não pode incluir distorções em debates eleitorais, direcionamento de cobertura de campanhas políticas, apoio a golpes de Estado, incentivo à prisão política de um ex-presidente, entre tantos outros desvios éticos cometidos pela Globo ao longo dos anos.
Lembro da defesa que a sociedade britânica fez da BBC quando a então primeira-ministra Margareth Thatcher quis privatizá-la. Um histórico de confiança e de serviços prestados à sociedade levantou parte do país e impediu o assalto do neoliberalismo àquele bem público. A “Dama de Ferro” que havia dobrado o poderoso sindicato dos mineiros curvou-se diante da barreira de proteção popular formada em torno da BBC.
Com a Globo dá-se o contrário. Há décadas ouvem-se manifestações em que se grita “o povo não é bobo, fora a rede Globo” em alto e bom som. Acrescida agora das ações e ameaças concretas buscando a sua destruição. Isolada, sem apoio na sociedade, só resta a ela soltar notas arrogantes onde mais que a força, revela-se o temor de um futuro incerto.
Neste caso os dados são significativos. Em 2017 a Globo recebeu 48,5% do total dos recursos gastos pelo governo com publicidade nas TVs. Em 2018 o percentual caiu para 39,1% e neste ano, segundo dados parciais coletados pelo Tribunal de Contas da União, o índice é de 16,3%.
Por outro lado a Record, que tornou-se praticamente porta-voz do atual governo, viu crescer sua participação nesses recursos públicos. Foi de 26,6% em 2017, passou para 31,1% em 2018 e chega agora a 42,6%. O SBT, espécie de linha auxiliar da Record, seguiu na mesma toada: 24,8%, em 2017; 29,6% no ano passado e 41% neste ano. Um direcionamento político inegável.
Ao mesmo tempo, do outro lado do espectro político e com toda razão, o ex-presidente Lula dedicava suas primeiras palavras depois de 580 dias de cárcere, a criticar duramente as Organizações Globo. Sua prisão e o desmantelamento do Estado brasileiro têm todas as digitais das empresas da família Marinho.
Foram elas, ao longo de vários anos, responsáveis pela negação da política, criminalizando de forma generalizada essa atividade. Ao mesmo tempo endeusavam os pseudos-paladinos da moral e das virtudes divinas, representados pelo juiz Sérgio Moro e seus comandados no Ministério Público em Curitiba.
Não foram apenas o “powerpoint” criminoso do procurador Dellagnol apontando todas a setas para Lula ou as muitas horas de menções negativas ao ex-presidente no Jornal Nacional a distorcer o jogo democrático brasileiro. Foi também a insistência diária de tornar a política algo moralmente nefasto. E não há exemplo melhor do que a imagem de dutos exalando dinheiro a ilustrar horas e horas de noticiário ao lado dos apresentadores do jornal.
Não são necessárias alongadas teorias semióticas para explicar o papel dessas cenas no imaginário popular. Mesmo sem som, em restaurantes, bares ou antessalas de clínicas e laboratórios, essas imagens potencializavam as mazelas nacionais pondo fim a qualquer esperança na formação de uma nação civilizada. Imagens irresponsáveis cuja alternativa sugeria a necessidade de um “salvador da pátria” para por fim a tudo que está aí. Deu no que deu. “Ele” está aí e as Globos são agora suas vítimas.
Diante da parcialidade histórica da emissora em relação à soberania nacional e da hostilidade aos governos populares, soa risível a nota oficial da empresa repudiando a fala do ex-presidente Lula em São Bernardo do Campo, em que diz fazer um “jornalismo sério de qualidade”. Se seriedade houvesse, as Organizações Globo estariam, com certeza, sendo defendidas por todos que prezam a democracia contra os ataques concretos da extrema-direita.
Um jornalismo sério e de qualidade não pode incluir distorções em debates eleitorais, direcionamento de cobertura de campanhas políticas, apoio a golpes de Estado, incentivo à prisão política de um ex-presidente, entre tantos outros desvios éticos cometidos pela Globo ao longo dos anos.
Lembro da defesa que a sociedade britânica fez da BBC quando a então primeira-ministra Margareth Thatcher quis privatizá-la. Um histórico de confiança e de serviços prestados à sociedade levantou parte do país e impediu o assalto do neoliberalismo àquele bem público. A “Dama de Ferro” que havia dobrado o poderoso sindicato dos mineiros curvou-se diante da barreira de proteção popular formada em torno da BBC.
Com a Globo dá-se o contrário. Há décadas ouvem-se manifestações em que se grita “o povo não é bobo, fora a rede Globo” em alto e bom som. Acrescida agora das ações e ameaças concretas buscando a sua destruição. Isolada, sem apoio na sociedade, só resta a ela soltar notas arrogantes onde mais que a força, revela-se o temor de um futuro incerto.
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