Por Eric Nepomuceno
Aqui no Brasil, 2019 foi o ano da destruição, do retrocesso, das aberrações que se sucederam sem pausa nem trégua.
Já nas vizinhanças foi um ano também agitado, com a Argentina expurgando uma catástrofe chamada Mauricio Macri, com o Uruguai vendo a direita voltar ao poder depois de um longo período da Frente Ampla mudando parte do jeito do país, com a Colômbia turbulenta, com o Equador em convulsão.
Mas é de dois outros vizinhos que enfrentaram diferentes temporais que convém buscar sinais de alerta e ao menos uma lição.
A Bolívia termina um ano tremendamente tenso sem que se saiba o que acontecerá nos próximos meses. Desde o golpe que derrubou o então presidente Evo Morales no dia 10 de novembro e instalou em seu lugar Jeanine Áñez, autoproclamada presidente interina, o país virou do avesso.
A brutal repressão desatada contra os seguidores de Evo Morales causou duas dúzias de mortes, e a perseguição a vários integrantes de seu governo chegou a extremos típicos das ditaduras que sacudiram o continente no século passado.
Na véspera da virada do ano o governo da tal autonomeada presidente interina expulsou a embaixadora do México e dois diplomatas espanhóis.
Com isso, confirmou a virada drástica na política externa boliviana, agora totalmente alinhada como Donald Trump. E, ao mesmo tempo, abriu uma crise drástica tanto com a Espanha como com o México.
O próximo alvo, tudo indica, deverá ser a Argentina, onde Evo Morales se asilou depois de uma temporada curta, de um mês e pouco, no México.
Um ponto que merece especial atenção é a maneira como o golpe foi dado.
Uma quartelada, é verdade, mas diferente: as tropas não saíram dos quartéis, não houve um único pronunciamento de algum general.
Tudo começou com a tentativa de Evo Morales se reeleger.
Surgiram denúncias de irregularidades na contagem de votos, irregularidades que o secretário geral da OEA, o uruguaio Luis Almagro, logo chamou de fraude. Não explicou como se deu a tal fraude: para ele, foi fraude e ponto final. Com isso os generais chamaram o presidente e o “convenceram” a renunciar.
Não havia nenhum movimento entre os fardados indicando o que estava para acontecer.
Foi tudo rápido, inclusive a explosão bárbara contra os seguidores de Evo Morales.
O que aconteceu na Bolívia deve servir de alerta: militares quietos e em silêncio podem muito bem, de uma hora para outra, virar a mesa.
Quando se pensa no número absurdo e insólito de militares que cercam Jair Messias, não é tresloucado pensar que de uma hora para outra eles bem que podem decidir fazer o que o filho presidencial Eduardo e o ministro pinochetista Paulo Guedes insinuaram: fechar de vez o que resta de espaço neste país.
É verdade que todos eles estão empijamados, mas vai saber o que os que estão na ativa, nos quartéis, andam pensando da vida...
O Chile, outro país vizinho, embora sem fronteira, virou literalmente pelo avesso depois de décadas e décadas vivendo na doce ilusão de que tinha se transformado numa espécie de oásis de bem estar numa América do Sul convulsionada.
Que nada: de uma hora para outra multidões saíram às ruas e praças de todo o país, com foco na capital, Santiago.
Resultado: caiu o véu da farsa das bondades do neoliberalismo exacerbado que, com pequenas exceções durante os governos de centro esquerda, dominou o país.
O tão sonhado sonho de Guedes e companhia virou pesadelo do presidente direitista Sebastián Piñera, que foi obrigado a aceitar as exigência das ruas, começando por convocar uma Constituinte para liquidar a Constituição herdada da ditadura sanguinária de Augusto Pinochet.
Pois é: o país parecia inerte, apático, enquanto era desmontado dia sim e o outro também.
Algo muito parecido ao que vive outro país destas nossas comarcas sul-americanas, verdade?
Se a Bolívia manda sinais de alerta, o Chile manda lições.
Vamos ver o que acontece em 2020...
Aqui no Brasil, 2019 foi o ano da destruição, do retrocesso, das aberrações que se sucederam sem pausa nem trégua.
Já nas vizinhanças foi um ano também agitado, com a Argentina expurgando uma catástrofe chamada Mauricio Macri, com o Uruguai vendo a direita voltar ao poder depois de um longo período da Frente Ampla mudando parte do jeito do país, com a Colômbia turbulenta, com o Equador em convulsão.
Mas é de dois outros vizinhos que enfrentaram diferentes temporais que convém buscar sinais de alerta e ao menos uma lição.
A Bolívia termina um ano tremendamente tenso sem que se saiba o que acontecerá nos próximos meses. Desde o golpe que derrubou o então presidente Evo Morales no dia 10 de novembro e instalou em seu lugar Jeanine Áñez, autoproclamada presidente interina, o país virou do avesso.
A brutal repressão desatada contra os seguidores de Evo Morales causou duas dúzias de mortes, e a perseguição a vários integrantes de seu governo chegou a extremos típicos das ditaduras que sacudiram o continente no século passado.
Na véspera da virada do ano o governo da tal autonomeada presidente interina expulsou a embaixadora do México e dois diplomatas espanhóis.
Com isso, confirmou a virada drástica na política externa boliviana, agora totalmente alinhada como Donald Trump. E, ao mesmo tempo, abriu uma crise drástica tanto com a Espanha como com o México.
O próximo alvo, tudo indica, deverá ser a Argentina, onde Evo Morales se asilou depois de uma temporada curta, de um mês e pouco, no México.
Um ponto que merece especial atenção é a maneira como o golpe foi dado.
Uma quartelada, é verdade, mas diferente: as tropas não saíram dos quartéis, não houve um único pronunciamento de algum general.
Tudo começou com a tentativa de Evo Morales se reeleger.
Surgiram denúncias de irregularidades na contagem de votos, irregularidades que o secretário geral da OEA, o uruguaio Luis Almagro, logo chamou de fraude. Não explicou como se deu a tal fraude: para ele, foi fraude e ponto final. Com isso os generais chamaram o presidente e o “convenceram” a renunciar.
Não havia nenhum movimento entre os fardados indicando o que estava para acontecer.
Foi tudo rápido, inclusive a explosão bárbara contra os seguidores de Evo Morales.
O que aconteceu na Bolívia deve servir de alerta: militares quietos e em silêncio podem muito bem, de uma hora para outra, virar a mesa.
Quando se pensa no número absurdo e insólito de militares que cercam Jair Messias, não é tresloucado pensar que de uma hora para outra eles bem que podem decidir fazer o que o filho presidencial Eduardo e o ministro pinochetista Paulo Guedes insinuaram: fechar de vez o que resta de espaço neste país.
É verdade que todos eles estão empijamados, mas vai saber o que os que estão na ativa, nos quartéis, andam pensando da vida...
O Chile, outro país vizinho, embora sem fronteira, virou literalmente pelo avesso depois de décadas e décadas vivendo na doce ilusão de que tinha se transformado numa espécie de oásis de bem estar numa América do Sul convulsionada.
Que nada: de uma hora para outra multidões saíram às ruas e praças de todo o país, com foco na capital, Santiago.
Resultado: caiu o véu da farsa das bondades do neoliberalismo exacerbado que, com pequenas exceções durante os governos de centro esquerda, dominou o país.
O tão sonhado sonho de Guedes e companhia virou pesadelo do presidente direitista Sebastián Piñera, que foi obrigado a aceitar as exigência das ruas, começando por convocar uma Constituinte para liquidar a Constituição herdada da ditadura sanguinária de Augusto Pinochet.
Pois é: o país parecia inerte, apático, enquanto era desmontado dia sim e o outro também.
Algo muito parecido ao que vive outro país destas nossas comarcas sul-americanas, verdade?
Se a Bolívia manda sinais de alerta, o Chile manda lições.
Vamos ver o que acontece em 2020...
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