Por Luiz Eduardo Soares
João Pedro Mattos Pinto, 13 anos, estupidamente assassinado por policiais dentro de casa, brincando em família.
Uma criança saiu da casa quando alguns tiros foram ouvidos, para avisar: "aqui só tem criança". Policiais, diante disso, tomaram a casa por alvo. Lançaram uma bomba de efeito moral ao interior e invadiram a residência atirando.
Onde no mundo se age assim? Qual gatilho mental dispara essa insanidade homicida? Que cálculo justificaria invadir uma casa, atirando?
Alguém com um mínimo de bom senso, um mínimo de equilíbrio, poderia admitir uma ação assim covarde, tão absolutamente perversa?
Não, não se trata de policiais individualmente perturbados, desqualificados. Não, de modo algum, se fossem casos patológicos os episódios dantescos não se repetiriam com tanta frequência.
Eles seguem um padrão. Ano passado, 1810 pessoas foram mortas por ações policiais no estado do Rio. Em 2020, os números continuam a aumentar.
Vejam onde eles sempre acontecem.
Vejam a cor das vítimas, onde elas moram.
Se não estamos diante de uma guerra aos pobres e aos negros, se esse banho de sangue, crescente ao longo dos anos, não é um genocídio, o que é, então?
Pois eu lhes digo e desafio quem possa apresentar outra explicação, e lamento ter de dizê-lo de forma assim direta e até grosseira: o que está em curso é a história da escravidão escrita na pele dos negros e das negras, reescrita, reinscrita em seus corpos, para que não se esqueçam, para que não se esqueçam de seu lugar subalterno e não ponham a cabeça para fora, porque aqui impera o domínio branco e burguês.
Eis aí o endereçamento da abjeção. E fiquem cientes: se não havia antes consciência suficiente sobre esse fenômeno que nos define como a sociedade-da-violência, vem aí (ei-lo aí, já, no meio de nós) o fascismo para que não paire mais nenhuma dúvida.
De nossa parte, espectadores indignados, testemunhas do horror, o que cabe ainda tentar?
Outra carta indignada, mais um abaixo-assinado, outra denúncia a tribunais internacionais?
Apelar à Defensoria, a parlamentares, a lideranças e entidades da sociedade civil, à mídia?
Acho que sim, devemos continuar fazendo tudo isso e tudo mais que pudermos, embora seja tão melancólico perceber a que fomos reduzidos.
Abraçar as famílias enlutadas, chorar com os irmãos e as irmãs, exigir a união de todos e todas contra o fascismo, bradar aos quatro ventos, rasgar as fantasias dos que fingem que não precisamos deixar de lado veleidades doutrinárias e partidárias para construir a grande frente antifascista.
O fascismo autoriza o massacre em vigor há tanto tempo.
Em o fazendo, intensifica os efeitos da barbárie e cala, aos poucos, as denúncias.
Hoje, resistir é trabalhar pela unidade antifascista, em todas as trincheiras. Por João Pedro, sua família, e por tantas vítimas empilhadas entre as ruínas morais desse país triste.
João Pedro Mattos Pinto, 13 anos, estupidamente assassinado por policiais dentro de casa, brincando em família.
Uma criança saiu da casa quando alguns tiros foram ouvidos, para avisar: "aqui só tem criança". Policiais, diante disso, tomaram a casa por alvo. Lançaram uma bomba de efeito moral ao interior e invadiram a residência atirando.
Onde no mundo se age assim? Qual gatilho mental dispara essa insanidade homicida? Que cálculo justificaria invadir uma casa, atirando?
Alguém com um mínimo de bom senso, um mínimo de equilíbrio, poderia admitir uma ação assim covarde, tão absolutamente perversa?
Não, não se trata de policiais individualmente perturbados, desqualificados. Não, de modo algum, se fossem casos patológicos os episódios dantescos não se repetiriam com tanta frequência.
Eles seguem um padrão. Ano passado, 1810 pessoas foram mortas por ações policiais no estado do Rio. Em 2020, os números continuam a aumentar.
Vejam onde eles sempre acontecem.
Vejam a cor das vítimas, onde elas moram.
Se não estamos diante de uma guerra aos pobres e aos negros, se esse banho de sangue, crescente ao longo dos anos, não é um genocídio, o que é, então?
Pois eu lhes digo e desafio quem possa apresentar outra explicação, e lamento ter de dizê-lo de forma assim direta e até grosseira: o que está em curso é a história da escravidão escrita na pele dos negros e das negras, reescrita, reinscrita em seus corpos, para que não se esqueçam, para que não se esqueçam de seu lugar subalterno e não ponham a cabeça para fora, porque aqui impera o domínio branco e burguês.
Eis aí o endereçamento da abjeção. E fiquem cientes: se não havia antes consciência suficiente sobre esse fenômeno que nos define como a sociedade-da-violência, vem aí (ei-lo aí, já, no meio de nós) o fascismo para que não paire mais nenhuma dúvida.
De nossa parte, espectadores indignados, testemunhas do horror, o que cabe ainda tentar?
Outra carta indignada, mais um abaixo-assinado, outra denúncia a tribunais internacionais?
Apelar à Defensoria, a parlamentares, a lideranças e entidades da sociedade civil, à mídia?
Acho que sim, devemos continuar fazendo tudo isso e tudo mais que pudermos, embora seja tão melancólico perceber a que fomos reduzidos.
Abraçar as famílias enlutadas, chorar com os irmãos e as irmãs, exigir a união de todos e todas contra o fascismo, bradar aos quatro ventos, rasgar as fantasias dos que fingem que não precisamos deixar de lado veleidades doutrinárias e partidárias para construir a grande frente antifascista.
O fascismo autoriza o massacre em vigor há tanto tempo.
Em o fazendo, intensifica os efeitos da barbárie e cala, aos poucos, as denúncias.
Hoje, resistir é trabalhar pela unidade antifascista, em todas as trincheiras. Por João Pedro, sua família, e por tantas vítimas empilhadas entre as ruínas morais desse país triste.
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