Por Altamiro Borges
"Imprecionante"! Bolsonaro não acerta no Ministério da "Educassão". Depois do “falsificado” Ricardo Vélez e do “vagabundo” Abraham Weintraub – que fugiu para os EUA temendo ser preso –, o terceiro nomeado para o cobiçado posto também tem vários "pobremas". O currículo de Carlos Alberto Decotelli parece uma farsa.
Ao anunciar seu novo serviçal na quinta-feira (25), o “capetão” se jactou nas redes sociais de que “Decotelli é bacharel em ciências econômicas pela UERJ, mestre pela FGV, doutor pela Universidade de Rosário e pós-doutor pela Universidade de Wuppertal, na Alemanha". Pouco depois, duas informações foram contestadas.
Mentiras e plágios nos títulos universitários
O reitor da Universidade Nacional de Rosário (Argentina), Franco Bartolacci, afirmou que o novo ministro “não obteve o título de doutor na instituição”. Como registrou a Folha, esse desmentido colocou em dúvida ainda o título da Universidade de Wuppertal, “já que o pós-doutorado depende de um doutorado anterior”.
Na sequência, circulou a informação de que Decotelli plagiou quatro trechos de outras teses no seu trabalho de mestrado na Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro, em 2008. Neste sábado (27), a direção da FGV anunciou que investigará a grave acusação, que pode até lhe custar o título da faculdade.
Fraudes no edital de R$ 3 bilhões
Além destas falsificações acadêmicas, ainda pesa sobre o novo ministro outra acusação mais grave. A revista Época revelou que ele "deu aval a uma licitação de R$ 3 bilhões do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) com irregularidades e que foi suspensa após alerta da Controladoria-Geral da União”.
Decotelli presidiu o FNDE de fevereiro a agosto de 2019. O jornal Valor detalha que sua gestão publicou “um edital de R$ 3 bilhões pra compra de computadores, notebooks, projetores e lousas digitais para alunos das redes públicas estaduais e municipais. O pregão, no entanto, foi suspenso pela CGU por suspeita de fraudes”.
“A auditoria da CGU apontou que a licitação estimou a compra de um número maior do que o necessário de computadores. Uma escola com 255 alunos em Itabirito (MG), por exemplo, receberia 30.030 laptops, em gasto estimado em R$ 54,7 milhões. Decotelli deixou o FNDE uma semana depois da publicação do edital”.
“Fiel aos conceitos de guerra cultural”
Com um currículo já tão complicado, o que alçou Carlos Alberto Decotelli ao posto de ministro da Educação? Todos os jornais afirmam que ele é mais um homem dos militares no laranjal de Bolsonaro. Oficial da reserva da Marinha, o histórico conservador e bolsonarista recente tem interlocução direta com os generais.
Segundo o perfil traçado pelo UOL, “Decotelli é tido como uma nomeação de confiança do núcleo militar do governo. Ao mesmo tempo, é alinhado com o presidente e se mostra 'fiel aos conceitos de guerra cultural', o que agrada os 'olavistas'". Ele fez parte da equipe de transição de Bolsonaro e já era tido como ministeriável.
Ainda na composição do perfil, o UOL relata que "o professor Decotelli não é um nome desconhecido de Bolsonaro. Sua escolha significa a tentativa de retomar o projeto de educação apresentado durante o governo de transição". Ela garante que o novo ministro “não é vinculado aos olavistas”.
Estadão: “Vitória do grupo moderado militar”
No mesmo rumo, o jornal Estadão aposta que “o novo ministro significa a derrota da ala olavista e a vitória do grupo moderado [sic] militar... Decotelli, ex-presidente do FNDE, é visto como um profissional pragmático e distante do pensamento que dominou o MEC desde o início do governo”.
“Ele é o primeiro ministro negro do governo Bolsonaro e foi tirado do MEC justamente por Weintraub. Mas já havia travado embates com integrantes ligados a Olavo de Carvalho durante a curta e conturbada gestão de Ricardo Vélez – que saiu do cargo depois de um conflito entre olavistas, militares e técnicos do órgão”.
Ainda segundo o jornalão, “o oficial da reserva da Marinha participou do grupo de militares que discutiu a transição para o governo Bolsonaro. Entre eles, o general Villas Bôas e o vice Hamilton Mourão”. Ele ganhou de presente o FNDE. “Weintraub o tirou do cargo para acomodar um indicado do DEM, Rodrigo Sérgio Dias”.
Valor: “Gestão técnica e baseada no diálogo”
O jornal Valor também aposta que o novo ministro fará a contenção da chamada ala ideológica do laranjal e promoverá “uma gestão técnica e baseada no diálogo”. O diário do Grupo Globo dedicado à cloaca burguesa afirma que o “presidente decidiu ouvir a ala militar” e “surpreendeu” os olavistas e os políticos do Centrão.
“Bolsonaro desagradou a ala ideológica responsável pela defesa ferrenha do governo no Congresso Nacional, em manifestações de rua e redes sociais, além do filho Carlos, um dos defensores da linha pregada por Olavo de Carvalho... A escolha surpreendeu auxiliares mais próximos do presidente, que percebiam movimentações da ala associada ao ideólogo Olavo de Carvalho e de integrantes do Centrão”.
Ligado ao abutre Paulo Guedes
Já a Folha aponta outro pistolão de Decotelli. “Seu nome foi indicado pela cúpula militar, em uma sugestão dos almirantes do governo. Ele também contou com o apoio do ministro da Economia, Paulo Guedes, com quem atuou no passado no IBMEC (Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais)”.
O 11º ministro militar do laranjal “é considerado de perfil conciliador e moderado”. Sua nomeação “foi um aceno do presidente a um discurso de pacificação com os demais Poderes. Desde a semana passada, após perder apoio nas redes sociais, Bolsonaro moderou o tom e começou a fazer gestos de aproximação ao Legislativo e ao Judiciário”, relata a sempre complacente Folha.
Bem mais rigoroso ao traçar o perfil, Daniel Cara, coordenador-geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, afirma que Carlos Alberto Decotelli “não desagrada ao olavismo, tem vínculos fortes com a política econômica de Paulo Guedes e não desagrada ao 'Centrão'”.
Para ele, o novo ministro deve se alinhar ao projeto de privatização do setor pretendido pelo abutre Guedes. "Concretamente vai representar um desmonte da educação, mas com menos estardalhaço que o Weintraub... Mais preparado que o anterior para a gestão pública qualquer cidadão é".
"Imprecionante"! Bolsonaro não acerta no Ministério da "Educassão". Depois do “falsificado” Ricardo Vélez e do “vagabundo” Abraham Weintraub – que fugiu para os EUA temendo ser preso –, o terceiro nomeado para o cobiçado posto também tem vários "pobremas". O currículo de Carlos Alberto Decotelli parece uma farsa.
Ao anunciar seu novo serviçal na quinta-feira (25), o “capetão” se jactou nas redes sociais de que “Decotelli é bacharel em ciências econômicas pela UERJ, mestre pela FGV, doutor pela Universidade de Rosário e pós-doutor pela Universidade de Wuppertal, na Alemanha". Pouco depois, duas informações foram contestadas.
Mentiras e plágios nos títulos universitários
O reitor da Universidade Nacional de Rosário (Argentina), Franco Bartolacci, afirmou que o novo ministro “não obteve o título de doutor na instituição”. Como registrou a Folha, esse desmentido colocou em dúvida ainda o título da Universidade de Wuppertal, “já que o pós-doutorado depende de um doutorado anterior”.
Na sequência, circulou a informação de que Decotelli plagiou quatro trechos de outras teses no seu trabalho de mestrado na Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro, em 2008. Neste sábado (27), a direção da FGV anunciou que investigará a grave acusação, que pode até lhe custar o título da faculdade.
Fraudes no edital de R$ 3 bilhões
Além destas falsificações acadêmicas, ainda pesa sobre o novo ministro outra acusação mais grave. A revista Época revelou que ele "deu aval a uma licitação de R$ 3 bilhões do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) com irregularidades e que foi suspensa após alerta da Controladoria-Geral da União”.
Decotelli presidiu o FNDE de fevereiro a agosto de 2019. O jornal Valor detalha que sua gestão publicou “um edital de R$ 3 bilhões pra compra de computadores, notebooks, projetores e lousas digitais para alunos das redes públicas estaduais e municipais. O pregão, no entanto, foi suspenso pela CGU por suspeita de fraudes”.
“A auditoria da CGU apontou que a licitação estimou a compra de um número maior do que o necessário de computadores. Uma escola com 255 alunos em Itabirito (MG), por exemplo, receberia 30.030 laptops, em gasto estimado em R$ 54,7 milhões. Decotelli deixou o FNDE uma semana depois da publicação do edital”.
“Fiel aos conceitos de guerra cultural”
Com um currículo já tão complicado, o que alçou Carlos Alberto Decotelli ao posto de ministro da Educação? Todos os jornais afirmam que ele é mais um homem dos militares no laranjal de Bolsonaro. Oficial da reserva da Marinha, o histórico conservador e bolsonarista recente tem interlocução direta com os generais.
Segundo o perfil traçado pelo UOL, “Decotelli é tido como uma nomeação de confiança do núcleo militar do governo. Ao mesmo tempo, é alinhado com o presidente e se mostra 'fiel aos conceitos de guerra cultural', o que agrada os 'olavistas'". Ele fez parte da equipe de transição de Bolsonaro e já era tido como ministeriável.
Ainda na composição do perfil, o UOL relata que "o professor Decotelli não é um nome desconhecido de Bolsonaro. Sua escolha significa a tentativa de retomar o projeto de educação apresentado durante o governo de transição". Ela garante que o novo ministro “não é vinculado aos olavistas”.
Estadão: “Vitória do grupo moderado militar”
No mesmo rumo, o jornal Estadão aposta que “o novo ministro significa a derrota da ala olavista e a vitória do grupo moderado [sic] militar... Decotelli, ex-presidente do FNDE, é visto como um profissional pragmático e distante do pensamento que dominou o MEC desde o início do governo”.
“Ele é o primeiro ministro negro do governo Bolsonaro e foi tirado do MEC justamente por Weintraub. Mas já havia travado embates com integrantes ligados a Olavo de Carvalho durante a curta e conturbada gestão de Ricardo Vélez – que saiu do cargo depois de um conflito entre olavistas, militares e técnicos do órgão”.
Ainda segundo o jornalão, “o oficial da reserva da Marinha participou do grupo de militares que discutiu a transição para o governo Bolsonaro. Entre eles, o general Villas Bôas e o vice Hamilton Mourão”. Ele ganhou de presente o FNDE. “Weintraub o tirou do cargo para acomodar um indicado do DEM, Rodrigo Sérgio Dias”.
Valor: “Gestão técnica e baseada no diálogo”
O jornal Valor também aposta que o novo ministro fará a contenção da chamada ala ideológica do laranjal e promoverá “uma gestão técnica e baseada no diálogo”. O diário do Grupo Globo dedicado à cloaca burguesa afirma que o “presidente decidiu ouvir a ala militar” e “surpreendeu” os olavistas e os políticos do Centrão.
“Bolsonaro desagradou a ala ideológica responsável pela defesa ferrenha do governo no Congresso Nacional, em manifestações de rua e redes sociais, além do filho Carlos, um dos defensores da linha pregada por Olavo de Carvalho... A escolha surpreendeu auxiliares mais próximos do presidente, que percebiam movimentações da ala associada ao ideólogo Olavo de Carvalho e de integrantes do Centrão”.
Ligado ao abutre Paulo Guedes
Já a Folha aponta outro pistolão de Decotelli. “Seu nome foi indicado pela cúpula militar, em uma sugestão dos almirantes do governo. Ele também contou com o apoio do ministro da Economia, Paulo Guedes, com quem atuou no passado no IBMEC (Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais)”.
O 11º ministro militar do laranjal “é considerado de perfil conciliador e moderado”. Sua nomeação “foi um aceno do presidente a um discurso de pacificação com os demais Poderes. Desde a semana passada, após perder apoio nas redes sociais, Bolsonaro moderou o tom e começou a fazer gestos de aproximação ao Legislativo e ao Judiciário”, relata a sempre complacente Folha.
Bem mais rigoroso ao traçar o perfil, Daniel Cara, coordenador-geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, afirma que Carlos Alberto Decotelli “não desagrada ao olavismo, tem vínculos fortes com a política econômica de Paulo Guedes e não desagrada ao 'Centrão'”.
Para ele, o novo ministro deve se alinhar ao projeto de privatização do setor pretendido pelo abutre Guedes. "Concretamente vai representar um desmonte da educação, mas com menos estardalhaço que o Weintraub... Mais preparado que o anterior para a gestão pública qualquer cidadão é".
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