Com produção 49% menor neste ano, até maio, em relação a 2019, a indústria automobilística vive momentos de incerteza. Boa parte dos funcionários foi afastada, com base na Medida Provisória 936 ou pelo sistema de lay-off, mas a produção já começou a ser retomada. Ainda assim, no setor de autoveículos quase 4 mil trabalhadores perderam o emprego.
A pandemia do novo coronavírus mudou drasticamente as projeções para este ano. Inicialmente, previam-se vendas de até 3 milhões de unidades, crescimento de 9% sobre 2019. Agora, as previsões estão em torno de 2 milhões. No ano passado, o setor produziu 2,945 milhões de unidades, entre automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus, de acordo com a Anfavea, a associação nacional dos fabricantes. Longe do recorde de 3,7 milhões, em 2013, e mais ainda da capacidade instalada do setor – 5 milhões.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba, Sérgio Butka, lembra que o setor de caminhões estava em alta até março, depois de crescer em torno de 40% no ano passado. Agora, ele acaba de fechar um acordo que prevê um plano de demissões voluntárias (PDV) na Volvo, que está com metade da produção.
Para trás
Da mesma forma, o setor agrícola fechou bem o ano, mas o quadro mudou. Se antes Butka acreditava que a indústria automobilística passaria dois anos “andando de lado”, a avaliação passou a ser mais pessimista: quatro anos andando para trás.
Há uma questão ainda em aberto na Renault, em São José dos Pinhais, na região metropolitana. Até 17 de julho os trabalhadores estão sob a MP 936, após acordo firmado em maio. A fábrica tem 7.200 funcionários diretos e 4 mil indiretos. Na Volkswagen, que tem um acordo de cinco anos válido até 2021, há uma turma em lay-off e outra trabalhando.
Butka lamenta a falta de política industrial e critica o governo, com um “comandante que só cria confusão”, como define. “A indústria brasileira está um caos, e não tem nada que indique que o governo vai fazer alguma coisa para o setor.” O sindicalista observa que as centrais têm se reunido e conversado sobre propostas, em especial sobre a questão tecnológica, mas é preciso que haja interesse do Executivo.
A pandemia do novo coronavírus mudou drasticamente as projeções para este ano. Inicialmente, previam-se vendas de até 3 milhões de unidades, crescimento de 9% sobre 2019. Agora, as previsões estão em torno de 2 milhões. No ano passado, o setor produziu 2,945 milhões de unidades, entre automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus, de acordo com a Anfavea, a associação nacional dos fabricantes. Longe do recorde de 3,7 milhões, em 2013, e mais ainda da capacidade instalada do setor – 5 milhões.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba, Sérgio Butka, lembra que o setor de caminhões estava em alta até março, depois de crescer em torno de 40% no ano passado. Agora, ele acaba de fechar um acordo que prevê um plano de demissões voluntárias (PDV) na Volvo, que está com metade da produção.
Para trás
Da mesma forma, o setor agrícola fechou bem o ano, mas o quadro mudou. Se antes Butka acreditava que a indústria automobilística passaria dois anos “andando de lado”, a avaliação passou a ser mais pessimista: quatro anos andando para trás.
Há uma questão ainda em aberto na Renault, em São José dos Pinhais, na região metropolitana. Até 17 de julho os trabalhadores estão sob a MP 936, após acordo firmado em maio. A fábrica tem 7.200 funcionários diretos e 4 mil indiretos. Na Volkswagen, que tem um acordo de cinco anos válido até 2021, há uma turma em lay-off e outra trabalhando.
Butka lamenta a falta de política industrial e critica o governo, com um “comandante que só cria confusão”, como define. “A indústria brasileira está um caos, e não tem nada que indique que o governo vai fazer alguma coisa para o setor.” O sindicalista observa que as centrais têm se reunido e conversado sobre propostas, em especial sobre a questão tecnológica, mas é preciso que haja interesse do Executivo.
Em frangalhos
Na GM de Gravataí (RS), o primeiro turno voltou no dia 5, com 75% da mão de obra. O segundo turno, na última segunda-feira (22), também parcialmente. Para o terceiro ainda não há previsão, diz o diretor do sindicato Valcir Ascari. A fábrica gaúcha tem 3 mil funcionários diretos e 3 mil “sistemistas”, das 14 empresas que trabalham dentro da próprio GM. Antes da crise sanitária, a perspectiva era boa, conta Valcir, com produção em alta. “A questão é na ponta, precisa ter comprador.”
Na fábrica da Fiat em Betim (MG), foi firmado acordo que inclui redução de jornada e salários, mas preservando quem ganha menos. Até R$ 2.850,70, por exemplo, a perda líquida foi de 5%, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos.
Além disso, o acordo garantiu estabilidade além do previsto pela MP 936. No caso de Betim, vai até 15 de novembro, lembra o presidente da entidade, Alex Custodio. Segundo ele, os trabalhadores que fazem parte de grupos de risco estão em casa, em licença remunerada.
“No ano passado, a economia brasileira como um todo já estava em frangalhos”, diz Alex, lembrando do “pibinho” de 1,1%. Ele observa ainda que a indústria automobilística vem perdendo participação no PIB – chegou a 30%, mas agora está em torno de 10%. “A pandemia apenas intensificou essa crise.” A estimativa na Fiat é de que a produção seja 26% menor neste ano.
Negociação
Nesta segunda (29), os metalúrgicos e a Fiat voltam à mesa de negociação, para a sétima reunião da campanha salarial, que discute renovação do acordo coletivo e participação nos lucros ou resultados (PLR). Com 10 mil trabalhadores, a montadora concentra metade da base do sindicato, e o resultado das negociações influencia na discussão com a Federação das Indústrias do Estado (Fiemg).
Alex lembra que metalúrgicos ligados a diversas centrais discutem continuamente questões como um acordo de nível nacional para a indústria automobilística. “É importante dizer que algumas vezes a pauta dos trabalhadores converge com a dos empresários. Mas o Estado precisa ser indutor do desenvolvimento. Precisamos intensificar esse debate”, afirma.
Em Camaçari (BA), a Ford retomou a produção, no primeiro turno, na última segunda-feira (22). A partir de julho, voltarão o segundo e o terceiro turnos, alternadamente. Os três juntos talvez em agosto, conta o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Julio Bonfim. “Essa questão (pandemia) impactou muito o volume de produção. Estamos voltando aos poucos. Aqui foi a primeira montadora a parar”, lembra.
Industrialização
As atividades na fábrica da Ford foram suspensas em 23 de março. Pelo acordo firmado a partir daí, trabalhadores com salários menores preservaram 100% do salário líquido, relata o dirigente. A questão, a partir de agora, é se preparar para o impacto na produção. Segundo Julio, antes da crise a previsão era de 215 mil unidades neste ano, quase no mesmo volume de 2019 (218 mil). Agora, a estimativa é de 140 mil. Por isso, ele ressalta a importância de acordo feito pouco antes, que prevê estabilidade até 2023.
A exemplo dos dirigentes de outras bases, Julio enfatiza a importância de se discutir medidas para o setor. “A gente já estava com um problema seríssimo de industrialização no país”, afirma. Também é preciso observar as tendências do mercado. “Houve uma mudança muito grande no comprador final. Os grandes compradores são as locadoras de veículos. Hoje, os veículos estão sendo mais comercializados com pessoa jurídica do que física”, observa, citando o aluguel de automóveis e a maior presença de plataformas como a do Uber. O que causa também impacto nos preço final, devido a descontos que são praticados nessas modalidades.
Caminhos
Na Volks de São Bernardo, no ABC paulista, os metalúrgicos há poucos dias aprovaram acordo que garantiu efetivação de 51 trabalhadores na área de ferramentaria, cujos contratos estavam para vencer, alem de alunos do Senai. Segundo o diretor da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM-CUT) José Roberto Nogueira da Silva, o Bigodinho, a pandemia levou a uma paralisação de projetos e de desenvolvimento de produtos, o que causa impacto direto na indústria automobilística.
“Ter a organização no local de trabalho nos deu a possibilidade de encontrar caminhos para resolver momentos difíceis como este, com utilização das medidas de flexibilidade, inclusive o lay-off“, afirmou Bigodinho ao jornal Tribuna Metalúrgica, do sindicato do ABC. Um acordo ainda de 2012 permitiu que outro setor da Volks, o de estamparia, recebesse uma nova prensa, resultado de investimento de aproximadamente € 50 milhões (em torno de R$ 300 milhões).
“A estamparia tinha uma limitação técnica, pois as máquinas que existiam já não conseguiam estampar peças com o design que os carros de hoje têm. A (prensa) PXL traz essa capacidade de produzir veículos mais modernos desde o início do processo e nos habilita a ter modelos mais atuais e de padrão global”, diz Murilo Donizete Vilas Boas, da comissão de fábrica. Ele observa que parte da máquina foi feita em outra empresa da base – a Schuler, em Diadema –, o que permitiu manter empregos e acompanhar o planejamento e o desenvolvimento do projeto.
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