Por Flavio Aguiar, no site Carta Maior:
No atual momento do disparate brasileiro, tornou-se comum comparar Bolsonaro com outras personalidades históricas, a partir de diferentes fontes e pontos de vista.
Tem de tudo no balaio: Haddad, Lula, Hitler, Mussolini, Orban, até o pobre Julio César entrou na dança. Vejamos.
A mídia neo-liberal já disse e continua dizendo que Bolsonaro, Lula e Haddad são “extremos do mesmo saco”. A comparação não subsiste por duas linhas de motivos.
A primeira linha está na personalidade política dos comparados.
Haddad e Lula são democratas. Bolsonaro não.
Haddad e Lula tiveram, desde sempre, a mídia que os compara como inimiga.
Bolsonaro, não. Esta mídia é inimiga dele tão somente agora.
Assim mesmo faz um corte: Bolsonaro não, mas Guedes sim.
Mesmo que este não passe de um incompetente.
Além disto, Bolsonaro é homofóbico, misógino, seu perfil público padece de fixação anal e de outra fálica que levanta a hipótese de uma impotência crônica.
Vive cercado por gente desqualificada, depravada, racista, bajuladores, puxa-sacos, idiotas, fujões como Weintraub, e cultua um guru mentecapto que se diz filósofo e o insulta com os piores palavrões imagináveis, ao que ele responde com subserviência e veneração. Nada a ver com Haddad e Lula.
Vamos adiante.
Hitler e Mussolini? Detesto estes dois, tanto quanto Bolsonaro.
Mas devo reconhecer que aquela dupla tinha algo que Bolsonaro não tem: carisma.
Hitler só dizia atrocidades, mas era um orador exímio.
Mussolini idem. Vendo-se imagens de seus discursos, vê-se que ambos eram careteiros de primeira linha.
Hitler fazia treinos diante do espelho para selecionar suas melhores caretas.
Não sei se Mussolini fazia o mesmo, mas que era bom de careta, era. Também era sinistro, mas tinha garbo: consultem aqui e aqui .
Já Bolsonaro é tão expressivo quanto uma marionete de pau, até porque é incapaz de ter sequer uma ideia própria: vive assentado no colo do ventríloquo Trump e repete feito gramofone mal amestrado tudo o que seu patrão diz.
Prosseguindo. Orban e outros autoritários do momento, como Duterte, Salvini, Le Pen?
Não dá nem pro começo. Porque Bolsonaro é um fujão, coisa que os outros, embora se escudem em blindagens autoritárias, não são.
Basta ver o que aconteceu no dia em que o Queiroz, vindo não se sabe de onde, se materializou na casa do Wassef para ser preso pela polícia de São Paulo. Ao invés de tomar uma atitude, Bolsonaro passou batido pelo chiqueirinho onde ficam seus fanáticos seguidores e foi se refugiar dentro do Palácio…
Recentemente alguém tentou comparar Bolsonaro com Júlio César, o ditador romano que cortou as asas do Senado. Também não dá nem pra saída.
O Senado da Roma antiga era o símbolo de uma República para os aristocratas do futuro império de Augusto e outros. Era mais parecido com a nossa República Velha.
Eram eleitos indiretamente pelos magistrados, coisa que seria um ideal da Lava Jato.
A plebe tinha, sim, um representante, que ficava de fora do anfiteatro e não participava dos debates. É verdade que podia enfiar a cabeça entre as cortinas, se alguma proposta aprovada não o agradava, e gritar: “veto”.
Galvanizando militares, a classe média e a plebe de Roma, Julio César tornou-se ditador, sim, mas ampliou direitos, ao invés de poda-los, como o califa do Planalto vem fazendo, com ajuda dos e das caras de pau que o cercam.
César estendeu o direito à cidadania às províncias, o que antes o Senado vedava.
Reformou o calendário para cortar tramóias políticas que eram feitas pelos sacerdotes e magistrados que, antes, regulavam a duração dos anos; se no poder estavam partidários do seu agrado, encompridavam o ano; caso contrário, encurtavam.
O calendário dito Juliano padronizou o ano e acabou com a mazorca.
Já Bolsonaro aboliu o horário de verão, lembrando os tempos da ditadura que ele tanto admira, em que o Brasil, por decreto, não tinha problemas ambientais nem energéticos e ecologia era crime contra a Segurança Nacional.
César foi assassinado por um complô de aristocratas escandalizados por suas medidas “populistas”, entre as quais se incluíram uma reforma agrária, ainda que incipiente, e a abertura da primeira biblioteca pública do mundo.
Como em 54, com Getúlio, as massas sublevaram-se e atacaram as residências dos conspiradores, forçando-os a fugir. Brutus e Cássio, dois dos principais assassinos de César, terminaram se suicidando, depois de derrotados militarmente por Marco Antônio.
Enfim, César estava mais para Vargas do que para o ridículo Bolsonaro.
Trump tropical? Bem, como Trump, ele vai fritando seus auxiliares, como aconteceu com Weintraub, Mandetta, Regina Duarte, Teich… Mas falta-lhe luz própria, já disse. Bolsonaro é apenas um gramofone que repte o que aquele diz.
É que Bolsonaro tem uma qualidade única, que falta, pelo visto, aos outros personagens aqui citados: a covardia.
Ele ruge sim, mas contra os que vê como mais fracos: mulheres, minorias, LGBTIs, indígenas, quilombolas, os idosos, os doentes, as esquerdas que se tornaram o alvo preferido das perseguições judiciais nos últimos tempos, embora de momento parece que chegou a vez de seus correligionários.
Diante dos mais fortes, ele se encolhe, de rabo entre as pernas. Primeiro e único.
No atual momento do disparate brasileiro, tornou-se comum comparar Bolsonaro com outras personalidades históricas, a partir de diferentes fontes e pontos de vista.
Tem de tudo no balaio: Haddad, Lula, Hitler, Mussolini, Orban, até o pobre Julio César entrou na dança. Vejamos.
A mídia neo-liberal já disse e continua dizendo que Bolsonaro, Lula e Haddad são “extremos do mesmo saco”. A comparação não subsiste por duas linhas de motivos.
A primeira linha está na personalidade política dos comparados.
Haddad e Lula são democratas. Bolsonaro não.
Haddad e Lula tiveram, desde sempre, a mídia que os compara como inimiga.
Bolsonaro, não. Esta mídia é inimiga dele tão somente agora.
Assim mesmo faz um corte: Bolsonaro não, mas Guedes sim.
Mesmo que este não passe de um incompetente.
Além disto, Bolsonaro é homofóbico, misógino, seu perfil público padece de fixação anal e de outra fálica que levanta a hipótese de uma impotência crônica.
Vive cercado por gente desqualificada, depravada, racista, bajuladores, puxa-sacos, idiotas, fujões como Weintraub, e cultua um guru mentecapto que se diz filósofo e o insulta com os piores palavrões imagináveis, ao que ele responde com subserviência e veneração. Nada a ver com Haddad e Lula.
Vamos adiante.
Hitler e Mussolini? Detesto estes dois, tanto quanto Bolsonaro.
Mas devo reconhecer que aquela dupla tinha algo que Bolsonaro não tem: carisma.
Hitler só dizia atrocidades, mas era um orador exímio.
Mussolini idem. Vendo-se imagens de seus discursos, vê-se que ambos eram careteiros de primeira linha.
Hitler fazia treinos diante do espelho para selecionar suas melhores caretas.
Não sei se Mussolini fazia o mesmo, mas que era bom de careta, era. Também era sinistro, mas tinha garbo: consultem aqui e aqui .
Já Bolsonaro é tão expressivo quanto uma marionete de pau, até porque é incapaz de ter sequer uma ideia própria: vive assentado no colo do ventríloquo Trump e repete feito gramofone mal amestrado tudo o que seu patrão diz.
Prosseguindo. Orban e outros autoritários do momento, como Duterte, Salvini, Le Pen?
Não dá nem pro começo. Porque Bolsonaro é um fujão, coisa que os outros, embora se escudem em blindagens autoritárias, não são.
Basta ver o que aconteceu no dia em que o Queiroz, vindo não se sabe de onde, se materializou na casa do Wassef para ser preso pela polícia de São Paulo. Ao invés de tomar uma atitude, Bolsonaro passou batido pelo chiqueirinho onde ficam seus fanáticos seguidores e foi se refugiar dentro do Palácio…
Recentemente alguém tentou comparar Bolsonaro com Júlio César, o ditador romano que cortou as asas do Senado. Também não dá nem pra saída.
O Senado da Roma antiga era o símbolo de uma República para os aristocratas do futuro império de Augusto e outros. Era mais parecido com a nossa República Velha.
Eram eleitos indiretamente pelos magistrados, coisa que seria um ideal da Lava Jato.
A plebe tinha, sim, um representante, que ficava de fora do anfiteatro e não participava dos debates. É verdade que podia enfiar a cabeça entre as cortinas, se alguma proposta aprovada não o agradava, e gritar: “veto”.
Galvanizando militares, a classe média e a plebe de Roma, Julio César tornou-se ditador, sim, mas ampliou direitos, ao invés de poda-los, como o califa do Planalto vem fazendo, com ajuda dos e das caras de pau que o cercam.
César estendeu o direito à cidadania às províncias, o que antes o Senado vedava.
Reformou o calendário para cortar tramóias políticas que eram feitas pelos sacerdotes e magistrados que, antes, regulavam a duração dos anos; se no poder estavam partidários do seu agrado, encompridavam o ano; caso contrário, encurtavam.
O calendário dito Juliano padronizou o ano e acabou com a mazorca.
Já Bolsonaro aboliu o horário de verão, lembrando os tempos da ditadura que ele tanto admira, em que o Brasil, por decreto, não tinha problemas ambientais nem energéticos e ecologia era crime contra a Segurança Nacional.
César foi assassinado por um complô de aristocratas escandalizados por suas medidas “populistas”, entre as quais se incluíram uma reforma agrária, ainda que incipiente, e a abertura da primeira biblioteca pública do mundo.
Como em 54, com Getúlio, as massas sublevaram-se e atacaram as residências dos conspiradores, forçando-os a fugir. Brutus e Cássio, dois dos principais assassinos de César, terminaram se suicidando, depois de derrotados militarmente por Marco Antônio.
Enfim, César estava mais para Vargas do que para o ridículo Bolsonaro.
Trump tropical? Bem, como Trump, ele vai fritando seus auxiliares, como aconteceu com Weintraub, Mandetta, Regina Duarte, Teich… Mas falta-lhe luz própria, já disse. Bolsonaro é apenas um gramofone que repte o que aquele diz.
É que Bolsonaro tem uma qualidade única, que falta, pelo visto, aos outros personagens aqui citados: a covardia.
Ele ruge sim, mas contra os que vê como mais fracos: mulheres, minorias, LGBTIs, indígenas, quilombolas, os idosos, os doentes, as esquerdas que se tornaram o alvo preferido das perseguições judiciais nos últimos tempos, embora de momento parece que chegou a vez de seus correligionários.
Diante dos mais fortes, ele se encolhe, de rabo entre as pernas. Primeiro e único.
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