Por Fernando Brito, em seu blog:
A entrevista de Sérgio Moro à Folha de S.Paulo é um monumento à hipocrisia, à vaidade e ao cinismo.
Nela, descobre-se que, na versão do ex-juiz, o que o levou a ser ministro não foi a evidente ambição, mas uma alegada missão de exercer, sobre Jair Bolsonaro, um “poder moderador” e, com isto, ser “um anteparo a medidas mais autoritárias” do chefe.
Moro diz que saiu do Governo apenas por defender a democracia, não porque tenha sido contrariado nas suas pretensões de mando: “Teve certo sacrifício pessoal, poderia ficar muito bem confortável no governo buscando uma vaga no STF”.
Ora, até uma criança percebe que se tratava de uma disputa pelo controle da Polícia Federal.
Institucionalmente, é presidencial o poder de nomear para o órgão, mas Moro sempre exigiu que esta fosse “sua cota” e, é claro, isso significava o poder de dirigir – como faz desde Curitiba – a PF contra aqueles – sejam à esquerda, sejam à direita – que desejar.
Não é outra coisa o que tirou Moro do Ministério da Justiça, até porque ele não serviu de “anteparo” para outras medidas de natureza tomadas pelo governo que têm a sua dócil cumplicidade, como a monstruosa liberação da compra de armas e de munições, das quais o sinistro retrato está na edição de hoje de O Globo.
De janeiro a maio, dobraram as vendas de armas de fogo e aumentaram ainda mais as de munição, que hoje levam o país a ser um paiol onde chegam às mãos de particulares, diz o jornal, nada menos que 2 mil cartuchos de bala por hora:
"O salto no mês passado ocorreu após a publicação de uma portaria — assinada pelo ministro da Defesa Fernando Azevedo e Silva e o então ministro da Justiça, Sergio Moro, datada de 23 de abril — que estendeu o limite de compra de munição para quem tem arma de fogo registrada de 200 unidades por ano para valores entre 50 e 300 por mês, a depender do calibre."
Ou seja, mesmo à véspera de deixar o cargo, Moro não se esquivou de apor sua assinatura num ato que atendia a vontade do ex-capitão de preparar suas falanges para um confronto armado contra democratas desarmados.
Moro diz que está “em aberto” sua participação em movimentos pró-democracia, como se a quem a debilitou pudesse vir, agora, por flores em seu sepulcro.
Ele que vá procurar seus antigos adoradores, quase todos eles convertidos agora ao golpismo bolsonarista.
Vá fazer a “autocrítica” que cobra dos outros perante aqueles a quem atirou no caminho do fascismo.
Se sobrar algum pedaço, vá para o fim da fila da democracia, estropiado como está, ver se alguém ainda o quer.
A entrevista de Sérgio Moro à Folha de S.Paulo é um monumento à hipocrisia, à vaidade e ao cinismo.
Nela, descobre-se que, na versão do ex-juiz, o que o levou a ser ministro não foi a evidente ambição, mas uma alegada missão de exercer, sobre Jair Bolsonaro, um “poder moderador” e, com isto, ser “um anteparo a medidas mais autoritárias” do chefe.
Moro diz que saiu do Governo apenas por defender a democracia, não porque tenha sido contrariado nas suas pretensões de mando: “Teve certo sacrifício pessoal, poderia ficar muito bem confortável no governo buscando uma vaga no STF”.
Ora, até uma criança percebe que se tratava de uma disputa pelo controle da Polícia Federal.
Institucionalmente, é presidencial o poder de nomear para o órgão, mas Moro sempre exigiu que esta fosse “sua cota” e, é claro, isso significava o poder de dirigir – como faz desde Curitiba – a PF contra aqueles – sejam à esquerda, sejam à direita – que desejar.
Não é outra coisa o que tirou Moro do Ministério da Justiça, até porque ele não serviu de “anteparo” para outras medidas de natureza tomadas pelo governo que têm a sua dócil cumplicidade, como a monstruosa liberação da compra de armas e de munições, das quais o sinistro retrato está na edição de hoje de O Globo.
De janeiro a maio, dobraram as vendas de armas de fogo e aumentaram ainda mais as de munição, que hoje levam o país a ser um paiol onde chegam às mãos de particulares, diz o jornal, nada menos que 2 mil cartuchos de bala por hora:
"O salto no mês passado ocorreu após a publicação de uma portaria — assinada pelo ministro da Defesa Fernando Azevedo e Silva e o então ministro da Justiça, Sergio Moro, datada de 23 de abril — que estendeu o limite de compra de munição para quem tem arma de fogo registrada de 200 unidades por ano para valores entre 50 e 300 por mês, a depender do calibre."
Ou seja, mesmo à véspera de deixar o cargo, Moro não se esquivou de apor sua assinatura num ato que atendia a vontade do ex-capitão de preparar suas falanges para um confronto armado contra democratas desarmados.
Moro diz que está “em aberto” sua participação em movimentos pró-democracia, como se a quem a debilitou pudesse vir, agora, por flores em seu sepulcro.
Ele que vá procurar seus antigos adoradores, quase todos eles convertidos agora ao golpismo bolsonarista.
Vá fazer a “autocrítica” que cobra dos outros perante aqueles a quem atirou no caminho do fascismo.
Se sobrar algum pedaço, vá para o fim da fila da democracia, estropiado como está, ver se alguém ainda o quer.
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