Tereza Cruvinel, no site Brasil-247:
As falas de Lula e de Bolsonaro neste 7 de setembro são incomparáveis, por conta da absoluta disparidade na ordem de grandeza de cada uma.
O ex-presidente falou como líder político e homem de Estado, mas falou com o coração, num retorno à forma política de antes da prisão injusta, que pontuou seus discursos subsequentes à libertação com o compreensível travo da amargura e do ressentimento.
Mas ontem Lula falou de passagem sobre isso, apenas destacando que sua prisão e seu impedimento eleitoral derivaram da intolerância das oligarquias para com o projeto político mais inclusivo que ele representou.
Falou com indignação ao fazer o diagnóstico da situação que o país vive sob Bolsonaro, mas despertou esperança ao apontar para o futuro, para a possibilidade de derrotar no voto o projeto autoritário e obscurantista, colocando-se à disposição do povo brasileiro para liderar esta travessia.
Não falou em ser candidato. Se puder, será. Se não permitirem, estará da mesma forma disponível para liderar a mudança.
Milhares de pessoas foram às redes sociais confessarem-se de alma lavada. Ontem Lula voltou.
Em seu completo inventário sobre o estado da Nação não deixou de apontar nenhuma das mazelas que o país enfrenta sob Bolsonaro, do número de mortes desnecessárias na pandemia ao crime de lesa-pátria representado pelo descompromisso com a soberania e a vassalagem ao poder americano.
A militarização do poder civil, o abandono dos compromissos democráticos fixados pela Constituição, o descaso com o meio ambiente que faz do Brasil um vilão global, acompanhado da violação dos direitos dos povos originários, a fúria privatizante que esquarteja a Petrobrás e ameaça a segurança energética, o racismo estrutural que ceifa jovens negros nas periferias, os ataques às universidades, à ciência e à cultura, tudo foi tocado.
E como paisagem de fundo, o aumento da desigualdade, com os ricos ficando mais ricos e os pobres mais miseráveis.
“Este é o verdadeiro e ameaçador retrato do Brasil de hoje”.
Fez o diagnóstico e apontou o alvo a ser combatido, “o monstrengo” que as oligarquias pariram e agora não conseguem controlar.
Mas sem derrotismo.
A esperança, novamente ela, agora não contra o medo, mas contra o atraso e a destruição do país, pontuou a segunda parte da fala: juntos, através do voto, os brasileiros podem mudar o rumo da história, firmando um novo pacto inclusivo, em que os ricos terão de pagar mais impostos para que seja possível reincluir os pobres no orçamento.
Para que tenhamos “ um verdadeiro Estado Democrático e de Direito, com fundamento na soberania popular”. E disse ainda: “Uma Nação voltada para a igualdade e o pluralismo. Uma Nação inserida numa nova ordem internacional baseada no multilateralismo, na cooperação e na democracia, integrada na América do Sul e solidária com outras nações em desenvolvimento. O Brasil que quero reconstruir com vocês é uma Nação comprometida com a libertação do nosso povo, dos trabalhadores e dos excluídos.”
Para este desafio, colocou-se à disposição.
A leitura imediata foi a de que se lançou candidato, mas ninguém sabe se o deixarão concorrer.
Há um longo caminho pela frente, na busca dos direitos políticos perdidos com as condenações.
Se o STF declarar em breve a suspeição de Sergio Moro na condenação pelo processo do tríplex, ainda haverá o processo do sítio de Atibaia, cuja sentença final foi subscrita pela juíza que substituiu Moro, Gabriela Hardt.
Lula sabe disso. Sua oferta é para liderar a oposição e impedir o desastre absoluto, que seria a reeleição de Bolsonaro em 2022, ainda que não possa concorrer. Ontem ele falou com o coração limpo, a lucidez aguda e a energia renovada.
Já a fala de Bolsonaro merecerá apenas uma nota de rodapé nos registros históricos, se muito. Seu balbucio lembrou a fala de um estudante do fundamental na hora cívica de um 7 de Setembro. Falou em coisas cujo significado ignora, como soberania, tolerância e democracia. E para falar de soberania, invocou guerras, como a do Paraguai, de triste memória, a II Grande Guerra, com a participação da FEB, e o golpe de 64, que novamente defendeu, ao apresentá-lo como vitória contra a ameaça comunista.
O panelaço mal havia começado e ele já havia terminado. As colheres ficaram no ar, frustradas, mas ele não tinha mais nada a dizer. Nada sobre a mortandade, o desemprego, a carestia e o empobrecimento da população.
As falas de Lula e de Bolsonaro neste 7 de setembro são incomparáveis, por conta da absoluta disparidade na ordem de grandeza de cada uma.
O ex-presidente falou como líder político e homem de Estado, mas falou com o coração, num retorno à forma política de antes da prisão injusta, que pontuou seus discursos subsequentes à libertação com o compreensível travo da amargura e do ressentimento.
Mas ontem Lula falou de passagem sobre isso, apenas destacando que sua prisão e seu impedimento eleitoral derivaram da intolerância das oligarquias para com o projeto político mais inclusivo que ele representou.
Falou com indignação ao fazer o diagnóstico da situação que o país vive sob Bolsonaro, mas despertou esperança ao apontar para o futuro, para a possibilidade de derrotar no voto o projeto autoritário e obscurantista, colocando-se à disposição do povo brasileiro para liderar esta travessia.
Não falou em ser candidato. Se puder, será. Se não permitirem, estará da mesma forma disponível para liderar a mudança.
Milhares de pessoas foram às redes sociais confessarem-se de alma lavada. Ontem Lula voltou.
Em seu completo inventário sobre o estado da Nação não deixou de apontar nenhuma das mazelas que o país enfrenta sob Bolsonaro, do número de mortes desnecessárias na pandemia ao crime de lesa-pátria representado pelo descompromisso com a soberania e a vassalagem ao poder americano.
A militarização do poder civil, o abandono dos compromissos democráticos fixados pela Constituição, o descaso com o meio ambiente que faz do Brasil um vilão global, acompanhado da violação dos direitos dos povos originários, a fúria privatizante que esquarteja a Petrobrás e ameaça a segurança energética, o racismo estrutural que ceifa jovens negros nas periferias, os ataques às universidades, à ciência e à cultura, tudo foi tocado.
E como paisagem de fundo, o aumento da desigualdade, com os ricos ficando mais ricos e os pobres mais miseráveis.
“Este é o verdadeiro e ameaçador retrato do Brasil de hoje”.
Fez o diagnóstico e apontou o alvo a ser combatido, “o monstrengo” que as oligarquias pariram e agora não conseguem controlar.
Mas sem derrotismo.
A esperança, novamente ela, agora não contra o medo, mas contra o atraso e a destruição do país, pontuou a segunda parte da fala: juntos, através do voto, os brasileiros podem mudar o rumo da história, firmando um novo pacto inclusivo, em que os ricos terão de pagar mais impostos para que seja possível reincluir os pobres no orçamento.
Para que tenhamos “ um verdadeiro Estado Democrático e de Direito, com fundamento na soberania popular”. E disse ainda: “Uma Nação voltada para a igualdade e o pluralismo. Uma Nação inserida numa nova ordem internacional baseada no multilateralismo, na cooperação e na democracia, integrada na América do Sul e solidária com outras nações em desenvolvimento. O Brasil que quero reconstruir com vocês é uma Nação comprometida com a libertação do nosso povo, dos trabalhadores e dos excluídos.”
Para este desafio, colocou-se à disposição.
A leitura imediata foi a de que se lançou candidato, mas ninguém sabe se o deixarão concorrer.
Há um longo caminho pela frente, na busca dos direitos políticos perdidos com as condenações.
Se o STF declarar em breve a suspeição de Sergio Moro na condenação pelo processo do tríplex, ainda haverá o processo do sítio de Atibaia, cuja sentença final foi subscrita pela juíza que substituiu Moro, Gabriela Hardt.
Lula sabe disso. Sua oferta é para liderar a oposição e impedir o desastre absoluto, que seria a reeleição de Bolsonaro em 2022, ainda que não possa concorrer. Ontem ele falou com o coração limpo, a lucidez aguda e a energia renovada.
Já a fala de Bolsonaro merecerá apenas uma nota de rodapé nos registros históricos, se muito. Seu balbucio lembrou a fala de um estudante do fundamental na hora cívica de um 7 de Setembro. Falou em coisas cujo significado ignora, como soberania, tolerância e democracia. E para falar de soberania, invocou guerras, como a do Paraguai, de triste memória, a II Grande Guerra, com a participação da FEB, e o golpe de 64, que novamente defendeu, ao apresentá-lo como vitória contra a ameaça comunista.
O panelaço mal havia começado e ele já havia terminado. As colheres ficaram no ar, frustradas, mas ele não tinha mais nada a dizer. Nada sobre a mortandade, o desemprego, a carestia e o empobrecimento da população.
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