Reprodução: Junio Matos |
Desde que iniciamos o ano de 2020, não consigo abordar outro assuntou que não seja o avanço da pandemia no mundo, no Brasil, mas, sobretudo, no meu estado do Amazonas.
Ainda em abril e maio de 2020, Manaus virou notícia internacional por conta do colapso do sistema de saúde. A crise fez com que pessoas morressem não apenas pelo vírus, mas morressem pela falta de assistência. Hoje, lamentavelmente, vemos a situação se repetir com uma dose de gravidade ainda maior.
Oxigênio hospitalar
Além do colapso do sistema de saúde, da falta de leito, da falta de atendimento, na capital e no interior do estado, há mais de duas semanas convivemos com a falta do insumo fundamental à manutenção da vida, que é o oxigênio.
Outros fatores têm contribuído para agravar a situação. Um deles diz respeito a uma oferta que foi feita pelas Nações Unidas e pelo governo norte-americano em disponibilizar aviões para o transporte de oxigênio. Essa oferta foi feita há praticamente duas semanas, sem que, até o momento, o governo federal e o Ministério da Saúde, tão pouco o governo estadual, respondessem a essa oferta.
Enquanto isso, caminhões trafegam e atolam pela BR 319. Navios, balsas levam praticamente uma semana para chegar a Manaus com oxigênio. Até hoje não temos a situação do oxigênio regularizada na cidade de Manaus.
Hospital de campanha
Manaus, que já enfrentou um momento muito difícil, já sabia exatamente como deveria enfrentar o problema e, mesmo assim, não se preparou para isso. Para que todos tenham ideia, há apenas três dias foi reaberto um hospital de campanha em Manaus. Há apenas três dias.
Isso mostra não apenas a incompetência e a inoperância dos governantes do estado, mas o total descompromisso com a vida humana.
Sumiço de vacinas
Outro aspecto que chamou atenção no Brasil inteiro foi o problema do sumiço de milhares de doses de vacinas e a fila sendo furada com constância por pessoas que não fazem parte dos grupos prioritários.
Deboche presidencial
Ou seja, Manaus vive absolutamente o caos. Enquanto isso, assistimos ao governo federal debochando da população, como é o caso dos gastos do Executivo com alimentação em 2020, grande parte deles supérfluos, como chiclete, leite condensado e vinhos.
Em pleno 2020, marcado pela crise sanitária e pelo isolamento social, o presidente ainda debocha da imprensa e da população brasileira que exige uma resposta por parte de seu governo.
Isso tudo fez com que, nesses últimos dias, mais uma vez, não apenas os partidos de oposição, mas entidades representativas de magistrados e juízes, de seguimentos religiosos, ingressassem novamente com o pedido de impeachment do presidente Jair Bolsonaro.
O prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, afirmou de forma bem taxativa: por questões menores, outros presidentes já estariam presos. Portanto, sigo me repetindo no assunto, porque as mortes seguem aumentando, principalmente no meu Amazonas.
A saída para todos nós é a própria saída de Jair Bolsonaro.
* Vanessa Grazziotin é farmacêutica, membro do Comitê Central do PCdoB, ex-senadora pelo Amazonas (2011-2019) e ex-deputada federal pelo mesmo estado (1999-2011).
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