Há muito tempo a TV Cultura de São Paulo rompeu com os princípios que lhe proporcionaram o conceito de TV Pública. A subordinação de sua programação aos interesses políticos do PSDB vem de antes, mas agravou-se no governo Dória. E chegou ao fundo do poço com o deprimente espetáculo de vulgaridade protagonizado pelo jornalista Diogo Mainardi, que exige uma manifestação de censura do Conselho Curador da Fundação Padre Anchieta. Ou então, a renúncia de seus integrantes, por não ter o conselho a mínima serventia na preservação dos fundamentos da radiodifusão pública pelos quais deveria zelar.
Não conheço seu presidente, Fabio Luis Pereira Magalhães, mas o vice-presidente, Jorge Cunha Lima, é historicamente comprometido com a radiodifusão pública tal como deve ser entendida: um serviço prestado à sociedade, sob a supervisão dela, destinado a garantir a pluralidade e a diversidade na oferta de conteúdos, conferindo prioridade, em sua programação, aos de natureza informativa, educativa, artística, cultural e científica. Um serviço que, mesmo sendo financiado total ou parcialmente pelo Estado, deve guardar independência em relação ao próprio Estado e ao mercado. Por isso lhe são vedados o proselitismo político e a publicidade comercial. Há algum tempo a TV Cultura passou a veicular anúncios comerciais.
Mas foi na distorção da programação que os pecados mortais foram cometidos. Especialmente, na programação jornalística. Quando foi âncora do Roda Viva, Augusto Nunes, hoje um notório militante da extrema direita, fez do programa que foi símbolo do compromisso da emissora com o livre debate e a expressão da diversidade, fez dele um púlpito de pregações odientas, preconceituosas e politicamente alinhadas ao pior do conservantismo. Hoje lá está Vera Magalhães, que teve o desplante de vetar a participação de Lula, em resposta a uma campanha nas redes sociais para que ele fosse convidado. Ela se acha dona do espaço, confunde público e privado, evidência de completa ignorância sobre o que seja a comunicação pública.
A "compra" do programa Manhattan Connection, quando a Globonews o descartou de sua grade, no ano passado, foi outro ponto sacrílego. Após uma chuva de ataques dos bolsonaristas, a Fundação Padre Anchieta explicou o valor contratual de R$ 8 milhões com a produtora Blend Negócios Divulgação e Editoração Ltda: o valor era apenas uma estimativa. A Blend arcaria com todos os custos de produção, inclusive a remuneração dos profissionais envolvidos, a partir das cotas de publicidade que conseguisse captar para o programa. Pior ainda: trata-se de um modelo de terceirização canhestro, de um aluguel de horário que priva a emissora de responsabilidade pelo conteúdo. Assim fazem as emissoras comerciais que também alugam horários para grupos religiosos, numa transgressão legal que é tolerada cinicamente pelas autoridades do setor.
Mainardi, semeador de ódio e fundador do maccarthismo que se instalou em setores da imprensa brasileira a partir da posse de Lula, em 2003, extrapolou em sua vulgaridade no último programa. Invocando Olavo de Carvalho, mandou o convidado, o advogado Kakay, tomar naquele lugar. Isso porque o advogado, exercendo seu direito à liberdade de expressão, que supunha garantida numa emissora que se diz pública, defendeu o Estado de Direito e criticou o ex-juiz Sergio Moro por seus ilícitos na Lava Jato, já reconhecidos pelo STF em relação a Lula.
Se o Conselho Curador não se pronunciar diante de tal aberração, precisa renunciar, declarando que não tem mais o que fazer ali, pois a emissora deixou de ser pública, tornando-se estatal ou governamental, subordinada a uma diretoria que mantém na grade figuras como Diogo Mainardi.
Não conheço seu presidente, Fabio Luis Pereira Magalhães, mas o vice-presidente, Jorge Cunha Lima, é historicamente comprometido com a radiodifusão pública tal como deve ser entendida: um serviço prestado à sociedade, sob a supervisão dela, destinado a garantir a pluralidade e a diversidade na oferta de conteúdos, conferindo prioridade, em sua programação, aos de natureza informativa, educativa, artística, cultural e científica. Um serviço que, mesmo sendo financiado total ou parcialmente pelo Estado, deve guardar independência em relação ao próprio Estado e ao mercado. Por isso lhe são vedados o proselitismo político e a publicidade comercial. Há algum tempo a TV Cultura passou a veicular anúncios comerciais.
Mas foi na distorção da programação que os pecados mortais foram cometidos. Especialmente, na programação jornalística. Quando foi âncora do Roda Viva, Augusto Nunes, hoje um notório militante da extrema direita, fez do programa que foi símbolo do compromisso da emissora com o livre debate e a expressão da diversidade, fez dele um púlpito de pregações odientas, preconceituosas e politicamente alinhadas ao pior do conservantismo. Hoje lá está Vera Magalhães, que teve o desplante de vetar a participação de Lula, em resposta a uma campanha nas redes sociais para que ele fosse convidado. Ela se acha dona do espaço, confunde público e privado, evidência de completa ignorância sobre o que seja a comunicação pública.
A "compra" do programa Manhattan Connection, quando a Globonews o descartou de sua grade, no ano passado, foi outro ponto sacrílego. Após uma chuva de ataques dos bolsonaristas, a Fundação Padre Anchieta explicou o valor contratual de R$ 8 milhões com a produtora Blend Negócios Divulgação e Editoração Ltda: o valor era apenas uma estimativa. A Blend arcaria com todos os custos de produção, inclusive a remuneração dos profissionais envolvidos, a partir das cotas de publicidade que conseguisse captar para o programa. Pior ainda: trata-se de um modelo de terceirização canhestro, de um aluguel de horário que priva a emissora de responsabilidade pelo conteúdo. Assim fazem as emissoras comerciais que também alugam horários para grupos religiosos, numa transgressão legal que é tolerada cinicamente pelas autoridades do setor.
Mainardi, semeador de ódio e fundador do maccarthismo que se instalou em setores da imprensa brasileira a partir da posse de Lula, em 2003, extrapolou em sua vulgaridade no último programa. Invocando Olavo de Carvalho, mandou o convidado, o advogado Kakay, tomar naquele lugar. Isso porque o advogado, exercendo seu direito à liberdade de expressão, que supunha garantida numa emissora que se diz pública, defendeu o Estado de Direito e criticou o ex-juiz Sergio Moro por seus ilícitos na Lava Jato, já reconhecidos pelo STF em relação a Lula.
Se o Conselho Curador não se pronunciar diante de tal aberração, precisa renunciar, declarando que não tem mais o que fazer ali, pois a emissora deixou de ser pública, tornando-se estatal ou governamental, subordinada a uma diretoria que mantém na grade figuras como Diogo Mainardi.
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