Por Fernando Brito, em seu blog:
É bom que se tome a sério, pois vem do decano do antilulismo, Merval Pereira, a advertência de que Bolsonaro prepara e conta com o Exército para um golpe que reverta sua cada vez mais previsível derrota eleitoral:
Bolsonaro convenceu os militares, e o núcleo duro de seus seguidores, de que a volta do PT ao poder, que hoje as pesquisas de opinião detectam como provável, é um perigo comunista que tem que ser evitado. Por isso está criando um clima antecipadamente de possibilidade de fraude nas urnas eletrônicas, para ter um pretexto para comandar um golpe caso seja derrotado por Lula.
Percebam: é o autor da afirmação o que a torna dramática e que, portanto, capaz de exigir que se pretenda, já e agora, a proclamação do que seria óbvio, o compromisso de respeito ao resultado das eleições.
O Exército Brasileiro – sabem ou deveriam saber seus generais – está mais perto de tornar-se pequeno como jamais foi em toda a história do que de se tornar o dono do comando do país.
Não é bravata, menos ainda desejo para quem o entende como essencial, como sempre foi, à unidade nacional e à proteção do país e de suas riquezas contra um colonialismo que se tornou mais perigoso por depender menos do controle territorial do que apenas do econômico.
Generais com cursos e estudos de geopolítica (vá lá que ainda possam existir os que vivem num mundo cercado de demônios comunistas) podem achar que, na segunda década do século 21 acham que o mundo pode conviver com golpes e governos militares – ainda que com um civil, ex-militar, à testa, num dos maiores países do mundo?
Não precisa nem da Escola Superior de Guerra (que, aliás, em matéria de bolor e anacronismo só perde para o Clube Militar) para ver que, nos últimos dez anos, golpe, mesmo só no Mali, Niger, Guiné Bissau…Sim, houve o Egito, mas num contexto em que os EUA queriam tudo, menos um presidente de um partido islâmico, e Mianmar, onde o golpe ainda não se consolidou e sofre o repúdio mundial. Ah, e o fugaz golpe boliviano, onde instalaram uma personagem inexpressiva no poder e, um ano depois, teve-se de engolir a eleição do “candidato do índio” Evo Morales.
Será que podem nutrir alguma esperança de que isso venha a ser aceito pelo mundo? Tomassem o poder e o governo nem sequer seria reconhecido internacionalmente, talvez apenas por alguns países asiáticos e do Leste Europeu, com governos de extrema-direita.
Mas nem é este a pior consequência. O Exército, ao contrário de assumir o protagonismo desta aventura, será engolfado pela milícia bolsonariana, inclusive com a formação de bolsões dentro das suas próprias tropas.
Não me recordo de outro dia como este, em que o Exército tenha sido tão enxovalhado.
Mas, se o plano golpista avançar, isso será nada perto do que ocorrerá: não apenas a perda de 40 anos, quase, de recuperação da imagem dos militares brasileiros.
O general Paulo Sérgio Nogueira, ao trocar o posto de comandante pelo de ajudante de ordens presidencial.
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