Editorial do site Vermelho:
A crescente desaprovação a Bolsonaro, demonstrada em várias pesquisas, impõe mais desafios à oposição. O Datafolha, por exemplo, indica que a rejeição ao presidente, de 51%, teve um salto significativo em relação à pesquisa anterior, de 11 de maio, quando a reprovação era de 45%. Em 8 de dezembro, quando começou a curva da reprovação, o número era de 32%. São vários fatores que determinam essa tendência, mas o essencial é o descaso com os efeitos da pandemia, uma combinação de irresponsabilidade e autoritarismo.
Com o surgimento de evidência de corrupção em larga escala, aparecem como agravante os fatores como desonestidade, despreparo, falsidade e incompetência. O resultado das pesquisas expressa a percepção sobre esses dados, fruto principalmente da atuação da CPI e das manifestações populares. As pesquisas indicam que a ampliação e a intensificação das iniciativas contra Bolsonaro são necessárias e podem render resultados muito positivos.
Pode-se dizer que essa é uma tendência natural, dada a situação de calamidade em que se encontra o país. Ninguém de bom senso duvidava de que a possibilidade de um desastre com Bolsonaro na Presidência da República era real. A sua viabilidade no comando da nação só seria possível pelos parâmetros do Estado Democrático de Direito, com as instituições atuando como balizas para conter seus arroubos e suas ameaças. Exemplos mais recentes são o ataque à CPI da Covid e aos senadores de oposição que a compõem e a ameaça de não aceitar o resultado das eleições de 2022, que ele insinua até que correm o risco de ocorrer.
Tendo seu projeto de poder – que não se limita às regras eleitorais – como fixação fanática, deixa a governabilidade do país ao deus-dará. As consequências estão bem à vista, com a tragédia social que já levou mais de meio milhão de vidas e uma crise econômica de dimensões imponderáveis.
Um governo isolado e um presidente cada vez mais furibundo, comandando um governo imobilizado e cercado por denúncias incessantes levam a uma crise política, um impasse que tende a acirramentos e a desfechos imprevisíveis, um cenário que exige das forças oposicionistas clareza para definir um novo rumo para o país.
Neste cenário, têm grande relevância o pronunciamento de instituições como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e o próprio Senado Federal, por meio de seu presidente Rodrigo Pacheco, refutando os arroubos autoritários e as ameaças de Bolsonaro ao Estado Democrático de Direito. Ao mesmo tempo, ganha força e amplitude a mobilização social em defesa da apuração das denúncias de corrupção e pelo impeachment de Bolsonaro.
Como não há perspectiva de solução dos problemas decorrentes das crises econômica e sanitária com Bolsonaro no poder, cumpre a todos os segmentos insatisfeitos com o descalabro em que o país sem encontra buscar a unidade política capaz enfeixar forças e apontar saídas com perspectivas de um projeto de reconstrução nacional, tendo como lastro os preceitos do Estado Democrático de Direito.
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