Por Altamiro Borges
Apesar da "carta de arrego" e do telefonema "amigável" após os atos fascistas do 7 de setembro, a paz de Jair Bolsonaro com o Supremo Tribunal Federal pode durar pouco. O ministro Alexandre de Moraes decidiu prorrogar por mais 90 dias o inquérito que apura a tentativa do fascista de interferir na Polícia Federal e o que trata das milícias digitais bolsonaristas.
“Considerando a necessidade de prosseguimento das investigações e a existência de diligências em andamento, nos termos do artigo 10 do Código de Processo Penal, prorrogo por mais 90 (noventa) dias, a partir do encerramento do prazo final anterior (27/10), o presente inquérito”, afirma seu despacho sobre a ingerência na PF.
Na semana passada, o ministro do STF já havia fixado um prazo de 30 dias para a Polícia Federal ouvir o depoimento de Jair Bolsonaro sobre o caso. Dias antes, o governo informou, por meio da Advocacia-Geral da União (AGU), que o presidente aceita realizar a oitiva de forma presencial. Com isso, ele evitou o julgamento da questão no pleno do tribunal.
Quem financia as milícias digitais?
Já no caso do inquérito sobre a milícia digital, o prazo da investigação também foi dilatado para ouvir outros acusados de envolvimento no esquema. Segundo apuração da PF até agora, a organização criminosa teria se articulado em núcleos de produção, publicação, financiamento e político. Há suspeita também de que o grupo foi abastecido com verba pública.
Um dos depoimentos ainda pendentes é o do filósofo de orifícios Olavo de Carvalho, o guru dos bolsonaristas. A PF quer saber se há ligação do astrólogo da Virgínia com a milícia digital. Ela já ouviu blogueiros e youtubers bolsonaristas sobre financiamento, ligação com o “gabinete do ódio” do Palácio do Planalto e relações com autoridades do governo.
Como aponta Guilherme Amado, em matéria no site Metrópoles nesta segunda-feira (11), a prorrogação desses inquéritos pode azedar novamente as relações em Brasília. “Quem acompanha de perto a tumultuada relação entre Jair Bolsonaro e parte dos ministros do STF avalia que é inevitável que a coisa volte a esquentar nas próximas semanas. O motivo, mais uma vez, são os inquéritos sob o comando Alexandre de Moraes que perturbam a base mais radical do bolsonarismo”.
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