Charge: Frank |
Saímos dos dias finais da dança partidária – em geral movida pela fidelidade aos partidos da carreira e do dinheiro – com alguns sinais importantes.
O mais significativo deles: o de que a tal “Terceira Via” acabou de vez, reduzida a uma “articulação ” entre dois personagens – Sergio Moro e Eduardo Leite – que sequer têm um partido que suporte suas improváveis candidaturas e um terceiro, João Doria, que precisa ameaçar e chantagear o PSDB para que não lhe retire o direito, conquistado em prévias internas, a ser o candidato à sucessão presidencial.
Logo a seguir vem a constatação de que Jair Bolsonaro conquistou de vez a hegemonia – e quase o monopólio, para ser mais exato – do campo da direita, e não só da extrema-direita.
Permitiu-o o fato de que nossas elites mostraram-se, outra vez, incapazes de absorver a ideia de um país inclusivo, com a incorporação das massas populares a uma economia onde façam parte do mercado de consumo, no qual se invista no desenvolvimento estruturado do Brasil e mire-se um papel no mundo não seja o de mero entreposto comercial de nossas commodities.
Para esta gente, não é preciso que o presidente da República cumpra uma única finalidade: que ocupe o lugar que não pode ser ocupado por quem queira, mesmo moderadamente, mudar os rumos de um modelo colonial em que nos mergulham.
Contra ele, serão Bolsonaro, mesmo que façam ares de nojo diante da estupidez do atual presidente, fingindo que espera ouro “messias”, como faz hoje o Estadão, em cínico editorial, dizendo esperar “alguém que ainda está por se fazer conhecido e, sobretudo, despertar a esperança dos brasileiros em um futuro melhor”.
De novo, a tal “escolha muito difícil”, que desde sempre já esteve feita.
É esta a decisão diante da qual nos encontramos e que vai se evidenciando com o quadro eleitoral afunilando-se em um plebiscito.
Pode-se espernear na mídia o quanto se quiser contra isso, mas nada esconde o fato de que, em algum momento, se colocará a decisão de, para não ter Bolsonaro será preciso votar em Lula, como para que não seja Lula, por mais que se mistifique a “espera do messias”, como faz o Estadão, é preciso Bolsonaro.
Não deveriam ser assim os processos eleitorais preliminares, como é o primeiro turno, mas não estamos em circunstâncias normais, porque o candidato que está no poder acena, quase todos os dias, com um golpe e com o emprego da força militar contra as urnas.
Mas é esta a realidade e, diante dela, tergiversar é também escolher um lado.
0 comentários:
Postar um comentário