Curitiba, setembro de 2022. Foto: Ricardo Stuckert |
A elite brasileira – que não tem, faz tempo, nomes para ganhar uma eleição presidencial – adotou o estranho hábito de querer “levar sem ganhar” e tenta fazer que Lula assuma o papel inverso, o de “ganhar, mas não levar”.
Assistimos, desde a semana seguinte eleitoral, a este movimento, com a ânsia desesperada pela indicação formal do ministro da Fazenda, a pretender que, se não fosse possível enxertar ali um neoliberal, que ao menos se fizesse o ungido ajoelhar-se diante deste altar e retomar a cantilena do “corta e vende” da qual, desde Joaquim Levy, passou a ser a única política econômica “aceitável”, ainda que só produza a ruína a que estamos sendo levados, já quase se vai completar uma década.
Deveriam corar cada vez que ouvem a frase batida de que “voltamos ao mapa da fome”, mas fazem cara de piedade e não são capazes de ver (ou de confessar que veem) este desastre como consequência daquelas políticas.
Ao contrário, todo o seu discurso é sobre a “gastança”, o “déficit”, a “dívida”, muito embora o país esteja produzindo saldo mais que suficiente para administrá-la.
Simultaneamente, quer de Lula uma política “moralista”, com a recusa em toda a linha com a política real, que – também há anos – restou da destruição dos partidos e da prevalência de um “centrão” que cevaram para derrubar Dilma, sustentar Temer e apoiar Bolsonaro enquanto lhes convinha.
Sabem que não levarão Lula a uma política suicida de confronto, tanto quanto é impossível que ele conceda ser um presidente inútil e, no caso do que sai, um cáften de um parlamento deformado, sem nenhum projeto que não seja o de beneficiar-se e eternizar-se.
Então, agora, começam a se utilizar da tática da “urubuzação”, que consiste em quebrar o ânimo da sociedade com o governo que se vai iniciar, justo porque sabe que este é um dos fatores que alimentaria seu sucesso e sua capacidade de mudar a realidade dolorosa que vive o país.
Com meias palavras, já procuram espalhar um sentimento de “não vai dar certo”, “a equipe é ruim”, “monte de ministérios” e outras simplificações primárias.
Quem acha que Lula se abalará com isso, ou que se privará de montar um governo de mudança, tire o cavalo da chuva, porque se há algo que não falta ao ex e futuro presidente é paciência e teimosia.
E, se querem fazer escassear apoio e ânimo de produção nacional, saibam que ele vai providenciar, imediatamente, a importação de uma boa dose, com sua movimentação do exterior.
O mundo acredita mais no Brasil do que sua elite.
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