quinta-feira, 26 de outubro de 2023

Julia Zanatta e Gayer mentem sobre o Hamas

Por Altamiro Borges


Na semana passada, dois deputados bolsonaristas dos mais hidrófobos e desqualificados – Gustavo Gayer (PL-GO) e Julia Zanatta (PL-SC) – divulgaram uma lista com supostos apoiadores do grupo Hamas, chamando-os de terroristas. Ela incluía parlamentares, intelectuais, jornalistas e lideranças de movimentos sociais. Além disso, os fascistoides garantiram que tinham encaminhado esses nomes para a embaixada dos EUA no Brasil para que fossem vigiados e barrados no território ianque.

Segundo notinha da Folha, “Gustavo Gayer chegou a publicar a lista, mas acabou apagando o post. Ele indicou parlamentares do PT, do PSB e do PSOL, além de intelectuais e entidades. Já Zanatta fez um vídeo dizendo que se inspirou em iniciativa do senador republicano Marco Rubio de sugerir o cancelamento de vistos americanos de pessoas que estariam supostamente apoiando ações do Hamas. Ela listou nomes de deputados do PT, PCdoB, PSOL e PSB e disse que iria encaminhar à embaixada, assim como ao senador americano... Quem apoia terrorista não deve querer visto americano’, diz Zanatta”.

Psol, PT e UBM rechaçam os macartistas

A lista macarthista gerou imediata reação. O deputado Ivan Valente (Psol-SP), que teve o seu nome incluído, já anunciou que irá tomar providências. “Vamos ao Supremo Tribunal Federal com queixa-crime por injúria e difamação, ação civil por danos morais e Conselho de Ética”, postou em suas redes sociais. Nesta quarta-feira (25), o jornal Estadão informou que “cinco deputados do PT apresentaram ação ao STF contra Julia Zanatta (PL-SC) e Gustavo Gayer (PL-GO), que tentaram associar os petistas com o grupo terrorista Hamas”.

A ação encaminhada ao Supremo foi assinada pelos deputados Erika Kokay (PT-DF), Helder Salomão (PT-ES), Nilto Tatto (SP), Padre João (PT-MG) e Paulão (PT-AL). Em 2021, esses parlamentares aderiram a um manifesto em apoio à causa palestina. O texto não caracterizava o Hamas como “grupo terrorista”, a exemplo do que faz a Organização das Nações Unidas (ONU) e a maioria dos países do planeta. Esse manifesto voltou à tona agora, totalmente descontextualizado, para atacar os deputados, intelectuais e entidades populares.

“Constata-se a existência de uma informação torpe, reprovável, caluniosa, incompatível com a dignidade e estatura de quem ocupa um cargo de deputado e se volta, por simples desavenças ideológicas, contra colegas parlamentares de maneira vil e mentirosa, na medida em que, entre outras deslealdades, tenta caracterizar os interpelantes como criminosos que devem ser impedidos de ingressar nos EUA e, consequentemente, em qualquer nação democrática, o que os tornaria pessoas que deveriam ser tratadas como inimigas da democracia e dos direitos humanos”, afirma a ação encaminhada ao Supremo.

No mesmo rumo, uma das entidades incluída na listinha abjeta, a União Brasileira de Mulheres (UBM), “enviou ofícios à Embaixada dos EUA no Brasil, ao Ministério das Relações Exteriores e à Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados questionando a iniciativa de parlamentares bolsonaristas que têm associado autoridades, organizações e intelectuais brasileiros ao grupo terrorista Hamas”, informa Mônica Bergamo na Folha. “Tantos problemas acontecendo no Brasil e vemos deputado utilizando o mandato e a tribuna para disseminar mentiras, ódio e defender a guerra”, protesta a presidente da UBM, Vanja Andréa.

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