Ataque aéreo israelense na cidade de Gaza (07/10/23) Foto: Fatima Shbair/AP |
1. O violento e bem planejado ataque do Hamas a Israel, de magnitude inédita e que já ocasionou centenas de mortes de ambos os lados do conflito, deverá produzir consequências sérias e amplas.
2. No plano interno da política israelense, o cenário mais provável é o fortalecimento político de Netanyahu, com a formação de um governo de “união nacional”, o qual já recebeu sinalização positiva da maioria da oposição.
Embora essa união possa ser provisória, ela representa um alívio para o atual governo, submetido a muita pressão interna em razão das mudanças propostas no Poder Judiciário.
3. No plano externo, as consequências deverão ser diversas e muito sérias.
4. Israel declarou guerra contra o Hamas e a escalada do conflito parece inevitável.
5. Até agora, o governo de Israel vinha evitando fazer uma ampla incursão militar em Gaza, dado o provável número alto de vítimas que uma operação militar desse tipo acarretaria.
6. Porém, o ataque, que provocou um choque psicológico em Israel semelhante ao ocasionado, nos EUA, com o 11 de setembro de 2001, mudou tudo.
7. Assim, é pouco provável que a resposta militar de Israel se limite ao bombardeio de Gaza. Uma operação terrestre parecer estar no horizonte.
Considere-se, nesse cálculo, que o Hamas fez reféns israelenses, os quais foram levados para Gaza. Israel já convocou milhares de reservistas.
8. Tal operação possivelmente se estenderia ao sul do Líbano, já que o Hezbollah apoia o Hamas. Se confirmada, a operação aumentaria muito o número de vítimas, especialmente entre civis palestinos. Poderá ser uma carnificina.
9. Também não se pode descartar alguma retaliação contra o Irã, principal aliado do Hamas, que aplaudiu o ataque e que dá apoio logístico a esse grupo.
10. Uma provável vítima poderá ser o esperado acordo entre Arábia Saudita, Israel e EUA, para que aquele primeiro país reconheça o Estado de Israel. A primeira reação da Arábia Saudita ao ataque foi cautelosa, mas, a depender do rumo do conflito, tudo poderá mudar.
11. Num plano mais geral, esse novo conflito deverá agravar ainda mais as relações geopolíticas do planeta, já muito tensas, em razão da guerra na Ucrânia, e resultar em maiores danos à recuperação econômica internacional, com consequências negativas para todos os países. Espera-se, no mínimo, que o preço do barril de petróleo aumente significativamente na segunda-feira.
12. Em todo esse imbróglio, a pronta reação da diplomacia brasileira, que convocou o Conselho de Segurança da ONU com vistas a evitar a escalada conflito e entabular urgentes negociações de paz, merece o aplauso de todos.
13. Como foi destacado na Nota das Bancadas do PT, o Brasil, país pacífico no qual as comunidades israelenses e árabes convivem de forma harmoniosa, apoia historicamente a chamada solução dos dois Estados para o conflito entre Israel e Palestina, pela qual ambos os países conviveriam dentro de fronteiras mutuamente acordadas e internacionalmente reconhecidas.
14. Nesse sentido, os direitos do povo palestino, que pairam acima das ações do Hamas, não podem continuar a ser ignorados.
15. Esse é o único caminho viável para a paz.
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